Antonio Nunes de Souza*
Sempre
fui bonachão, divertido, gozador, fiz apenas dois anos de faculdade de
economia, e por essas razões, sempre vivi pulando de emprego em emprego, sem
nunca me fixar em nenhum. Namorava muito, mas, por curtição, sem jamais pensar
em casamento, não só pela grana curta, como também achava que me amarrar com
uma mulher dura e pobre “dé maré del si” era coisa de otário, e se foder para
sustentar a casa e ainda viver fiscalizado!
O
tempo foi passando, eu já com quarenta anos, levando minha vidinha tranquila,
trabalhando na época como caixa de banco, que dava para pagar o aluguel da
quitinete, o rango e alguns lazeres e prazeres, bastando apenas que eu fosse um
pouco comedido. Aí um dia chegou ao caixa uma senhora, de mais ou menos uns
sessenta anos ou um pouco mais, querendo abrir uma conta e fazer um deposito de
quatro milhões e fração. Tirou o cheque oficial da bolsa, peguei, vi que era do
governo, e mediante a quantidade, e ela não ter conta, mesmo com fila, falei
que fossem para outro caixa, e segui com ela para a gerência. Lá chegando,
mostrei o cheque ao gerente (que sempre verifica as autenticidades de valores
altos), pedi que ela sentasse, sentei-me do outro lado da carteira para
preparar seu cadastro, afim de abrir essa vultosa conta. Peguei seus documentos
e fui preenchendo, enquanto ela falava que seu marido tinha uma questão com o
governo da Bahia, em função de um terreno no centro, equivalente a 11.730
metros quadrados, que foi usado pelo governo indevidamente há vinte anos. Ele
entrou com uma questão, e já se passaram vinte e um anos e somente agora que
fui receber, meu marido já estando morto há seis anos. Agora, sem filhos, pois,
o único morreu num acidente de moto ainda jovem, estava meio aflita do que
fazer!
Depois
de ouvir essa história, parece que o capeta entrou na minha cabeça, pois, veio
logo a ideia de namorar com a velha, ela pela idade deveria ter pouco tempo de
vida, e eu poderia herdar aquela bolada!
Com
minha ideia macabra, cheio de mesuras, me ofereci para orienta-la no que fosse
preciso, e com minha experiência bancária ela poderia ter tranquilidade. Ela
ficou cheia de alegria, me agradeceu várias vezes e, a partir desse momento, eu
e Adriana passamos a ser bons e ótimos amigos. Ela não dava um peido sem que
não me avisasse, e sempre dizia: Não sei o que seria de mim Paulo, se não fosse
você!
Mas,
para amarrar a tal provável herança, o negócio teria que ter um relacionamento
mais sólido e afetivo. E foi aí que comecei ao me despedir dando beijinhos no
rosto, ir nas horas das refeições e me insinuar para ficar, e assim começamos
um namorico, ela era das bem antigas em termos de liberdades e libertinagens
pois era evangélica, e eu respeitava rigorosamente, trocando apenas uns beijos
e algumas modestas encostadas quando os beijos eram em pé!
Até
que um dia eu fui jantar, levei uma garrafa de vinho tinto, ela não bebia, mas,
como era uma noite agradável, resolveu tomar uma taça para brindar, que ternou-se
em outras, fazendo com que ela ficasse meio grogue, e cheia de seduções para
meu lado, terminando me puxando para o quarto, me empurrou na cama, e começou a
se despir, pedindo que eu fizesse o mesmo. Como era a oportunidade que esperava
para fixar de vez o relacionamento, prontamente tirei a roupa, nos deitamos
nus, estava um pouco escuro, pois na agonia dela, nem a luz acendeu, não pude
ver um detalhe que, logo depois, me deixou assustado: ela era super pentelhuda.
Parecia que estava usando uma peruca na xoxota, e sem perguntar se eu queria ou
não, puxou minha cabeça para seu ventre, botou minha boca na boceta, que parecia
um ninho de passarinho, pedindo com o maior frenesi: Beije e lamba meu querido
Paulo!
Numa
agonia filho da puta, deu vontade de me levantar e se picar, mas, quando me
lembrei do saldo dela no banco, não tive alternativa senão botar a língua pra
trabalhar, ela mexendo e me dando umas bocetadas, que eram amaciadas pelos
longos pentelhos, até que ela gozou e, logo em seguida adormeceu. Eu dei graças
a deus, já que estava enojado e puto da vida, já cheio de dúvidas sobre meu
plano. Mas, pensei que, já que temos alguma intimidade, que ela fizesse a barba
da velha xoxota!
Cheguei
em casa, tomei um bando, escovei os dentes, que estavam cheios de pentelhos
entranhados, que tive que usar fio dental para tira-los, pois, parecia que eu
tinha chupado manga espada, de tantos fiapos na dentadura!
Depois
dessa inesperada aventura, passei a dormir algumas vezes com ela, fazíamos um
papai mamãe suave, sempre evitando que ela me pedisse outra vez para fazer sexo
oral na sua floresta amazônica, que ela não aparava por ser uma promessa que
fez ao saudoso marido!
Mudei-me
para sua casa, deixei o banco, fazia investimentos em algumas áreas de
aplicações e ações, o dinheiro crescia, e ela felicíssima!
Até
que aconteceu o inesperado, quando numa minha ida a rua resolver algo, veio um
caminhão caçamba carregado de pedras, perdeu os freios e, atravessando a pista,
chocou-se na lateral do meu carro, fazendo que desse duas capotadas,
deixando-me ensanguentado, todo quebrado e preso nas ferragens!
Perdi
completamente os sentidos, e quando senti um mínimo de sinal de vida, estava
todo engessado, vários aparelhos ligados em mim, não abria os olhos, não
falava, porém, ouvia os ruídos e conversas, talvez, só estava ali presente o
meu pobre espírito. Foi quando ouvi o médico dizer para Adriana: Infelizmente,
tenho que lhe dizer que ele não terá mais que algumas horas de vida. Nada mais
podemos fazer, além das cirurgias feitas. Lamentamos muito, mas, pode
preparar-se que não haverá salvação!
Ouvi
o choro de Adriana, e ainda as últimas palavras que ouvi na vida: Pobre de meu
querido Paulo, um homem tão bom e me amava, já tinha feito meu testamento em
favor dele, e no dia o gerente do banco pediu e eu fiz um seguro de vida para
mim e para ele no valor de dois milhões! Ao ouvir isso, me deu um apagão, que,
com certeza, estava acabando de morrer ou desencarnar, sem ganhar porra nenhuma
e ainda aumentar em mais dois milhões na conta da pentelhuda Adriana!
É
bom que eu esclareça, que essa crônica eu apenas, num momento de concentração,
mesmo não sendo da área, devo ter psicografado esse caso inusitado, que me
deixa uma grande dúvida se aconteceu realmente aconteceu, ou foi uma criação
minha. Acho que morrerei na dúvida!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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