Antonio Nunes de Souza*
Nervosa
e preocupada, terminei a prova, quer dizer: nem terminei, pois apenas consegui
responder a metade das perguntas, já que não tinha me preparado bem, para
concurso de escriturária do Banco do Brasil. Mas, ao me dirigir para a mesa do
supervisor para entregar, percebi que ele me olhou bastante e, sem que eu
soubesse a razão, pediu-me que se sentasse numa cadeira ao lado da sua mesa,
dizendo-me que iria olhar se eu tinha preenchido certo os dados pessoais. Como
desconheço esses detalhes, sentei-me e, estranhamente, ele pegou uma caneta e
começou a preencher as respostas que eu tinha deixado em branco e, ao mesmo
tempo, olhava-me com aquele olhar sacana, que nós mulheres conhecemos muito bem
quando querem nos comer. Logicamente, retribuía com pequenos sorrisos meio sem
graça, mas, numa puta felicidade, pois estava vendo que ele, logicamente por
interesse, estava me ajudando a conseguir a vaga para meu sonhado emprego. E
olhe que ele até corrigiu uns quatro itens que assinalei errados!
Depois
da sua atitude irregular visando compensações, falou baixinho para mim: Vou ver
o que faço pela sua prova, mas, como compensação, gostaria que você me
esperasse lá embaixo na recepção, para assim que terminem as entregas, que faltam
poucas e o horário acabará em quinze minutos, quero ter o prazer de tomar um
chope e comer uma pizza com você. Combinado?
-Como
é que eu podia dizer não? Eu além de estar nas mãos dele, meu emprego
assegurado, literalmente, estava em suas mãos. Assim sendo...apenas pensei:
Deus está no comando e deve estar querendo escrever certo pelas linhas tortas,
mostrando-me, que todo benefício custa algum sacrifício!
Desci
e em menos de vinte minutos, ele apareceu. -Oi Bianca, meu nome é Mendonça,
inspetor geral de concursos no Estado da Bahia, e moro em Salvador, mas, viajo
para todas cidades, coordenando as provas e os resultados. Lhe fiz esperar
muito?
-Nada
Seu Miranda, foi até rápido!
Ele
deu um sorriso e disse: Nada de seu Mirando, aqui somos amigos e quase colegas,
e amigos se tratam com simplicidades!
Saímos,
fomos ao estacionamento, eu já sabendo de cor e salteado o que iria acontecer,
porém, sentia-me super feliz, pois estava com o homem certo, para me ajudar a
conseguir minha melhoria de vida. E, logicamente, não iria bancar a idiota de fazer
charminho e continuar na merda, desempregada e passando necessidades!
Resumindo,
confesso que fomos à uma pizzaria, comemos e bebemos, batemos um longo papo, Mendonça
era um cara inteligente e divertido. Logo na saída, sem dizer absolutamente
nada, dirigiu-se a um bom motel, eu já de espírito preparado nem nervosa
estava. Entramos, fodemos gloriosamente, me desdobrei para agrada-lo ao máximo,
fiz tudo que ele tinha direito e, cada vez que gozava, me sentia sentada numa
carteira da agência do banco!
Depois
de três horas nessa aventura que tornou-se deliciosa, me levou pra minha casa
no Bairro Santo Antonio, se despediu, pois iria viajar na manhã seguinte.
Dei-lhe um beijo daqueles que a língua vira uma serpente de tanto se enrolar, e
entrei super alegre e cheia de esperanças!
Oito
dias depois, fui ao banco ver os resultado que, mesmo com o apoio de Mendonça,
estava tensa sem saber se tinha valido a pena a aventura amorosa. Quando fui ao
quadro olhar, tomei o maior susto, pois meu nome estava estampado em primeiro
Lugar: Bianca da silva. As lágrimas desceram de alegria, me lembrei de Mendonça
que, se ele aparecesse de novo, eu daria outra vez com mais tesão e dedicação.
O fato é que hoje já tenho um ano trabalhando na agência de Itabuna, ganhando
bem, tendo uma vida melhor, não perdi nenhum pedaço, senti prazer e, se foi um
erro, ele serviu para acertar minha vista por muitos e muitos anos. Eu que
fosse fazer “cu doce”, que estaria até hoje na merda, fazendo bicos para sobreviver!
Aproveitar oportunidades é uma ciência, só os idiotas não enxergam essa claríssima
realidade!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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