Antonio Nunes de Souza*
Seguindo
a rotina comercial, já completamente enraizada na vida das pessoas,
festivamente comemoraremos o lindo e maravilhoso “Dia das Crianças”!
Mas,
para isso, será lógico, justo e coerente, que rememoremos os eventos e festejos
do passado, fazendo um comparativo com a evolução dos dias hoje, talvez até
para que as atuais crianças, saibam da existência de alguns brinquedos, hoje
totalmente obsoletos, vivendo apenas nas mentes daqueles que, literalmente,
viveram uma deslumbrante, invejável e inesquecível vida de criança!
Apenas
para ilustração, se faz mister que citemos a deliciosa “picula ou esconde-esconde”,
que nos deliciava ao cair da noite antes de ir para cama, tendo que tomar um
bom banho frio, por estarmos molhados de suor. Falar da “amarelinha” dá água na
boca, pois, aquele pula-pula com um ou dois pés, nos deixava sempre saudáveis
pelos exercícios aplicados na brincadeira! Claro que não posso esquecer das
horas de jogar gudes coloridas, as vezes com discursões e pequenas brigas pelas
disputas. E poderia ter mais encantamento que brincar de roda? Impossível com
certeza! Todos adoravam a “rosa vermelha do bem querer”, “Eu sou pobre, pobre,
pobre demaré del si”. Com as bonecas as meninas brincavam de mãe, e ao mesmo
tempo com suas pequenas mobílias e equipamentos de cozinha, adoravam imaginar-se
fazendo comidas usando folhas ou algumas verduras. É impossível esquecer as
reuniões em volta dos maiores, para ouvir mirabolantes “estórias” de reis, príncipes
e princesas, não deixando de ter as de assombrações, dragões e monstros, que
nos deixavam de cabelos em pé e arrepiados, além de morrendo de medo na hora de
dormir com as luzes apagadas. Muitas vezes tinha de ficar acesa uma lâmpada,
ou, furtivamente, íamos para as camas dos pais durante a noite. Ah! Ia me
esquecendo do “quebra cabeças” que era terrível acertar as peças, até armar e
se sentir um herói inteligente e receber elogios!
E
todas essas peripécias maravilhosas, eram nas ruas, passeios e praças, que eram
iluminadas ou até escuras, porém nossa segurança era tamanha, que nossos pais
jamais se preocupavam com acidentes ou algo perigoso. No máximo o que acontecia
era uma topada ferindo dedão, ou uma raladura de uma queda na gangorra, armada
na árvore da praça pública ou nos quintais (acho que as crianças de hoje nem
sabe o que seja quintal). Tinham tantas outras coisas, que se eu for mencioná-las,
juro que chorarei de saudades!
Não
é, obviamente, para provocar inveja, pois, para as crianças de hoje, todas
essas coisas que citei, são brinquedos de trogloditas, do tempo de antanho,
coisas de museus, que eles não tem a mínima ideia do que sejam, já que suas
maiores distrações são seus celulares, jogando jogos idiotas de canhões
destruindo monstros, bandidos, corridas com desastres automobilísticos, lutas
de super heróis, e jamais sentirão a delícia de um domingo no parque, muitas
vezes sozinhos, sem perigos de serem assaltados ou molestados por tarados e
bandidos. Sair de casa e ir até a escola sozinho com sua pasta ou sacola, sem
precisar de alguém para policia-lo, ou uma van que lhe leve e traga, por causa
de assaltos possíveis e comuns!
Infelizmente,
também não tem a alegria e satisfação de todos os dias almoçar com seus pais a
mesa, servindo seu prato, e sua mãezinha em casa o dia todo fazendo merendas e
dando cuidados e carinhos. Os pais saem para trabalhar e os coitados ficam
sozinhos, ou com uma empregada, que geralmente não tem educação para dar, pois
nunca recebeu. Todo esse “progresso” é triste e lamentável, mas, os adultos,
mesmo com essas lembranças acima citadas, tenho certeza absoluta, que muitos se
sacrificarão para comprar um celular, se possível o mais sofisticado, para dar
aos seus filhotes, achando que estão fazendo um grande bem, ou, simplesmente,
para eles ficarem entretidos com os brinquedinhos da net, e deixar eles em paz
vendo seu futebol ou novela. Muitíssimo lamentável, pois o melhor seria presenteá-lo
com um bom livro proporcional à idade, criando-lhe um hábito de ler, pois, a literatura
é o maior caminho para os saberes, que, consequentemente, abrirão portas para
um bom promissor futuro!
Com
muito afeto e carinho, parabenizo todas crianças pelo seu dia e, ao mesmo
tempo, dou meus pêsames para os pais que, desleixadamente, não educam seus
filhos, achando erroneamente, que os professores é quem devem fazer!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna de
Letras!
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