domingo, 28 de janeiro de 2024

 

EU ERA FELIZ E NÃO SABIA! (Clique no título e leia)

Antonio Nunes de Souza*

Essa frase é um amontoado de mentiras saudosistas, pois, categoricamente, nós éramos super felizes e sabíamos com certeza absoluta!

Brincávamos nos passeios, praças, jardins, tanto fazia em pleno dia como a noite, dormíamos e até almoçávamos nas casas dos colegas, íamos a missa aos domingos pela manhã, para ter direito a ir a tarde ao cinema. Tomávamos a benção dos mais velhos, adorávamos ir aos circos mambembes que apareciam eventualmente na cidade, íamos nos matos catar goiaba, cajá, jaca e outras frutas, nossas escolas eram sérias e rígidas, pois, fazíamos cinco anos de primário, um exame de admissão tipo vestibular, para ter direito a cursar os quatro anos de ginásio, depois, mais três anos de clássico ou científico, prestar vestibular que até hoje é uma merda, e se passar, cursar mais quatro a seis anos, para ter uma ótima formação universitária!

Crime ou assassinato era coisa raríssima, as vezes por uma briga entre bêbados, ou um feminicídio, que antes era muito usado para “lavar a honra”, uma imbecilidade, que naquele tempo era olhado como um herói, o canalha que assim procedia (hoje ainda tem esses tipos que matam, e imbecis que aprovam). Ladrões eram raríssimos, e sempre eram pés de chinelos, que roubavam galinhas e outras bobagens nas lojas quando vacilavam. Tinha uma dupla de soldados, denominados Cosme e Damião, que duas duplas cuidavam de toda cidade sem nenhum problema. Nossas distrações eram os velhos cinemas, que paravam para trocar os rolos do filme, e as novelas nas rádios, que davam umas descargas miseráveis, e as vezes somente ruídos e nós perdíamos partes do enredo. Como também as vezes faltava energia, exatamente na hora das novelas. Lembro-me de uma que sacudiu o Brasil, cujo o nome era “O direito de nascer”. Um dramalhão tremendo que nos fazia chorar toda noite, Não tínhamos, carros (era coisa de rico), transporte coletivo na minha cidade era um bonde puxado a burro, que era uma delícia andar nele!

Essas coisas e muitas outras mais, que seria ampliar demais em explicação, eram que constituíam e faziam a nossa grande e maravilhosa felicidade e, tranquilamente, além de desfrutá-la, nós tínhamos a maior convicção, mesmo com os preconceitos sociais e raciais, que eram velados, mas existentes!!

Atualmente, os saudosistas e românticos, adoram repetir, “que éramos felizes e não sabíamos”, sentença que é uma deslavada mentira, pois, todas épocas que atravessamos em nossas vidas, são maravilhosas, cheias de encantos, momentos inesquecíveis, porém, com os desagravos e dissabores, provenientes da ampliação populacional, condições de vida, domínio dos poderosos e o descaso com a educação, saúde e moradia. Os profissionais em geral não se preocupam nas transmissões de saberes, ou desempenhar bem suas habilidades em diversas áreas, pouco ligando para o presente, quanto mais para o futuro, Escolas e faculdades são verdadeiras fábricas de incompetentes (pagou/passou), temos muitos bandidos, facções e corruptos. Mas, inacreditavelmente, centenas de milhões estão super felizes, fazendo fantasias e brincando carnaval nas ruas, avenidas e clubes, mesmo com todas essas coisas negativas, pois, seguramente, sempre teremos os prós e os contras em nossas vidas. Perguntem as pessoas de hoje se eles querem viver sem Net, celular, Zap, pix, inteligência artificial, cirurgias feitas a distância, Alexia, computador e outras tantas tecnologias, como uns terríveis robôs que colhem canas e graus numa hora, que precisariam duzentos homens para fazer em uma semana, Todas essas coisas fazem parte do progresso que traz sempre prazeres e dores de cabeças em conjunto. O que se faz necessário é que não fiquem deslumbrados com futilidades, e escolham com mais cuidado e critério seus governantes, para que esses minimizem os problemas decorrentes do desenvolvimento das comunidades!

Essas mesmas pessoas que vivem hoje, com certeza um dia dirão: “Nós éramos felizes e não sabíamos”, e em seguida falarão: Nós tínhamos fascistas, facções, crimes bárbaros, mas, não tínhamos um governo de direita com uma ditadura cruel, sem liberdade de ir e vir, um robô armado de metralhadora em cada esquina, os ricos morando na lua e Marte, e não passávamos tanta fome como agora!

E assim é e será a vida, sempre maravilhosa e cruel ao mesmo tempo. Aproveite sabendo administrar essa vida louca ao máximo, pois, com certeza, não existe outra, a não ser nas cabeças vazias dos fiéis que vivem enganados e iludidos!

Nossa vida sempre será o nosso céu. Não deixe para descobrir isso, no dia que morrer, pois, aí será tarde!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos fundadores da Academia Grapiúna de Letras!

 

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