sábado, 18 de dezembro de 2010

Judas meu herói, meu bandido!

Judas, meu herói, meu bandido!
*Antonio Nunes de Souza

Nada melhor que o tempo e a história, para dar luz às verdades desse mundo de meu Deus!
Deixaram-me durante toda vida, execrar sem piedade, a figura do apóstolo Judas, passando-me uma imagem de traidor, perverso, alcagüete sacrílego que, sem dó nem piedade, ainda usou de um beijo, gesto dos mais carinhosos, para entregar Jesus de Nazaré aos seus inimigos. Aliás, não só comigo que fizeram isso, mas com toda humanidade cristã.
Ontem fui surpreendido com a notícia da descoberta de documentos comprovadamente reais, onde constata que, nosso grande Judas, apenas cumpriu ordens do seu Mestre, no sentido de entregá-lo as autoridades romanas, provavelmente para testar o seu poderio perante o povo, provar sua contestada santidade e. em seguida, desencarnar-se.
Infelizmente, como o povo, desde aquele tempo, adorava prestigiar ladrões, na hora em que Pilatos lavou as mãos se isentando de ser o juiz, o povo, na sua sabedoria milenar de prestigiar corruptores e corruptos, sem pestanejar, escolheram a liberdade de Barrabás, famoso ladrão regional, e optaram para o sacrifício de Jesus Cristo.
A essa altura, pelos boatos sem nenhuma comprovação, somente pelas evidências, condenaram moralmente o pobre do Judas, que naquela época não contava com uma comissão de código de ética. Envergonhado e para não ser linchado em praça pública, preferiu suicidar-se por enforcamento (Me fez lembrar agora do caso Wladimir Herzog, que a história provou, documentalmente, que foi assassinado brutalmente pelo golpe militar de 64). Imagino até que, se continuarem na busca de outros papiros, possam descobrir que a turma da oposição tenha enforcado nosso fiel e heróico apóstolo, deixando indícios de suicídio, para como sempre, enganar a pobre humanidade.
É lamentável que a história seja sempre escrita de uma maneira errada, direcionando o povo para o abismo, através dos ferozes lobos travestidos de bondosas ovelhas. Sempre procuram alguém para sacrificar, deixar transparecer que são os donos da verdade e defensores do ser humano. E, depois das vitórias, esse mesmo iludido povo, é agraciado com pão, circo e lutas greco-romanas (essa técnica romana hoje modernizada usa-se bebidas, trios elétricos e brigas das galeras).
Vamos abrir os nossos olhos, procurar analisar com mais cuidados todas as notícias que chegam aos nossos olhos e ouvidos, para que não atravessemos a vida vivenciando as verdades que nos são impostas, muitas vezes baseadas em escabrosas mentiras.
Ao fiel apóstolo Judas, peço minhas mais sinceras desculpas, esperando que a humanidade preste-lhe uma grande homenagem pelo homem que foi, preferindo a morte a ter que ajoelhar-se perante a hipocrisia dos poderosos.

*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

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