Antonio Nunes de Souza*
Graças
a Deus deixei o meu grande vício de fazer farras e, mesmo no decorrer da
semana, nunca deixei de tomar minhas “canas” eventuais, pois, sem que tivesse
percebido, já era um alcoólatra inveterado!
Relembrando
aquele tempo filho da puta, uma certa ocasião, vindo de uma farra das boas, com
a cara cheia de aguardente e outras bebidas quentes, passei pela porta de uma
igreja evangélica e, como estava totalmente na merda e cansado, resolvi entrar
para me sentar e descansar um pouco, antes de seguir meu caminho!
Era
daquelas igrejas, ou templos como eles dizem, com uma centena de cadeiras e
outra de bancos, onde no meio existia uma piscina com uns vinte metros
quadrados, que era para batizados dos novos fieis. Percebi a aglomeração em
volta da piscina, resolvi ir para perto matar minha curiosidade!
Mermão,
foi a maior besteira que poderia ter feito, pois, o pastor, pensando que eu
fazia parte da cerimônia batismal, me puxou pelo braço, me jogou na piscina de
roupa e tudo e, sem nenhum carinho, me pegou pelo pescoço e me mergulhou com vontade.
Depois de mais de um minuto eu bebendo água ele me retira e pergunta bem alto:
Você viu Jesus?
E
eu respondi: E Ele mergulhou aqui?
O
pastor tornou a me mergulhar, desta vez demorando bem mais, depois de me puxar
pelos cabelos, tornou a perguntar: Você viu Jesus, pecador?
Já
bastante sufocado, respondi: Ele não está tomando banho aqui não!
O
pastor puto da vida, pois, eu teria que responder que “sim”, com as duas mãos
me pegou pelos ombros e, com animosidade, enviou novamente a minha cabeça na
água, mesmo percebendo que eu estava quase me afogando!
Já
fodido e desesperado, a bebedeira até já havia passado, mesmo no fundo da
piscina resolvi dizer que não tinha visto.
Dessa
vez com raiva e ódio, gritou bem alto: Indigno da salvação, você viu Jesus?
Eu
botando água até pela bunda, apenas pude dizer: SIM!
Aí
o miserável do Pastor gritou bem alto no microfone: Esse pecador estava
possuído, mas Jesus lhe libertou!
Nesse
momento, os fiéis histericamente enlouquecidos, todos com as mãos para o alto, gritavam:
Aleluia, Aleluia, Senhor Deus, Em nome de Jesus! E uma banda começou a tocar “Happy
Day” a toda altura, botando todos para cantar e dançar!
Enquanto
essa zorra toda acontecia, quatro obreiros me pegavam e colocavam-me de cabeça
para baixo, para escorrer a água dos pulmões e do estômago!
Depois
de uma hora mais ou menos, acordei, já no pronto socorro que, provavelmente,
eles me levaram e me deixaram por conta do SUS!
Com
uma dor de cabeça filho da puta, comecei a me lembrar da grande aventura que tinha me metido.
Inclusive na dúvida sem saber se foi um sonho, uma criação imaginária da
bebedeira, ou se foi verdade essa tragédia!
O
fato é que, depois dessa, nunca mais bebi nada de álcool, assim como, parei de
fumar. Hoje, com 45 anos, sou forte, saudável e tenho uma vida super agradável.
Nunca mais passei pela porta daquele templo, mas, gostaria de rever aquele
pastor sacana, que quase me afoga, me mandando para as profundezas do inverno!
Se
eu caísse na besteira de dizer mais uma vez, que não tinha visto Jesus, o
desgraçado me afogaria sem compaixão. Fui aí que fui saber que os pobres fiéis
tem que fazer e obedecer esses recolhedores de dízimos!
*Escritor,
Historiador, cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
Nenhum comentário:
Postar um comentário