Antonio Nunes de Souza*
Dalva
fodia com as mãos na cabeça, mas, não era para não perder o juízo, pois isso
ela não tinha. Era para não assanhar os cabelos, já que era muito vaidosa, e
estava sempre bem maquiada e bem vestida para ir a qualquer evento por mais
requintado que fosse. Uma mulher previdente e pau pra toda obra, ou melhor dizendo:
uma obra pra todo pau. Já que nessa matéria, seguramente, ela era nota dez!
Não
faça cara de espanto, achando que sou exagerado, pois, assim como temos homens
verdadeiros garanhões, temos também mulheres tipo “machado ou moto-serra” que
não podem ver um pau em pé, que derruba. Era literalmente, uma seringueira, que
adorava tirar substância pegajosa dos paus!
Quando
a conheci, já tinha certa idade, era dona de um elegante puteiro, ainda
frequentado por coroas, que no passado foram seus amigos e amantes, que,
fielmente, iam tomar um drink e, eventualmente, transar com alguma das belas
mulheres, escolhidas na ponta de dedo, pela maravilhosa Dalva! Quanto a ela, sempre
elegante, não mais fodia com ninguém, devido um problema de saúde. Não fiquei
sabendo qual era, mas, pelas histórias e aventuras que ela me contou, não tem
cu que aguente, quanto mais xoxota!
Como
passei a frequentar seu bordel, através de recomendação de um amigo, sempre
comprava o jornal A Tarde, ia e me sentava, pedia um bom Whisky duplo, e ficava
bebericando, lendo e apreciando as belas prostitutas, que horas, cantavam,
dançavam, sempre alegres e sorridentes, demostrando que eram felizes vivendo na
sacanagem. Que aliás, dormir, comer, dançar e foder, e ainda ganhar pra isso,
olhando-se de fora, parece uma vida do caralho, que poucos conseguem ter!
Então...voltando as minhas idas ao cabaré, ao cair do sol, terminei sendo um
freguês assíduo e, consequentemente, como nesse horário o movimento era fraco,
Dalva sentava-se em minha mesa, e as vezes, conversávamos por horas seguidas. E
numa dessas, ela me confidenciou, partes da sua vida. E o que mais me
impressionou, foi ela dizer-me, que foi uma moça muito bem educada, estudou e
se formou em psicologia, mas, nem chegou a trabalhar na profissão, pois,
casou-se com vinte e três anos com um comerciante rico e bonito. Porém, logo
descobriu que ele era gay, e tinha a mania de arranjar rapazes de programa para
transar comigo, e ele ficar olhando, se excitava bastante, e depois o cara
comia ele, enquanto ele próprio se masturbava. Eu com muita relutância, consenti
fazer uma primeira vez bastante horrorizada, mas, depois da segunda, comecei a
achar divertido e gostoso, me lembrei do velho ditado: “Mulher que conhece mais
de uma pica, em duas não fica!” E foi o que aconteceu comigo!
Comecei
a transar com quem achava bonito ou tesudo, me separei do meu marido, peguei
uma boa grana no divórcio, continuando minha vida sexualmente intensa,
deliciosa e, com certeza, bem invejável. Como meu problema não era grana,
escolhia de ponta dedo, e sempre tive os maiores cuidados com doenças venéreas.
Só fodia com camisinha, fosse ele até o Papa!
Com
o passar do tempo, a gente vai envelhecendo, resolvi abrir esse cabaré de
classe, pois, sinceramente, mesmo sem foder pelos 62 anos de idade, não consigo
mais viver fora da putaria, pois, me diverte e me realizo vendo as meninas se
divertindo, e fazendo o que mais gostei de fazer na vida. Às vezes morro de
rir, imaginando que se emendassem todas as rolas que eu já recebi, se duvidar daria
para dar uma volta ao mundo. Ao ouvir isso, caí na gargalhada, pedi minha conta
e fui para casa!
Essa
era a maravilhosa Dalva, que perdi contato depois que voltei a morar no
interior, soube algum tempo depois, que sua casa tinha sido fechado em
Salvador, e ninguém tinha alguma notícia para informar o seu paradeiro!
Coisas
interessantes dessa vida louca que vivenciamos!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras1
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