Antonio Nunes de Souza*
Querida
amiga Isabela,
Graças a
Deus e aos meus esforços, já estou com minha programação para o carná da Bahia,
completamente pronta! Mas, tudo isso foi conseguido com sacrifício retado minha
filha. Como você sabe, continuo trabalhando com aquele advogado, fazendo às
vezes de secretária e auxiliando em alguns processos na justiça, já que estou
terminando esse ano o meu curso de direito. O cara é muito exigente, mas, como
é muito competente e tem prestígio aqui em Sampa, tenho que segurar as barras,
e aproveitar para ir me familiarizando com a clientela dele, e cuidando do meu
futuro. Eu até que tiro todas de letras, mas, o pior é que desde que eu entrei
aqui, que ele tenta me comer. Olha pra minha bunda com o olhar tão penetrante,
que chego a sentir que tem alguma coisa entrando. Procuro disfarçar, porém é
difícil, porque mesmo sem dizer uma palavra, na sua testa pode-se ler o seu
desejo de transar comigo!
Aí minha
filha, como estava louca para ir passar o carnaval em Salvador, resolvi fazer
uma artimanha, seduzindo o meu chefe e conseguindo que ele me desse licença,
para eu curtir meu querido Chicletes com Banana, minha adorada Ivete, a doçura
de Ricardo Chaves, a batida do Olodum, a beleza negra do Ilê Aiyê, o tesudo do
Léo Santana e a sempre rainha Daniella Mercury. Ai meu Deus, só em estar
escrevendo fico toda arrepiada!
A minha
estratégia foi à seguinte: Comecei desde a semana passada a me insinuar, quando
ia lhe mostrar um processo, sempre procurava me encostar nele como se fosse
acidente, etc., mas, ele embora ficasse vermelho e tenso, não tomava nenhuma
atitude mais agressiva. Até que cinco dias atrás, eu resolvi dar a última
cartada: Deixei cair uns papeis enquanto conversávamos e, ao me abaixar sagazmente
para pegar, propositadamente, comecei a roçar a minha bunda nele e, quando
esfreguei em sua virilha, não deu outra. Ele me segurou por trás, puxou meu
corpo para junto, me virou e deu o maior beijo. Em princípio fiz aquele
charminho de querer me separar, mas, quando senti que ele ia fraquejar por ser
tímido, abracei o desgraçado pelo pescoço, e mandei um beijo bem sacana e
sedutor, esfregando todo meu corpo ao dele, já sentindo algo duro nas minhas
coxas. Como só estávamos nós dois no escritório, pois era final de expediente,
fazendo aquela carinha de pureza e vergonha para aumentar a excitação do homem,
disse baixinho em seu ouvido: Que loucura vamos cometer Dr. Rommel! (Disse
“vamos” exatamente para que o desgraçado não parasse e estragasse meus planos).
Com esse cochicho foi que o homem endoidou, e me levou para o sofá, foi tirando
o pau pra fora e, sem pestanejar, me pediu para fazer um boquete. Olhei o
tamanho da zorra e não me fiz de rogada. Meti a boca e minha língua parecia um
liquidificador Arno. O homem deitou-se e se contorcia como uma cobra, enquanto
eu, com muita perícia e habilidade, cuidava daquela vara que não era jurídica.
Astutamente, quando percebi que ele ia gozar, tirei a boca e coloquei o meu
plano em prática: Dr. Rommel o senhor pode me dar 12 dias de licença para eu ir
para Salvador?
Menina! O
cara já nos estertores da sacanagem, respondeu: Sim! Sim! Claro meu bem, pode
ir! Mas, ao mesmo tempo, segurou minha cabeça pelos cabelos e enfiou minha boca
no cacete, que eu cheguei a ver estrelas. Quase que a desgraça da rola me
arranca as amídalas, me deixando engasgada com a carga de esperma que o
miserável expelia em minha goela! Porém, não perdi a classe. Com os olhos
lacrimejando de dor, engoli a porra toda, esperei ele se refazer e,
demonstrando estar arrependida e escabreada, me dirigi ao sanitário para me
refazer do sufoco e me arrumar!
Minha filha,
gargarejei umas dez vezes com um nojo filho da puta, e a garganta doía pra caralho,
em razão da estocada que o miserável me deu. Saí do sanitário, ele já estava
composto, com a cabeça meio baixa, desejei uma boa noite e segui para casa,
pigarreando pra porra, mas, na maior felicidade, pois tinha conseguido meus
intentos!
No outro dia
ele confirmou que eu estava liberada para a viagem e, como eu era uma
funcionária exemplar, ele ia dar uma passagem aérea de ida e volta como
presente. Quando ele me disse isso, quase eu chupava o pau dele outra vez
naquela hora, mas, imagino que, certamente, terá que acontecer outras vezes. A
primeira vez é complicada, mas depois a merda vira rotina. Faz parte da vida
louca que vivemos como secretárias. Um dia, sempre acontece!
Então amiga
Vera, pode me aguardar que estarei chegando quarta-feira as 16 horas pela GOL.
Esses dias estou gargarejando com Astringosol e Colgate Adstringente, porque
fiquei meio rouca e com inflamação na laringe. Quero chegar já curada, para
cantar muito as músicas de sucesso![U1]
Pois é
querida amiga, como diz o povo com sua sabedoria:
“Quem tem
boca vai... a qualquer lugar do mundo!”
Mas, minha
bunda que ele não tira os olhos, vou deixar de reserva, para poder ir no S.
João de Ibicuí, ou o maravilhoso da Paraíba, em Campina Grande!
Viva o
carnaval da Bahia minha querida!
Um grande
beijo da sua querida amiga,
Marta
*Escritor, Historiador,
Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!
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