Antonio Nunes de Souza*
As
maiores fatalidades de nossas vidas, sempre surgem inesperadamente, nos
colocando em situações desagradáveis, complexas e perigosas. E comigo não foi
diferente, pois, ocorreu numa tarde de um dia que eu estava felicíssimo, por
estar sem nenhum tipo de problema!
Meu nome é Mendonça, já que todos me cumprimentam
pelo sobrenome, e sou taxista há vários anos e, como não tenho praça fixa, fico
normalmente, circulando pela cidade!
E
foi numa dessas voltas, que passando pela porta de um Motel, um casal deu a mão,
parei, eles entraram e segui para onde indicaram. Olhei pelo retrovisor e vi a
discrepância entre eles. Ela via-se ser alguém de classe e de seus 40 anos,
quanto a ele devia ter bem menos e, pelas suas roupas e cara, percebia-se que era
pobre. Chegando em determinado lugar, o homem beijou demoradamente a mulher, e
saltou despedindo-se. Ela deu um outro endereço, que prontamente obedeci, sendo
ele em um conhecido bairro de classe alta. Ao entrar no chique condomínio, ela
pagou a corrida e saltou, entrando em sua belíssima casa. Alegre por ter ganho
uma corrida longa, num horário que sempre é “devagar”, segui minha rotina!
Voltei
dando minhas voltas, hora vazio, hora com clientes, mas, sempre que pegamos
clientes as compensações são boas, porque, acontece ter algum para pegarmos nos
retornos!
Passado
um mês mais ou menos, passando pelo edifício de uma grande empresa, um homem de
meia idade sinalizou, eu parei, ele entrou logo dando-me o endereço. Como
conheço Sampa na palma da mão, não tive dificuldade de com menos de meia hora
chegar ao condomínio que, curiosamente, me lembrei de ter levado uma mulher
vinda do Motel. Ele apontou a casa e, sinceramente, tomei o maior susto, quando
vi na porta esperando-o, a mesma bonita mulher, que eu havia transportado com
seu amante. Ele disse-me: Me aguarde que eu apenas vou pegar alguns documentos,
e volto em seguida para meu escritório!
Fiquei
olhando o casal, a casa que parecia uma mansão, e rememorando a bandida saindo
do Motel com o amante, com a cara mais cínica do mundo, que pelo visto, ainda
deve dar boa vida aquele malandro. Esse pensamento me deu uma revolta danada,
ver aquele condenável comportamento. Alguns minutos depois, volta o homem com
uma pasta, a mulher se despede com um beijinho, me revoltando o cinismo da
cachorra. Ele entrou e seguimos. Mas, logo adiante, Deus ou o Diabo fez com que
eu, idiotamente, desse com a língua nos dentes, e de estalo falei: O senhor me
desculpe intrometer em sua vida, mas, vou lhe dizer algo muito importante. Aí
narrei toda história nos mínimos detalhes, porém me esqueci do endereço do cara,
pois, sempre gravo os endereços finais, até algumas vezes anoto. O homem tomou
um susto e ficou sobressaltado, pediu meu cartão alegando que poderia precisar
de mim para outra corrida, pagou-me com o dobro que acusava o taxímetro, e eu
segui aliviado por ter feito uma boa ação!
Rapaz,
agora veja a merda que deu: A mulher caiu em prantos, alegando que eu estava redondamente
enganado, querendo desmoraliza-la, o marido acreditou nela, e entrou com uma
queixa de calúnia contra mim. Como tratava-se de pessoas ricas e da sociedade,
o juiz me deu dois anos de prisão, que meu advogado conseguiu transformar em
cestas básicas e serviços comunitários. Fiquei puto da vida, gastei uma nota,
somente porque tive a besteira de querer ser bom e praticar uma boa ação!
Isso
serviu de lição para mim, e que sirva também para você, pois, em problemas de
marido e mulher, sempre se lasca quem mete a colher!
Hoje,
eu posso ver a mulher do meu melhor amigo transando, que jamais falarei nada.
Cada um que cuide e fiscalize seus amores!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos fundadores da Academia Grapiúna de Letras!
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