terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Qual será o sexo do futuro?

Qual será o sexo do futuro?
*Antonio Nunes de Souza

Embora pareça um absurdo essa pergunta, temos que nos basear nos estudos científicos que, através de pesquisas criteriosas, utilizando os métodos mais modernos e eficientes dentro da genética, chegaram à conclusão que daqui a alguns anos, toda humanidade será bissexual. Ou seja, o mundo será de uma passividade sexual tão amena e solidária que, “dar e receber”, se tornará uma atitude normal e bem aceita, apenas para celebrar com romantismo os encontros carnais, onde ninguém se preocupará com procriações ou sexos dos participantes.
Segundo o cientista italiano Umberto Veronesi, o homem está ficando cada vez mais feminino e as mulheres cada vez mais masculinas, os hormônios de ambos estão escassos e a procriação ficará com a fecundação artificial ou clonagem. Em suma: Transar passará a ser uma coisa enfadonha e sem graça, já que, com essa evolução, os órgãos genitais serão atrofiados, tendendo até a desaparecerem. O prazo dado pelo grande cientista é de, aproximadamente, cinqüenta anos.
Lógico que essas notícias que nos pegam de surpresa, principalmente aos mais velhos que aprenderam desde a infância que a maneira mais aprazível, normal e salutar de se procriar era dando uma “bimbada” (ou várias quando os espermatozóides eram moles), imaginar que transar se transformará em coisa da pré-história e filho se fará por encomenda nos laboratórios, e ainda por cima o absurdo de quer tomar no rabo vai fazer parte do dia-a-dia.
E quando perguntarem qual é o seu sexo, terá que dizer um nome que será criado, esquecendo-se completamente das definições existentes, pois a maioria será considerada pejorativa para muitos.
Certamente, como o brasileiro é rico em neologismos, deverá haver um concurso nacional para rotular a nova classificação sexual, sem precisar imitar os nomes estrangeiros que por certo aparecerão.
Não posso dizer que não estou estarrecido e perplexo com tamanha descoberta, já que o considerado terceiro sexo vem crescendo de uma maneira vertiginosa, causando curiosidades de experiências nos mais ardorosos machões. Tenho visto homens verdadeiros cafajestes, mulherengos, casados e rufiões respeitados, nas suas longas noites de farras e bebidas, aproveitarem para saber o sabor desse prazer (?) e, por incrível que possa parecer, levantam a bandeira e, orgulhosamente, dizem que jamais deixarão de praticar tal variação bundológica. Saem do armário sem o menor pudor, ainda por cima, julgando-se superiores.
Mulheres lindas, maravilhosas, desejadas por milhares de homens, casando abertamente com outras mulheres e vivendo com largos sorrisos de felicidade nos rostos, encarando os fatos com a maior naturalidade.
Porém, mesmo estarrecido com essa evolução, embora não tenha nem nunca tive curiosidades para experiências em tais áreas, jamais condenei os que aderem esse comportamento. Com essa premonição científica do estudioso italiano Veronesi, só posso achar que essas pessoas atuais praticantes, foram e são os precursores da mutação humana que será formada daqui a meio século.
Provavelmente já estarei morto quando for oficializada essa nova espécie, porém gostaria de alguma forma, colaborar sugerindo um nome para ser usado quando alguém for preencher um formulário, com a pergunta habitual do sexo: Gayranhão.
Esse sutil nome traduz com fidelidade, que é aquele ou aquela que dá e come sem a menor cerimônia. Inclusive com a respeitabilidade de demonstrar que se trata de alguém que pratica qualquer tipo de sexo com a mesma pujança.
Não sou contra a ciência, mas, juro por Deus, que adoraria ler no jornal uma outra notícia, mais ou menos assim: “Cientista português, ao fazer uma experiência genética em seu laboratório, errou na mistura e dosagem dos genes e dos hormônios, resultando no nascimento de um casal de gêmeos, sendo que o menino tem dois pintos com endurecimentos perenes e a menina com duas xoxotas”. Embora possa parecer uma anomalia, milhares de homens aplaudiram a acidental descoberta, desejarão imediatamente a fabricação em série e, por uma justa razão, o cientista desastrado será indicado para receber o Prêmio Nobel da Medicina”.
Acho que devemos apoiar a ciência, mesmo quando existe um erro, principalmente quando resulta na ampliação das nossas ferramentas de prazer.
Gritaríamos em um só coro: Viva o cientista Manoel Joaquim do Nascimento!
*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

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