Antonio Nunes de Souza*
Acordo
sentindo aquele gosto ruim na boca, proveniente de diversas bebidas, comidas,
beijos e, provavelmente, sexo oral, no final da intempestiva comemoração,
encerrando todo aquele turbilhão de festejos ecumênicos, mas, sempre pendente
para os desejos e atos profanos que, naturalmente, dão a graça ao evento
maravilhoso do “Réveillon!”
Olho
para o outro lado da cama e vejo Isabela nua, toda aberta sem censuras, num
ronco silencioso, maquiagem borrada, cabelos assanhadíssimos, que não parecia
nem de longe a mulher charmosa e sensual de sempre e daquela noite passada!
Mesmo
ainda meio sonolento, pensei como as mulheres usam tantos artifícios para nos
atrair, e nós, nas volúpias da sacanagem, somente nos preocupamos em analisar
uma bunda arrebitada, peitos maneiros e o jeitinho sacana e pecaminoso, que faz
rolar a tal da química, física e matemática. A química porque se torna uma
mistura perfeita, a física em função da tesão corporal, e a matemática, obvio,
em razão de estimular uma, duas e até três, sem dar descanso ao pobre e sagaz
membro. Nem levo em conta essa estória de pele, pois, quem se preocupa com pele
é jacaré para não virar bolsa ou cinto e sapato!
Levantei,
silenciosamente, olhei pela janela da suíte da pousada, e vi o mar tranquilo e
calmo, depois de ter salgado milhares de pessoas em nome de Iemanjá,
fiscalizando os adeptos dos folclóricos pulinhos das “sete ondas”, na esperança
de alcançar dias melhores no ano que inicia. Aqueles com pedidos mais exigentes,
levaram flores, espelhos e perfumes para o vaidoso Orixá que, provavelmente,
deve ter seus admiradores no fundo do mar. Eu não levei nada, mas, devo ter
dado milhares de pulos nas rasas ondas, pois, ao chegar no banheiro percebi
que, mesmo depois de ter tomado um banho quando chegamos do evento, na minha
regada da bunda ainda havia uma pequena quantidade de areia entranhada no cu,
demonstrando os rastros das minhas caídas nas águas milagrosas de Iansã!
Tomei
um banho caprichado, escovei os dentes, fiz a barba, coloquei uma nova bermuda
branca, uma camisa regata, pois, mesmo com meus cinqüenta anos, ainda estou meio
saradinho e com uma modesta barriguinha de tanquinho. Sempre me cuidei, assim
como Isabela que, com seus trinta anos, ainda parecia uma gatinha!
Sempre
fomos amigos e nada tivemos, porém, nesse fim de ano, por estarmos sozinhos,
combinamos passar as festas juntos, mesmo que não rolassem sacanagens. Mas,
como não rolar? Ela gotosíssima, tesuda, sexy e safadinha, bastou algumas taças
de champanhe, para que nossos libidos ficassem acesas: ela molhadinha e eu
ereto como um soldado do Castelo inglês. Daí pra frente o coro comeu direitinho,
e tudo começou a rolar da maneira mais liberal e espontânea possível, exatamente
“como o diabo gosta”, como diz o povo!
Dançamos
pagode, arrocha, funk, samba, bolero, sertanejo e todas as porras que tocavam. O
repertório uma merda, mas, o importante era a esfregação gostosa durante as
danças. Cheguei ao hotel e vi que minha glande estava mais vermelha que um
morango, de tantos atritos em sua bundinha deliciosa e coxas bem torneadas. Com
tantas preliminares deliciosas, meu pensamento sempre estava voltado para a
partida principal. E não deixou nada a desejar, pois, transamos nas mais
diversas maneiras, sem preconceitos, ou tolices, valendo tudo e em todas as
posições. Isabela é uma danada na arte de transar. Parece que decorou o livro
Kama Sutra e as lendárias aventuras amorosas de Lucrécia Bórgia. Sabe usar um pênis
com uma maestria, como eu gostaria de ter a mesma destreza para escrever
crônicas!
Tomei
um café revitalizador, sentei-me na varanda apreciando a praia, o mar e
aguardando que Isabela acordasse e, em pensamento, agradeci a Rainha das Águas,
por essa noite maravilhosa, pedindo que 2024 seja tão bom quanto o final desse!
Depois
de uma hora, resolvi ir ao quarto para acordá-la. Me curvei lentamente,
dando-lhe um beijo e dizendo sussurrando em seu ouvido: Acorde meu amor. Aí,
ela abriu os olhos e como num passe de mágica, ainda nua me puxou para cama,
desceu minha bermuda, e com suas mãos carinhosas, alisou aquele que nunca
brincou em serviço. Só posso dizer que foi um grande fodaço, que selou brilhantemente,
meu primeiro dia do ano, com chave de ouro!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
da Letras!
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