sábado, 18 de dezembro de 2010

Minha primeira noite!
*Antonio Nunes de Souza

-Lucinha, não lhe conto!
-Vá logo contando e deixe de suspense Sheila. Estou morrendo de curiosidade! Depois que você saiu não consegui nem dormir direito, imaginando como seria sua noite.
-Ah! Ah! Ah! Ah! Você não vai acreditar! Foi a coisa mais incrível que poderia acontecer, minha filha!
-Então bota tudo pra fora e não omita nadinha, nadinha. Quero saber todas as minúcias, minha filha, pois, quando aconteceu comigo eu não escondi de você nem um suspiro.
-Tá certo! Você é minha melhor amiga e não posso lhe esconder essa minha mais nova emoção, que protelei ao máximo, prometendo a mim mesma que só faria quando fosse a hora e a pessoa certa.
Assim que entrei no carro ele virou-se para mim e disse:
-Posso ir para um lugar que estou pensando?
-Claro! Você conhece os lugares interessantes da cidade e tenho certeza que também gostarei.
Ele me deu um beijinho, alisou o meu queixo e segui dirigindo sem dar uma palavra. Quando eu percebi que estávamos indo em direção ao S. Caetano, fiquei pensando que restaurante legal existia por lá para ele me levar para jantar. Mas, quando chegou no antigo Hiper messias, ele dobrou a direita e continuou seguindo, passou pelo Colégio Estadual, Espora de Ouro, Jaçanã, e aí comecei a suar as mãos, pois, embora jamais tivesse ido, sabia que naquele trecho ficava o Motel Carinhoso. E, como imaginei, ele olhou para mim, deu um sorriso, puxou o meu rosto e deu um beijo e um cheiro em meu pescoço, como se tivesse pedindo meu assentimento para parar e entrar. Dei um sorriso amarelo e calada fiquei. No seu entendimento, aquela minha reação era sinal de que eu estava gostando da surpresa.
Na verdade eu estava excitadíssima com o que estava começando a acontecer. Não uma excitação sexual, mas um misto de tensão nervosa, tesão, medo, curiosidade, insegurança, desejo, dúvida e mais uma infinidade de coisas que passava pela cabeça. Mas, mesmo com esse coquetel de coisas no juízo, minha vontade de ir para cama pela primeira vez com um homem, estava definida que seria naquela noite. Apenas, a surpresa do imediatismo dele, quase me colocou em pânico. Imaginei que iríamos, jantar, depois dançar um pouco em algum lugar e, no fim da noite, já animados, partiríamos para a verdade, fosse em que lugar fosse.
-Menina, você não ficou com medo não?
-Fiquei a porra toda que você imaginar, mas, o que mais fiquei foi com vontade de dar! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Na hora que o carro entrou e ele recebeu a chave e o porteiro falou: Apartamento 27, eu ri por dentro e disse pra mim mesma: Vai dar vermelho 27 na cabeça! E comecei a rir com meu pensamento besta.
-Alguma coisa meu bem?
-Nada Lúcio. É que me lembrei de uma coisa engraçada, mas não tem nenhuma relação conosco, foi um fato que aconteceu na escola.
Ele dirigia naquele labirinto desconhecido para mim, mas parecia ser um Fernando Alonso nas curvas fechadas, como se fosse um profundo conhecedor do circuito. Enfiou o carro no Box e imaginei logo que quem iria receber a mangueira e sair abastecida era eu e não o carro.
Ele saltou, abriu a porta para mim, eu saltei super tremula, mas sem dar bandeira, querendo demonstrar segurança, embora ele soubesse que aquela era minha primeira experiência.
O apartamento estava todo arrumado, relativamente espaçoso e havia uma pequena piscina. Apenas dava para sentir no ar um cheiro desagradável de mofo misturado com desodorante ambiental, que tirava um pouco o romantismo. Eu permanecia passiva sem saber realmente o que fazer, ficando a espera de suas reações para seguir os meus e os seus instintos.
Ele ligou o ar condicionado, a música ambiente, me pegou pela cintura e começamos a dançar bem agarradinhos a meia luz. Entre esfregações e beijos, sem que nada disséssemos um ao outro ele parou, pegou o telefone e solicitou que mandassem um Champanhe. Eu fiquei logo assustada imaginando o garçom entrar e me ver. Mas, depois percebi que tem uma janelinha onde são colocadas as coisas, sem perturbar a privacidade.
Começamos a beber e, aos poucos, ele foi tirando minha roupa e eu, seguindo os seus passos fui fazendo a mesma coisa, até que ficamos completamente nus e continuamos dançando numa esfregação bem gostosa que eu estava vendo a hora de gozar ali mesmo em pé.
A essa altura eu já estava praticamente dominando o ambiente, parecendo que nada daquilo era novidade para mim. Mesmo dançando, fui levando ele para junto da cama e, com um leve empurrão, o joguei no colchão que estava forrado com um edredom e começamos a rolar de um lado para o outro, por cima, por baixo e em todas as posições que a cama permitia. Aí, comecei a sentir que ele estava suando muito e um tanto nervoso. Coloquei minha coxa entre suas pernas e percebi nitidamente qual era a razão do seu desespero: Seu pinto estava mais mole do que coração de mãe! Fiquei me esfregando com todo carinho para ver se conseguiria alguma reação, mas o danado parecia morto, porém, sem a rigidez cadavérica.
-Algum problema, Lú?
-Pô Sheila! Pensei tanto nessa noite e agora me acontece isso. Juro que é a primeira vez que isso me acontece. Acho que é a emoção de estar aqui com você! Venho desejando há tanto tempo e agora passo essa vergonha e lhe decepciono.
-Não se preocupe meu bem. Tenho ouvido falar e já li a respeito que isso pode acontecer com qualquer pessoa, pois é uma questão emocional.
-Vamos pedir um jantar pra nós, pelo menos para compensar esse desastre.
-Tá legal! Peça alguma coisa e eu vou tomar um banho enquanto chega, você descanse a cabeça um pouco e, quem sabe, não muda tudo e pode ser que seu caso seja fome. Falei sorrindo, querendo quebrar a tensão que seu olhar transmitia.
Entrei no banheiro, fechei a porta e, sinceramente, fui logo me masturbar, pois estava com um tesão incrível, toda molhadinha e não iria sair com aquele zero a zero filho da puta. Gozei gostoso embaixo do chuveiro bem quentinho, satisfazendo pelo menos em parte, o que tinha programado fazer naquela noite.
Quando saí, enrolada na toalha, pois aquela altura não havia mais vergonhas nem pudores, a comida já havia chegado, nos sentamos em uma pequena mesa e começamos a comer. Ele evitava olhar-me nos olhos, deixando claro que estava morrendo de vergonha. Eu, para deixa-lo mais à vontade, puxei várias outras conversas e também pouco o olhava de frente.
Acabamos de jantar, esperei um pouco para ver qual seria a reação dele, com relação a novamente deitarmos e tentarmos alguma coisa, mas, infelizmente, o que ele disse foi: Meu bem vista a roupa e vamos embora. Quero sair daqui para esquecer essa noite de decepção. Mas, você sabe que foi uma casualidade, pois quando nos beijamos sempre, você percebe a minha reação.
-Claro! Deixe de ser bobo que, embora com 16 anos, eu sei perfeitamente que essa situação independe de idade. E não é por você ter 35 anos, que já não corresponde sua masculinidade. E, para completar, disse sorrindo: Isso acontece até com a nobreza inglesa, como dizem no popular.
Saímos, entramos no carro, trocamos poucas palavras e, na saída, ele olhou pra mim com aquela cara de cão sem dono e implorou com a maior meiguice: Oh, meu bem, por favor, não conte isso pra ninguém não, senão eu vou morrer de vergonha. Você promete?
-Com certeza! Fique tranqüilo, pois para mim nada existiu de excepcional. Foi apenas um acidente de percurso.
Nos beijamos e eu saltei do carro, dirigindo-me para dentro de casa, carregando entre as pernas o meu sortudo cabaço, que ainda terá alguns dias de sobrevivência.
-Meu Deus! Eu nem acredito Sheila! Aquele homão todo brochar na hora H?
-Pois é minha filha. Mas, da próxima vez se ele falhar, será deletado da minha vida para sempre sem dó nem piedade.
-Olhe Lucinha, que esse segredo fique entre nós. Combinado?
-Fique tranqüila, minha amiga. Somente eu vou ter cuidado, para na hora que me encontrar com ele não cair na risada.
*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)

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