Antonio Nunes de Souza*
Muitíssima
bem criada, família classe média alta, bons colégios, altamente religiosa,
professando por tradição familiar a crença evangélica, logicamente, sem vícios
e bem educada. Essa é minha querida amiga Maria das Graças, que todos,
carinhosamente, a chama de Gracinha, não só pela beleza, como também pela
meiguice!
Morávamos
as duas no mesmo edifício, éramos da mesma idade, estudávamos no mesmo colégio,
porém, minha família era católica e, logicamente, os hábitos e costumes meus e
de Gracinha eram bem diferentes. Enquanto ela ia aos sábado ao culto, eu ia
para as danceterias, ensaios de blocos, festinha nas praias à noite tipo os “luaus
havaianos”, enfim, nesse particular éramos bem diferentes, porém, sempre boas
amigas, eu não condenando o seu modo de vida, nem tão pouco ela com o meu!
Ao
completarmos dezoito anos, eu já conhecia sexo na palma da mão, algumas boas
experiências com namorados e amigos, que essa parte de minha vida, para mim foi
e sempre achei normalíssima, porém, por incrível que pareça, Gracinha nem
namorado tinha, pois, devido sua religião, era bastante arredia, não admitia
ser beijada e abraçada, se não fosse pelo homem que seria seu esposo. Eu achava
uma babaquice do caralho, mas, nada dizia em respeito à minha amiga, deixando
ela na dela!
Com
o tempo, terminamos a faculdade de biologia, eu foi morar com um colega no
Amazonas, trabalhando os dois no Ministério da Agricultura, enquanto Gracinha
começou a namorar com um irmão na fé, pertencente à igreja e filho do Pastor, e,
com pouco tempo casou-se. Pela nossa amizade desde a infância, continuamos a
nos falar quase que diariamente, através da Net e Zap, sempre contando as
novidades!
Eu,
Maria Tereza, e Valter meu parceiro já tínhamos dois filhos e, por questão de
adaptação climática, resolvemos pedir transferência para a Bahia. Conseguimos, e
voltamos a morar em Salvador, onde tornei a me encontrar pessoalmente com
Gracinha e seu esposo Zeilton. Passamos a sair juntos para jantar, nos frequentávamos
eventualmente, eles não tinham filhos ainda, pois, Zeilton está fazendo curso
de Pastor, e preferiu deixar para quando ele estivesse formado e com sua igreja!
Aconteceu
que uma noite de fim de semana Zeilton tinha ido passar três dias num retiro fazendo
reflexão Bíblica, Gracinha me ligou, dizendo que estava só, mas, não queria
ficar em casa, se nós íamos a algum lugar?
Respondi
que estávamos saindo para ir jantar e depois dar uma volta pela orla. Ela pediu
e nós fomos pega-la. Jantamos, conversamos, rimos muito, ela se divertia sempre
com nossas histórias com os índios, costumes deles, etc., aí nos deu vontade de
dar uma passada numa danceteria nova que estava bombando numa maior loucura.
Mas, com Gracinha seria foda, pois ela, obedecendo sua crença, achava esses
ambientes verdadeira perdição. Mas, curiosamente, ela disse: Já que Zeilton está
orando por todos nós em nome de Jesus, vou aproveitar por estar com vocês meus
grandes amigos, para conhecer uma casa dessas pessoalmente!
Tomei
um susto, mas, nada demonstrei, e logo pagamos a conta, seguindo para a casa que
se chamava “AXÉGADA”, que achei genial a bolação!
A
zorra estava lotada saindo gente pelo ladrão, um som da porra, todos dançando, e
as maiores pegações no salão. Entramos e nos encostamos no balcão, já que não
haviam mesas vagas. Gracinha com a cara meia sorrindo e meia assombrada, mas,
pelo visto, estava achando interessante a nova experiência. E, inesperadamente,
veio um cara, puxou Gracinha pelo braço, levou-a para o meio do salão. Valter
foi atrás, para liberta-la, porém, incrivelmente, ela disse que estava tudo
bem, que já que tinha ido, tinha também de seguir as regras da casa. Como
Valter é super liberal, ficou na dele, e ficamos de longe observando os dois no
meio da multidão, sendo que horas sumiam, outras apareciam, até que,
assustados, vimos Gracinha agarrada no pescoço do cara, e no maior beijão na
boca, sem nem ligar o que nós poderíamos pensar, Eu e Valter nos olhamos e
caímos na gargalhada. A coisa rolou por mais de duas horas, Gracinha não largou
Fernando um minuto sequer, rebolando no Funk meio desajeitada, pouco ligando
pelo que estávamos pensando a respeito, inclusive já estava com um copo de
cerveja na mão, procedendo com a maior naturalidade. Valter chamou os dois e
disse que já íamos para casa. E, numa atitude que se me contassem não
acreditaria, Gracinha falou: Vocês podem ir que meu amigo Fernando me leva, já
que ele mora bem mais perto de mim que vocês. Aí perguntei: Você está certa do
que está dizendo?
-Fiquem
tranquilos que está tudo super bem e ótimo!
Nos
despedimos e solicitamos que no dia seguinte, ela nos desse notícias. Depois
disso fomos para casa, nos deitamos, demos nossa fodinha gostosa de sempre para
selar a noite, porém, um pouco preocupados com as “porralouquices” ou surto,
que bateu em Gracinha!
Dia
seguinte eu resolvi, quando acordei ao meio dia, enquanto Valter ainda dormia,
peguei o carro e fui visitar Gracinha, pois, no íntimo, me achava responsável pelo
acontecido, esperando que não tivesse passado apenas dos amassos no bar. Toquei
a campainha duas vezes, até que Gracinha apareceu com a cara de sono, mais com
um grande sorriso de felicidade. A beijei e logo perguntei: Fui tudo bem? E ela
de estalo respondeu: Fui tudo ótimo minha amiga querida. Disse isso e se curvou
para me dar o maior beijo na testa, e dizendo “muito obrigado”. Eu estranhei e
perguntei de que se tratava, quando ela começou a falar: Minha amiga, pode
parecer uma loucura, mas, ontem foi o dia mais feliz da minha vida, parece que
descobri as coisa maravilhosas que essa vida tem a oferecer, e muita gente,
idiotamente, priva-se de tudo, com a imbecilidade de ser pecado, que não vai
entrar no céu e outras tolices. Juro que com cinco anos de casada com Zeilton,
nunca gozei tanto e diversas formas, como aconteceu no apartamento de Fernando.
Cada hora ele me colocava numa posição e me possuía por todos os buracos do
corpo, só faltando o nariz e ouvidos, porque seu pau era grosso. Mas, no resto,
ele me fez de gato e sapato, me deixando tremer como se estivesse dando ataque
de epilepsia. Mostrou-me o que é realmente uma boa foda, e não o papai/mamãe
idiota que Zeilton faz, e ainda apaga a luz, por estar praticando um ato
sexual. Imagine que babaquice retada. Ontem fodemos de luz acesa, tomamos banho
juntos, que nunca tomei com meu marido, e ainda senti o gosto de esperma, dando
uma chupada no pau de Fernando, logo depois que ele fez o mesmo comigo. Juro
minha filha, que vou pedir o divórcio, que não vou ser mulher de pastor,
ficando na igreja feito uma sacana gritando aleluia!
Ouvi
essa declaração e fiquei pasma, completamente surpresa, mas, no íntimo,
bastante feliz, em ver minha amiga, ainda em tempo, sem esperar estar uma velha
idiota, cair na realidade, curar a tola cegueira, e passar a realmente viver,
como 90% do povo do mundo vive e é feliz, sem se preocupar se vai para o céu ou
não, ou se ele existe ou não. Pois, o que realmente existe é essa vida, que
devemos desfruta-la cada minuto!
Creio
que essa guinada de 360 graus, deve acontecer diariamente em diversas partes do
mundo, já que as pessoas aos poucos, estão vendo com clareza, que não devem
viver aprisionadas por dogmas traçados há milhares de anos, por reis e
imperadores!
“Viver
é estar respirando e com o coração batendo. Saber viver é desfrutar todas as
coisas que o mundo oferece. Não tenha medo de ser feliz, preferindo ser infeliz!”
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de letras!
Um comentário:
Com certeza.
Bom dia amigo!
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