quarta-feira, 31 de março de 2021

GRANDE BOMBA NO PLANALTO!

 

Antonio Nunes de Souza*

Uma notícia de primeiríssima mão, que um grande amigo do planalto me passou, enviando inclusive uma cópia do discurso do nosso presidente, pedindo o maior sigilo. Mas, como não sou baú para guardar segredo, vou transcrever, literalmente, para vocês essa bomba, que nem a Globo e nenhuma mídia conseguiu obter!

Em primeiríssima mão, vejam a cópia do discurso do Presidente Jair Messias Bolsonaro:

Meu querido povo brasileiro,

Reconheço e agradeço muito aos meus queridos eleitores que, com boa fé, votaram, expressivamente, em mim, com a esperança que eu faria um governo diferenciado, acabando com as mazelas e corrupções existentes em nossa nação, transformando o Brasil num país dos sonhos!

Mas, infelizmente, tenho que reconhecer e confessar que é uma incumbência bastante difícil. Imagine vocês que, por mais que me esforçasse, não consegui acabar com as coisas erradas em minha casa. Meus próprios quatro filhos estão indiciados pela Federal por corrupção, lavagem de dinheiro, vendas e compras escusas de imóveis, fake news e, até meu Jairzinho caçula, a Federal está no seu encalço, por operações com tráfego de influência!

Pensem vocês o meu sofrimento com esses meninos queimando meu filme, deixando-me com cara de idiota perante a população. Já não aguento ter que “blindar” suas justas condenações!

Na área da saúde, que já coloquei quatro ministros diferentes, porém, os dois primeiros não quiseram fazer o que eu determinava e se demitiram. Então, procurei um que seria do meu agrado e submisso, colocando-o no Ministério. Aí, seguindo as minhas determinações ao pé da letra, tornamos a saúde em um tremendo desastre: sem vacinas, sem medicamentos, oxigênio, UTIs, pois, o medicamento que comprei por milhares de dólares, não servem para combater a endemia. Joguei dinheiro fora e, para não dar o braço a torcer, praticamente, obriguei a fazerem o tal do “tratamento precoce”, resultando em milhares de óbitos e desmoralização nacional e internacional!

Para ver se melhorava a situação calamitosa, coloquei outro Ministro da saúde, ficando com dois, que na verdade não valia um. Resolvi dispensar um e ficar com o último, que é amicíssimo de meu filho Flávio. O pior é que continua a mesma crise, pois, ele entende muito de coração e o vírus é de pulmão. E não está seguindo minha linha, mudando minhas determinações. Estou calado, sentindo minha fraqueza com povo, agora minha maior preocupação é comprar vacinas e também fabricar aqui no Brasil!

Estou fazendo todas essas confissões, para provar que sou sincero e reconheço as minhas fraquezas, muito embora vocês tem que reconhecer que essa virose não só me massacrou, como também o mundo todo!

Já que falei nos estragos da virose, vale dizer que foi aí que a vaca foi para o brejo. Eu, em princípio, achei que era uma “gripezinha”, continuei debochando, criticando as grandes atenções de cuidados, fui até de encontro a Organização Mundial da Saúde e todos os cientistas, além de ser totalmente contra o “lockdown”, recomendando por diversas vezes que tudo funcionasse normalmente e que deixassem de mi mi mi e choradeiras. Não comprei as vacinas há um ano atrás, não consegui com meu ministro de fachada administrar a endemia, deixamos faltar oxigênio, leitos de UTI, medicamentos, kits de intubação, máscaras adequadas para a situação e compramos milhares de máscaras inadequadas. Criei aglomerações em centenas de ocasiões, inclusive carregando crianças sem estar usando máscara. E ainda meu filho Eduardo, gravou um vídeo criticando o uso das máscaras e colocou nas redes!

Infantilmente, briguei com toda imprensa nacional e internacional, Supremo Tribunal, governadores, prefeitos, OAB, deputados, senadores, prefeitos, etc., procedendo como se fosse um ditador, querendo de qualquer forma que somente me elogiassem e apoiassem as minhas ordens e desejos, não tendo humildade de respeitar a liberdade de impressa, olhar com carinho meus erros e procurar corrigi-los. Preferi ser agressivo, rústico, prepotente, procedendo sem classe e compostura de um chefe de Estado!

Na minha cabeça passou a ideia de que, já que foi eleito, poderia fazer o que quisesse. E, para facilitar minhas pretensões, coloquei logo um bocado de militares da ativa e reformados em cargos chaves, para ter o apoio das forças armadas. Porém, foi um erra crasso, já que o povo ainda está escaldado com o golpe de 64 e os vinte e um anos de ditadura militar. Isso foi outra bobagem que fiz sem pensar. Porém, tentando consertar a situação e preparar um golpe de misericórdia, exonerei meia dúzia de Ministros militares e terminei criando uma grande divisão de apoios. Me enfraqueci quando os três maiores da Marinha, Exército e Aeronáutica pediram demissão colocando os cargos a disposição!

Eu, mais que depressa, coloquei um Ministro da Defesa de minha amizade e segue minha cartilha. Mas, sinto que a coisa pode não vai dar certo. Pensei logo em colocar três substitutos que seguem a minha linha de comando!

Eu, durante a campanha, disse que ia acabar com o CENTRÃO, terminei fazendo um acordo com eles, e parece que já estou me queimando, mesmo distribuindo cargos e verbas para eles!!

Hoje, completamente apavorado com os absurdos óbitos que estão ocorrendo diariamente, batendo o recorde mundial, toda população e a mídia me cobrando resultados imediatos, sinto-me completamente sem condições de coordenar a administração do país, sinto estar perdendo as forças tanto na câmara como no senado, que consegui colocar pessoas minhas como presidentes. Mas, para ter poderes absolutos de ditador, que era minha pretensão íntima, teria que também manobrar o Supremo Tribunal. Aí, verdadeiramente, foi difícil e está sendo. Por mais que fizesse campanha para denegrir o Supremo, nada consegui, principalmente, pelos meus erros cometido antes, não só com a virose, como também com a educação, combustíveis, inflação, prepotência, nenhuma obra expressiva, brigas e desavenças em todas as áreas, etc., assim como, me preocupei muitíssimo com a reeleição desde o início do meu mandato. E agora, com a possibilidade de concorrer com Lula, Ciro Gomes, João Dórea, Huck, etc., sinto minha chance bastante remota de vencer. Fora alguns outros que podem me tomar vários votos. O sapeca do Moro é um deles!  

Depois desse depoimento sincero, honesto e verdadeiro, peço desculpas por não ter sido o que o povo esperava e, honrosamente, aviso que “renunciarei a presidência” amanhã e não me candidatarei a mais nada na vida!

Peço perdão a nação brasileira por ter decepcionado e, ao mesmo tempo, que perdoem meus queridos filhos.

Plagiando Jesus eu digo: “Perdoem, eles não sabem o que fazem!”

Jair Messias Bolsonaro

OBS. “Parem de bater palmas e sorrir de alegria, pois, infelizmente, tudo isso é PRIMEIRO DE ABRIL!”

*Escritor-Historiador-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-ntoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com

 

terça-feira, 30 de março de 2021

O PÔR DO SOL!

 

                                                                                           Antonio Nunes de Souza*

 Estava começando a cair à tarde e, sem fazer nada, fui para o porto da barra ver o lindo e maravilhoso pôr do sol. 

Não poderia ter escolhido um programa melhor, uma vez que, segundo os apreciadores do poente, o sol no porto se esconde com uma classe indescritível, fazendo os sonhadores, apaixonados, poetas, boas vidas e namorados, sonharem e partirem depois para fazer o que mais gostam!

Sentei-me em um lugar privilegiado, comecei a tomar uma água de coco geladinha e, sem nenhuma pressa e toda baianidade, passei a mirar o horizonte esperando que o rei dos céus, lentamente, começasse a se esconder, projetando aquele colorido que obscurece o mais belo dos arco-íris.

Como é normal, aos poucos foram surgindo outras pessoas, todos procurando lugares adequados e mais confortáveis, nas pedras que circundam o abandonado monumento ao descobrimento do Brasil.

O interessante é que todos chegam e se cumprimentam pelo menos com um sorriso, mas, aos poucos, as conversas vão surgindo e, em pouco tempo, os mais próximos já estão batendo o maior papo como se fossem velhos amigos. Sem bairrismo, essa característica só se vê na Bahia. Somos mais abertos do que a fronteira do Paraguai. Para o baiano não existe estranho, apenas alguém que você não teve oportunidade de um dia se encontrar. Com um encontro ele já diz: Fulano? É meu grande amigo, cara!

E, por esse normal comportamento, com menos de meia hora eu já estava conversando animadamente com Frederika, uma loura alta, esguia, bonita e inteligente. Ela era professora de história e estava fazendo pós-graduação. E, como eu também estou estudando licenciatura de história, essa conhecidência fez com que nossa conversa fosse mais interessante para os dois e ajudasse a nos entendermos melhor.

Aí, quando o sol começou a se pôr escondendo seu rosto nas águas do oceano, o horizonte deslumbrava com um mar vermelho de tons sobre tons, o céu parecia um quadro do famoso pintor holandês  Van Gogh, predominando milhares de pinceladas amarelas, entrelaçadas por outras vermelhas e laranjas, nos proporcionando uma cena deslumbrante, empolgando nosso corpo e espírito, deixando fluir em nossas mentes os desejos das realizações guardadas em nossos pensamentos, que sempre esperamos um dia concretizar.  

Sem que sentíssemos, já estávamos eu e Frederika de mãos dadas, nos acariciando com os dedos e pequenos apertos, como se estivéssemos hipnotizados pelo que descortinava em nossa frente.

A cada centímetro que o sol desaparecia, nos olhávamos trocando sorrisos e, aos poucos, já estávamos com os rostos colados deleitando aquele momento, que pra mim, tornou-se inesquecível.

Já escuro, sobrando apenas àquela mancha vermelha confundindo-se com algumas nuvens que teimavam em emoldurar o horizonte, nos levantamos abraçados e, sem dizer uma única palavra, nos beijamos longamente como se estivéssemos comemorando a linda morte do dia e o nascimento de uma bela noite!

Foi algo tão espontâneo e prazeroso, que nenhum dos dois se sentiu deslocados, ou que estavam fazendo algo que não devia. A simpatia conjunta foi tão natural e boa que, sem nenhum rodeio, nos dirigimos para nossos carros e combinamos nos encontrar a noite.

Foi, sem dúvida, uma noite maravilhosa! Amamos-nos com uma paixão devoradora de todas as maneiras, formas e posições, como se fosse algo que esperávamos acontecer em nossas vidas e, naquele dia, como uma dádiva, aconteceu.

Acordamos pela manhã com o sol entrando pela janela do quarto, nos despertando com um bom dia cheio de claridade!

Foi um momento lindo de minha vida, que tive o sol como testemunha no início e no fim dessa aventura que nunca mais se repetiu.

Pois, assim como ela apareceu, Frederika sumiu!

As vezes, quando me recordo, imagino que tudo não passou de um sonho.

 

*Escritor-Historiador-Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com

 

segunda-feira, 29 de março de 2021

DESFECHO INESPERADO!

 

Antonio Nunes de Souza*

Todos nós, não sei se são sonhos de crianças, ou desejos que afloram em nossas vidas, colocando vontades e aventuras estranhas na pauta de essencialidades nas realizações pessoais. A minha, sem nenhum sentido, na época com 26 anos, no ano de 2.000, com alguma independência graças ao meu modesto trabalho de soldador e uma pequena fortuna herdada do meu pai, resolvi então realizar o meu sonho, que era passar dois anos em uma tribo, preferencialmente no Xingu, morando, vivendo, cultivando hábitos e costumes, religiosamente, dentro dos padrões tribais, para que, quando retornasse, pudesse falar sobre essa fantástica experiência e, quem sabe, mesmo sem ser bom de literatura, escrever um livro para marcar eternamente essa minha aventura!

Aluguei a minha casa mobiliada a uma família conhecida, deixei as coisas todas em ordem e, mais que depressa, comprei uma passagem para Manaus, entrei em contato com a FUNAI, pois já tinha obtido o sinal verde para tal experiência. Fui excelentemente bem recebido, me apresentaram a um rapaz com características indígenas que seria o meu guia, levando-me a aldeia e entregando-me ao Cacique que seria responsável pela minha estadia durante a permanência dos dois anos solicitados. Marcamos para ele me apanhar pela manhã no hotel, ele me deu uma relação detalhada do que era essencial que levasse, nada que não estivesse nessa lista deveria ser conduzido, principalmente, qualquer tipo de arma, mesmo branca. Saí dali e fui direto para o comércio fazer as compras necessárias, voltei para o hotel numa expectativa das maiores, pois, naquele momento, estava realizando um grande sonho da minha vida. Mesmo tendo deixado minha querida Marina (minha noiva) que, não concordando, acabou acatando minha obsessão e determinação!

Saímos bem cedo, pois distanciava uns cento e setenta quilômetros da cidade a tribo que escolheram para me hospedar, já que solicitei uma com costumes bem rudimentares e que não fosse já contaminada com os hábitos urbanos e civilizados. Queria me senti em plena selva, mesmo não sendo Tarzan. Chegamos, fui recebido com danças e batuques, todos praticamente nus, o Cacique falava um português arrastado, mas, compreensível, me ofereceu logo uma bebida preparada por eles, o guia me deu sinal que aceitasse, e eu coloquei na boca a cuia de cabaça e bebi de vez. Rapaz que coisa ruim desgraçada! Chegou a travar na garganta, mas, como era uma espécie de drinque de boas-vindas, fui obrigado a sorrir e fazer uma cara de felicidade. A essa altura o guia se despediu dizendo-me que, qualquer coisa, eu poderia comunicar através do rádio da aldeia.

Me levaram para uma cabana enorme onde moravam famílias, solteiros, solteiras, crianças, etc., uma vez que não existia separações entre sexos, idades, guerreiros ou velhos. Era, como percebi, uma comunidade sem preconceitos, ou discriminação. Ali se dormia, cozinhavam, comiam, tinham relações sexuais abertamente, todos tendo suas liberdades sem controles patriarcais, ou matriarcais, nem se preocupavam com o que os outros estavam pensando sobre seus comportamentos. Algo que estranhei bastante, em função de ter sido criado dentro de uma sociedade cheia de pecados e condenações, camufladas com redomas de hipocrisias!

Armei a rede que havia comprado e depois de tomar um banho no rio que passava no fundo, de calção segui para meu aconchego para dormir, já que escurecia e eles não tinham hábito de ver TVs e nem tinham parabólicas. Quando já estava cochilando, veio uma velha índia e, nua, deitou ao meu lado, olhando-me sorrindo, e sem a mínima cautela, alisando o meu corpo em todas as partes, talvez pela curiosidade, pois sou louro, olhos azuis e uma pele bem clara. Juro que fiquei sem ação, mas, não pude me conter e, sem pestanejar, comi a índia sem dó nem piedade, apenas lamentando não ter sida uma daquelas bem jovens que tinha visto horas antes. Mas, para uma primeira noite, nada podia reclamar enquanto não me entrosasse e dominasse os costumes tribais. Logicamente, minhas intenções nunca foram de usar sexualmente a inocência indígena, aproveitando-me da situação. Esse ato, seguramente, nunca fez parte das minhas prerrogativas. Aconteceu apenas porque ela foi para minha rede e me excitou demais.

Nos levantamos pela manhã, fui tomar outro banho e vi a minha companhia noturna com mais cuidado, percebendo que não era um bagulho qualquer apesar da idade. Todos sorriam para mim, ela no seu dialeto falavam com as outras índias algumas coisas olhando para mim, todas sorriam simpáticas, me deixando tímido e escabreado. Tomamos café com batata doce, beiju de tapioca e aipim assado na brasa, claro que somente aos poucos eu estaria mais acostumado aos sabores, alguns picantes e outros completamente sem graça. O cacique mandou me chamar e fomos com um grupo que parecia, em princípio, que seria uma caçada. E era sim! Fomos caçar porco do mato, uma espécie de javali que segundo eles tinha uma carne bastante apetitosa. Eu ficava sempre na retaguarda, já que estava desarmado, pois, ainda não tinha tomado as minhas aulas de arco, flechas, lanças e zarabatana. Senti logo que não seria fácil encarar dois anos naquela vida rudimentar, já que sempre fui tipicamente urbano. Mas, já que estava ali, seja o que Deus quiser, uma vez que esse foi e era o meu desejo. Em alguns minutos de silêncio profundo, ouvi uma gritaria enorme e vi qual a razão. Haviam pegado e matado um enorme porco que, certamente, seria a alimentação de uns dois, ou três dias de toda aldeia. O cacique olhou para mim e disse que eu dei sorte, pois havia algum tempo que não pegavam uma caça tão grande. Sorri e, claro, me enchi de orgulho perante todos que gritavam alegres erguendo suas lanças em minha direção, num gesto que percebia-se ser de aclamação!

Ao chegarmos entre os gritos de alegria do restante da tribo, os homens foram logo destrinchar o animal, entregando-o para as mulheres temperarem e levarem ao fogo para uma refeição mais que merecida. Fui ao rio, limpo e transparente, tomar mais um banho em função do calor e da caminhada na caçada. As crianças e muitas índias adolescentes sempre estavam me seguindo, sorrindo e pegando em meus cabelos, braços, pernas, etc., sempre com a curiosidade de saber como eu era sem o meu calção. Mas, eu ainda escabreado, não tirava, fazendo não entender o que eles estavam querendo. Dentro d’água era uma agonia, pois eles e elas mergulhavam e pegavam em meu sexo como se fosse uma brincadeira comum e, pela minha malícia de civilizado (?) terminei me excitando dado aos meus 26 anos, idade onde nossa tesão está mais que competente, Procurei esconder essa reação, mas, elas perceberam logo (as mocinhas lindas e quase mulheres) e, sem nenhuma cerimônia, se esfregavam nas mais diversas posições, deixando espelhar os seus mais ardentes desejos, sem que a pratica do sexo fosse algum pecado, ou coisa feia e condenável. Comecei a sentir que a nossa sociedade estava, nessa área, muitos e muitos anos atrás, já que até os dias de hoje tratam o sexo como algo impuro e que deve ser apenas para a procriação, não aproveitando-o como algo que proporciona momentos deliciosos e é uma necessidade fisiológica normal como comer, respirar, beber água, dormir, urinar, etc. Percebi que nessa vertente, nós é que ainda éramos selvagens, tolos e hipócritas, não aproveitando tal satisfação que é uma dádiva divina. Embora ninguém estava preocupado em me olhar, ver minhas reações, procurei ser cauteloso e ir me segurando, até me enturmar mais e saber como proceder sem sair dos trilhos, fazendo alguma bobagem condenável. Vesti uma bermuda, fui até a cabana principal no centro da aldeia, ver de perto a preparação do enorme porco que deveria pesar uns 300 quilos, sendo que uma parte já estava indo para um defumador, outra sendo salgada, e outra parte, juntamente com as vísceras, estavam no fogo em um panelaço, provavelmente o que serviria como um precioso almoço comemorativo da nossa vitoriosa caçada! Sempre, em todos os momentos, todos me olhavam com sorrisos bonitos e alegres, onde eu podia sentir a grande satisfação da minha visita e a confiabilidade de estar morando com eles. Isso me dava uma satisfação íntima e fazia com que eu gostasse de ver de perto a pureza humana que, infelizmente, desconheci durante minha vivência de anos na cidade.

Obedecendo uma espécie de sino tocado pelas mulheres, os homens, principalmente os considerados guerreiros, saíram de suas tendas e vieram para o centro, onde várias gamelas estavam cheias de carne, outras com farinha e arroz e, sem a necessidade de talheres, todos metiam suas mãos e levavam a boca a iguaria que, ao que parecia, estava deliciosa. E estava mesmo, mesmo eu tendo certa relutância em comer com as mãos, mas...tive que dançar conforme o ritmo e o costume. Comi medianamente, porém, o satisfatório, deixando-me tranquilo para conversar um pouco com o cacique que, prontificou-se a ficar as minhas ordens, ensinando como proceder dentro da tribo, sem quebrar as regras de comportamento. Já que ele estava aberto ao diálogo, fui logo no fato que estava mais curioso com relação ao assédio das mulheres com relação ao sexo, sem a maneira pecaminosa existente nas cidades. Ele prontamente me explicou que o sexo era algo divino que deveria ser cultivado com liberdade e sem culpas, pois, se fosse algo condenável, não seria criado pelos Deuses e nem tão pouco seria um ato tão simples. A tola culpa não estava nunca no ato em si, somente na cabeça dos tolos e maliciosos é que existia tal condenação e malícia. Compreendi que era uma verdade, dando-me uma maior tranquilidade, quando houvesse outras oportunidades que, por certo, aconteceriam. Ele disse-me, assim como eu, as mulheres também poderiam se achegar em suas redes e dormir sem precisar que aconteçam casamentos. Pois, depois que se casavam, suas mulheres eram somente dos seus maridos e elas jamais teriam sexo com outros a não ser em ocasiões especiais, atendendo uma solicitação do seu conjugue. Fiquei tranquilo, feliz e já apto para enfrentar esse gostoso e salutar costume, sem a timidez da minha noite anterior, pois a minha parceira da noite anterior nem parecia que tinha tido algo comigo, a não ser o seu sorriso, mas, todos sorriam para mim, com ou sem razões aparentes. Lógico imaginei que a noite alguém se achegaria em minha rede e, maravilhosamente, o coro ia comer solto e com mais desenvoltura. E não deu outra. A noite veio uma indiazinha com seus 18 a 19 anos, bonita, corpo lindo, peitinho arrebitados, pernas grossas e bundinha empinada, deitou-se ao meu lado e, com os peculiares sorrisos, deixava transparecer os seus ávidos desejos. Agradeci aos Deuses e, sem nem pestanejar, começamos um vai e vem gostoso na rede, que parecia que eu não estava na selva e sim no céu me glorificando! Depois de orgasmos continuados, relaxado e sonolento pensei: Se continuar assim, nunca mais volto para a civilização cheia de preconceitos e privações sem razões!

Pela manhã a mesma rotina: banho no rio, café e se reunir com o cacique para ver o que seria determinado como tarefas do dia. Minha parceira, mais que sorridente, me olhava com uma insistência tão grande que, pelo intumescimento dos seus peitinhos, percebia-se que ainda aflorava desejos naquele corpo. Não nego também não, pois, sentia o mesmo! Como a caça foi excelente, ficaríamos alguns dias na aldeia, fazendo outras coisas, já que os índios não costumam caçar, pescar ou colher frutos que não sejam apenas para suas alimentações diárias, sem a preocupação normal do homem da cidade que, na sua ganância, quer logo matar todos os porcos, acabar com a fauna e a flora sem medir consequências futuras. Essa diferença, infelizmente, é uma demonstração de uma bruta usura e desejo de poderio pelo prazer do “ter”. Essa lição já me serviu de reflexão para, na minha volta, viver melhor, ser mais feliz e deixar de lado as ambições tão comuns entre as pessoas ditas civilizadas e superiores. Assim sendo, comecei as minhas aulas de destrezas com arco, flechas, bordunas, tacapes, lanças, armadilhas para caças, etc., uma série bastante longa de equipamentos que faziam de um índio um completo guerreiro para enfrentar a selva sem medo de ser feliz. Entrava pelo mato a dentro, mas, com um puto medo de cobras, que os índios as olhava com indiferença e não se preocupavam se seriam picados. Apenas evitavam ter contatos mais íntimos, ou manual. Eu, juro que me cagava de medo! Depois do longo dia de exercício e prática de destrezas, vibrava de felicidade esperando quem viria aquela nova noite para deleitar minha rede e abastecer o meu corpo e a minha alma. Era, sem dúvida nenhuma, uma sensação tão gloriosa que, por Deus, fiquei pensando como deveria ter vindo a mais tempo conhecer a vida desse povo sábio, inteligente, amável, humano, liberal e solidário!

O tempo foi passando, fui apenas duas vezes a cidade durante os primeiros seis meses que lá estava, apenas para comprar algumas coisas que precisava e, aproveitando, trazia sempre algumas lembranças para todos, principalmente para minhas queridas que, fogosamente, faziam as minhas noites se transformarem em verdadeiros sonhos dentro da realidade. Aí, sem que eu esperasse, algumas das minhas queridas amantes eventuais apareceram grávidas e, com muita alegria e satisfação agradeciam com danças e manifestações a felicidade de estarem esperando filhos que, provavelmente, segundo todos apontavam, seriam meus! E não estavam enganados e nem elas, pois, nasceram quase que em dias alternados durante um mês, seis criancinhas com características indígenas, mas, branquinhos e com olhos azuis amendoados, ou cabelos louros e lisos. Rapaz, não posso negar que tomei um puto susto, fiquei extasiado, mas, sinceramente, numa felicidade brilhante ao ver minha inesperada prole. A cada um que nascia, a tribo inteira fazia festas, eventos esportivos, me carregavam e me pintavam todo, já considerando-me como um irmão e como se já fosse um índio, uma vez que minha raiz estava implantada e representada pelos meus lindos e maravilhosos filhos, que nasciam semanalmente como se fosse uma programação médica.

Àquela altura já tinha subsídios bastante sobre a sobrevivência na selva, podendo até voltar para a cidade com bastante conhecimento da vida tribal no Xingu, mas, como voltar e deixar meus lindos pimpolhos longe de mim? Impossível seria trazê-los comigo, pois não seria permitido e seria uma grande ingratidão com o Cacique e, principalmente, com as mulheres que dedicam um amor incalculável aos seus filhos. Então...depois de pensar e repensar, fazer centenas de reflexões, juntar meus filhotes na minha rede e balançar para que eles dormissem, tomei a decisão que ficaria por tempo indeterminado, passando a ter o cuidado de escolher uma das mulheres para ser minha esposa, criar meus filhos e, com a alegria de quem passou a entender os comportamentos e hábitos tribais, desfrutar desse desfecho inesperado!

Fui a cidade, liguei para um primo e solicitei que falasse com meu advogado, que já tinha minha procuração, para vender todos meus bens e mandar o numerário para Manaus. Quanto a Marina, contei o ocorrido, pedi desculpas e perdão pelo ocorrido, desejando-lhe tudo de bom e colocando-me as ordens! Simplesmente, foi um acidente de percurso inesperado!

Hoje, com 45 anos, meus queridos filhos, fortes e sadios estão com 18 anos e, com a educação que lhes proporcionei, a implantação de uma escola na comunidade, chegou a hora de manda-los para a universidade, mas, não só eles como eu, fizemos um trato que, assim que se formassem, voltariam para servir ao “nosso” povo, pois estaríamos todos de braços abertos esperando esse brilhante regresso!

Toda tribo em festa, tambores rufavam, danças nas suas roupas coloridas e a grande maioria ainda quase nus, externavam suas alegrias de ver seus seis guerreiros partirem para buscar conhecimentos em favor de seus ascendentes e familiares.

Eu olhava com os olhos lacrimejando, mas, muito feliz, dando adeus a minha linda e maravilhosa prole!

*Escritor–Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL–   antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com