Antonio Nunes de Souza*
Os
dias vão passando e, infelizmente, com as melhorias das tecnologias, os
bandidos cada vez aprimoram seus golpes contra o desprotegido povo brasileiro!
Mesmo
sem me identificar (vou usar um nome falso), já que a situação é delicada, resolvi
contar o que aconteceu comigo há um mês, quando estava saindo do Shopping Barra!
Sem
ter comprado nada, apenas lá fui para fazer um lanche e esperar o horário para
ir ao dentista. Quando me dirigia para o carro, senti em minhas costas algo
pontudo, e uma voz disse veementemente: Não se vire e me passe o celular e a
bolsa!
Sem
nenhuma ação e assustada com a surpresa, mesmo assim não titubeei e,
prontamente, por cima do ombro entreguei meu celular caríssimo e de ponta, que
acabara de ganhar do meu marido, e juntamente a bolsa. Depois de receber ele
disse que eu continuasse sem virar durante uns minutos. Claro que obedeci,
sentindo um brutal medo, pois, com qualquer reação eles atiram sem nenhuma
piedade!
Passados
uns minutos que não sei quantos, pois, parecia uma eternidade, me virei e não
vi ninguém. Abri o carro, me refiz do susto e segui para casa, nem indo mais ao
dentista, já que meu estado de espírito estava uma verdadeira merda!
Curioso
é que logo ao chegar em casa, mesmo antes de ligar para meu marido contando o
fato, meu telefone fixo toca insistentemente. Ao atender o homem falou: Boa
tarde Dora, aqui quem fala é o homem que pegou seu celular no Shopping,
lembra-se?
-Claro,
como poderia esquecer de tamanho absurdo, o senhor deveria ser preso e ainda
tem a ousadia de me telefonar!
-Tenha
calma e ouça o que vou dizer, que tudo ficará bem: Eu olhando suas fotos no
celular, vi que você é uma mulher linda e corpo bem torneado. Então, resolvi
fazer-lhe uma proposta, que é a seguinte: Você vem se encontrar comigo, “ficamos”,
e eu devolvo seu celular e a bolsa sem lhe fazer nenhum mal!
-Tomei
um terrível choque com a proposta. Gritei que ele me respeitasse, mas, ao mesmo
tempo me lembrei que além do celular que tinha custado mais de cinco mil reais,
tinha também as senhas bancárias minhas e de meu marido, e muitas outras
particularidades, telefones de meus amigos, informações profissionais e
sociais, enfim, tudo da minha vida!
Pensei
um pouco e quase tremendo falei: O senhor promete que não me fará nenhum mal, além
do que disse?
-Juro
madame por todos os santos. Eu não sou ladrão, faço alguns roubos apenas por
necessidade. Posso dizer que sou um assaltante eventual!
-Achei
até que ele era letrado, falava corretamente e com educação. Aí eu, corajosamente,
perguntei: Como devo fazer para encontra-lo? Já pensando em ligar para a
polícia para me seguir e prendê-lo!
-Primeiro
observe o seguinte: Se você falar com a polícia, eu posso ir preso, mas, meus
colegas poderão se vingar com você e sua família, pois somos solidários nesses
casos de traições!
-Ao
ouvir isso fiquei gelada e, mesmo sendo uma tragédia, resolvi continuar ouvindo
as instruções!
-A
senhora me pega na entrada do shopping, pois ainda estou aqui. Pare o carro na
porta da Loja Safira, que eu de longe verei se está sozinha, e irei ao seu
encontro, isso daqui a meia hora. Não demore por favor!
-Combinado.
Estarei aí dentro da hora marcada!
Ele
desligou o telefone, e eu fiquei numa tremenda dúvida se falava com meu marido,
se comunicava à polícia, ou se ia sem dizer nada a ninguém. Literalmente, uma
dúvida FDP. Mas, meu celular e as coisas que ele continha eram importantíssimas
para mim, inclusive, evitaria ele vender a algum bandido mais sagaz, e ele
saquear nossas contas e cartões de créditos!
Peguei
o carro e segui para o cruel destino. O trânsito lento por causa de uma chuva
fina, me preocupava com o horário! Mas, felizmente, cheguei na hora prevista,
parei na porta da loja mesmo em fila dupla, esperando o homem aparecer. Isso me
deixou tremendo de medo, por estar fazendo uma loucura! Aí com cinco minutos,
apareceu um homem alto, forte, moreno e até com uma aparência razoável. Abriu a
porta e disse: Muito prazer, meu nome é Fernando Caldas dona Dora!
-O
senhor acha que vou ter nenhum prazer em conhece-lo? Acho um grande cinismo da
sua parte. Me passe logo meu celular e a bolsa, por favor!
-Calma
Dora, siga para a Orla e no primeiro Motel que passar, você entra, que lodo
depois lhe entregarei seu celular sem ter mexido em nada da sua bolsa. Nem no
dinheiro que tem nela!
-Com
a maior raiva, segui suas instruções, entrei no Motel “Amor perdido”, que me
deu vontade até de rir pelo nome e minha situação. Fomos direto para o quarto,
eu morrendo de vergonha, mas, como tinha vindo para resolver a questão, fechei
as cortinas, escureci o quarto e, logo em seguida começamos as preliminares. Em
princípio eu estava super tensa, mas, com alguns momentos, comecei a gostar das
suas carícias, e, prontamente me soltei da melhor forma, transando loucamente com
Fernando, que demonstrou saber satisfazer com classe uma mulher na cama.
Tirando a raiva inicial que senti, o restante foi adorável, inesperado e me
deixou alegre e feliz, voltando para casa com meu celular querido, e deixei
Fernando onde ele pediu. Ao descer me agradeceu muito, e mandou eu ter cuidado
com ladrões. Eu até ri com essa observação. Felizmente, a única despesa que
tive foi o pagamento do motel. Minha bolsa estava como intocável!
-Voltei
para casa, achei que deveria guardar esse segredo com todos, acredito que já
aconteceu com muitas mulheres, e elas como eu, ficam caladas e felizes, por ter
resolvido o problema sem causar escândalo, além de uma experiência inesquecível!
Aí
depois que ler minha história, vai depender de você, se deve vacilar para ser
roubada, ou prefere ter o máximo cuidado!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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