Antonio Nunes de Souza*
Menino
do interior, desde a infância adorava brincar de picula, e por ser de estatura
menor que os outros, seus colegas maiores sempre se aproveitavam nos esconderijos,
colocando ele na frente e, sagazmente, ficavam encostados em sua bunda, se
excitavam e ele achava que aquilo era natural, devido aos lugares serem
apertados. Porém, com o tempo ele foi passando a gostar da coisa que,
sorrateiramente, quando alguém ficava na frente no esconderijo, ele dizia logo
para que passasse para trás, pois ele queria ver o pegador pelas gretas! Mas,
na verdade era que, assim que passava pra frente, encostava logo o “furico” nas
partes dos colegas, esfregando-se como se fosse para melhor acomodar-se, e com
isso se deliciava com seu grupo denominado “Turma dos Super Heróis”, mas ele se
sentia e dizia que era a Mulher Maravilha!
Aí,
a proporção que Ednaldo foi crescendo, já com sua afeição aos meninos, sem
nenhuma vergonha, passou a masturbar os colegas em troca de bolas de gudes,
chegando ao ponto até de dar a bunda em troca de gibis e figurinhas de álbum de
jogadores de futebol. Boquete só fazia no dinheiro ou passarinho, que ele
gostava de criar. Ficou cotadíssimo no grupo, já que satisfazia a turma, sempre
em troca de algo, sendo que algumas vezes, dava porque gostava e achava o
colega bonito. Mas, com toda essa vida mundana e aviadada, Ednaldo era um
estudante exemplar, todos se sentavam em volta dele nas provas e,
automaticamente, ele passava as letras corretas das questões, claro que em
troca de umas boas carícias à noite, atrás das árvores frondosas do condomínio!
Se as árvores falassem, com certeza diriam: Que menino que gosta de rola, benza
Deus, saravá meu Pai!
O
tempo passou, ele entrou para faculdade, formou-se em Ciências Sociais, fez
mestrado, lecionou em alguns colégios e faculdades, porém, nunca deixou de
sentar-se numa rola nos fins de semana. Dava a bunda na sexta, sábado e
domingo, e na segunda feira dizia com o maior orgulho: Fodi três dias seguidos!
Eu ouvia e pensava: Quem dá o cu não fodeu, foi fodido. Mas, eu nada dizia para
não ferir seu orgulho de grande fodião passivo!
Aconteceu
Ednaldo ganhar um carro no sorteio de um super mercado e, rapidamente, vendeu e
resolveu fazer o doutorado, partindo para Europa, precisamente para Portugal.
Foi uma viagem meio louca, às pressas, desorganizada e complicada, pois, já no
segundo mês que lá estava, viu-se sufocado, tendo que trabalhar para se manter
numa terra estranha!
Mas,
trabalhar num país que rejeita imigrantes, falta empregos até para os nativos
e, para os que lá aparecem, são explorados nos trabalhos e pagamentos
aviltantes. Com esses detalhes complicados, Ednaldo ficou aflito trabalhando
num restaurante, as vezes como garçom, outras lavando pratos e serviço de faxina,
em troca das refeições e uma graninha fraca, que nem dava para o básico. E foi
aí que Ednaldo resolveu dar uma guinada de 360 graus em sua vida portuguesa.
Deixou o cabelo crescer, colocou unhas postiças, silicone nos seios, comprou
fiado uns vestidos na loja de um brasileiro e, como num passe de mágica, passou
a chamar-se Dina Camões. E olhe que depois de maquiada, sapatos altos, ficou
uma morena gata, digna de representar o Brasil no além mar!
Daí
pra frente, ninguém mais segurou Dina Camões na vida noturna e, durante o dia,
pegava um tabuleiro, e se instalava na praça como Dina de Oxóssi ou Dina do
acarajé!
Com
esse novo e inusitado projeto, Dina hoje está bem de vida, arranjou um gajo africano
muito bem dotado, que, depois que ela chega do trottoir, o negão lhe dá umas
estocadas, que faz Dina ir ao polo norte e voltar, cheia de dores e prazeres!
Vale
dizer que Dina aprendeu a tocar violão e tomou aulas de canto. E para ampliar
suas atividades, está compondo alguns fados, para gravar com o nome de Dina
Pessoa. Inclusive Caetano musicou um poema de Fernando Pessoa, cujo refrão original
diz: “Navegar é preciso, viver não é preciso!” Então Dina modificou a letra e
passou a ser assim: “Dar a bunda é preciso, xoxota não é preciso!” E espera
fazer o maior sucesso!
Como
disse João Ubaldo: “VIVA O POVO BRASILEIRO!”
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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