quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Meu S. João no interior!

Meu S. João no interior!
Antonio Nunes de Souza*

Não sou de fazer planos nem projetos em minha trajetória de vida, mas, desta feita, não sei por que cargas d’água passei a arquitetar, detalhadamente, o que iria fazer no meu S. João no interior.
Convidado que fui para ir para as bandas do sul do estado, depois de certa relutância senti que seria uma boa pedida e, ainda mais que o convite veio de uma mulher bastante interessante, bem informada, inteligente e bonita. Então... recusar tal chamamento seria estar dando o atestado de débil mental, ou pior ainda, de velho caquético já não mais dado aos bons prazeres da vida.
Como virginiano de boa estirpe, coloquei na mente como procederia e, conseqüentemente, como as coisas deveriam acontecer para me encher de alegrias e prazeres juninos.
Reservarei um bom hotel não muito no centro da cidade, para que seja discreto e a entrada da minha namorada seja sem problemas, procurando zelar pela sua imagem na localidade. Essa parte é importante e vital, pois, depois de um forró com muita esfregação, se não terminarmos o serviço na cama é mesmo que ter a alegria de comprar um sorvete, ir desembalando com água na boca e ele cair no chão. Tenho o maior cuidado com esse fim de noite ou raiar do dia, que reputo como a mais gostosa do nosso teatro da vida. Todos os dias o último ato tem que terminar com o ato! E, para representar a encenação dessa peça, venho treinando por dezenas de anos. Se for no escuro eu faço em Braille, se for no silêncio em faço em libra. Mas, nunca deixo a platéia na mão!
Lá chegando, depois de me instalar no dito hotel, telefono logo para minha querida companhia e, sem delongas, marcamos logo para nos encontramos e traçarmos como serão nossas aventuras juninas e amorosas. Obviamente, imagino que ela esteja eufórica e também desejosa como eu, para desfrutarmos dos dias e noites festivos, ocasião que soltaremos nossos fogos, ela entrando com a rodinha e eu com o pistolão e, na fogueira dos calores dos nossos corpos, vamos fazer aparecer muitos balões multicores nas nuvens.
Depois de combinarmos nosso primeiro encontro, já que ainda não nos conhecemos pessoalmente, tomarei um bom banho e sairei cheio de expectativas para vê-la, supondo que ela também, já que nossos contatos foram apenas virtuais, muito embora bastante claros e elucidativos, deixando transparecer que temos muitas coisas em comum. Porém, não posso desprezar a idéia de que possa acontecer as coisas não baterem como premeditamos, uma vez que, pessoalmente, nem sempre é como imaginamos. Mas, se somente conversando e olhando nossas fotos a tesão fluiu, por que não haveria de fluir na ocasião do olho no olho? Não tem nenhum sentido pensar nessa hipótese. Mas... com essa vida louca que vivemos, tudo é possível!
Estarei indo amanhã pela manhã, tendo o maior cuidado com a estrada, bastante concentrado supondo que passarei um S. João que jamais esquecerei.
Na minha volta contarei se os meus planos deram certo e as coisas realmente ocorreram como deveriam, enchendo ambas as partes de prazeres e satisfações.
Viva S. João e seja o que Deus quiser!

*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

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