Como é difícil dirigir na Bahia!
*Antonio Nunes de Souza
Resolvi passear em Salvador aproveitando um feriadão de quatro dias, imaginando que seria uma maravilha. Mas, mesmo com minha experiência de dirigir em São Paulo, logo na chegada, fiquei totalmente perdido em função da pouca sinalização para os turistas menos avisados.
Comecei a rodar em torno do mesmo lugar, todos buzinando atrás de mim, minha mulher preocupada e eu com receio de uma batida, que por certo, acabaria com meu programado passeio soteropolitano.
Cansado e já um pouco nervoso com a situação depois de ter guiado o carro por doze horas seguidas, resolvi parar para pedir informações, na certeza que logo encontraria o hotel que reservamos.
-Moço, por favor, me dê uma informação. Acabo de chegar de Sampa e não estou conseguindo encontrar o caminho para o Hotel da Bahia. O senhor poderia me orientar?
-Claro! É facílimo e com a explicação que darei, com certeza o senhor não errara de jeito nenhum.
Com a observação que ele fez e a maneira enfática de que era “facílimo”, dei um suspiro de alegria, logicamente, com a convicção de que meu problema havia acabado.
-O senhor está na Av. ACM. Seguindo sempre em frente o senhor vai ver o Viaduto Luiz Eduardo Magalhães, mas não suba. Dobre a direita e vai deparar na Praça Luiz Eduardo Magalhães. Pegue a direita que é a Alameda Luiz Eduardo Magalhães e preste atenção que o senhor vai passar bem em frente ao Colégio Luiz Eduardo Magalhães e, seguindo em frente, siga a placa de sinalização bem grande no alto, indicando que está indo para o monumento Luiz Eduardo Magalhães. Continue e dobre a esquerda na Biblioteca Luiz Eduardo Magalhães, pegue a Av. ACM Neto sempre pela esquerda até chegar ao Posto de Saúde Luiz Eduardo Magalhães. O senhor se deparará com três vias distintas, mas não siga a esquerda que o senhor vai dar no Centro de Convenções Luiz Eduardo Magalhães, em frente é a Creche Luiz Eduardo Magalhães, indo pela direita chegará ao Campo Grande onde ACM morou por muitos anos, aí verá o Hotel da Bahia na esquina. Não é fácil?
Nessa altura eu já estava completamente tonto sem entender merda nenhuma. Minha mulher tremia de raiva, agradeci a grande gentileza do baiano, arranquei o carro em disparada e, na primeira agencia aérea que passei, encostei o carro e entrei já irritadíssimo.
Peguei o celular e liguei para uma transportadora/cegonha combinando para pegar o meu carro e levá-lo para S. Paulo e voltaria imediatamente de avião para casa, cancelando esse complicado passeio.
Dirigi-me a moça da TAM e perguntei qual era o primeiro vôo direto para Sampa.
-Nós temos um para as 18h00min horas e tenho dois lugares ainda. O senhor quer ou prefere ir amanhã cedo?
-Não! Vou hoje mesmo! Tenho ainda quatro horas e é o tempo que a transportadora vem aqui pegar o meu carro.
A moça tirou os bilhetes e me entregou dizendo:
-O embarque é as 18:00 hs. , mas o senhor terá que estar uma hora antes no Aeroporto Luiz Eduardo Magalhães para garantir os seus lugares.
Ao ouvir isso minha mulher desmaiou espumando de raiva. A pobre moça assustada com a cena, olhou pra mim e disse: Pode ficar tranqüilo que vou ligar para o Hospital Luiz Eduardo Magalhães e eles vão mandar uma ambulância imediatamente.
Daí pra frente não vi mais nada, pois também desmaiei de desespero, só acordando horas depois no hospital, quando o médico me falou:
-Foi apenas uma indisposição. A companhia aérea mudou suas passagens para segunda-feira e vocês já podem aproveitar hoje à noite para visitar a Feira do Interior lá no Parque de Exposição Luiz Eduardo Magalhães.
Não precisa dizer que desmaiamos outra vez!
F I M
*Escritor (Vida Louca – ansouza_ba@hotmail.com)
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