Antonio Nunes de Souza*
Acordo
no sábado toda eufórica, louca para preparar uma deliciosa moqueca de camarão
pistola, iguaria que sou mestra desde minha adolescência.Tomei café e coloquei
uma roupinha simples, para ir ao supermercado comprar os temperos necessários,
principalmente o azeite de dendê, que nunca pode faltar em uma moqueca que se
preze!
Como
moro sozinha, tinha convidado três amigas para almoçar comigo, e depois de ,
jogaríamos uma parceirada de buraco para matar o tempo, e relembrar nossas
estripulias!
Nós
somos solteiras, todas nas faixas de trinta anos, sem filhos e independentes
com nossas formações e bons empregos. Um grupo que podemos chamar de “massa
real”!
Circulando
no mercado selecionei as coisas que desejava e, na hora de comprar o azeite,
tinham duas moças apresentando uma nova marca e, como lançamento, ofereciam um
grande prêmio. Não acredito nessas coisas, mas, como eram simpáticas e
agradáveis, terminei aceitando comprar o Azeite Oxalá, fabricação baiana. E não
é que elas abriram a embalagem para ver se havia premiação, estava lá um cartão
dizendo que eu fui agraciada por ser a comprado número mil da semana, e que
estava acabando de ganhar dez dias em Porto Seguro, com Hotel cinco estrelas,
tudo pago, ida e volta pela Tam, passeios e refeições, carro à disposição, eventos,
shows, etc.
Não
nego que tomei um puto susto, e nem acreditei no que elas me diziam. Falei que
trabalhava e não podia sair assim da empresa, mas, rapidamente, elas disseram
que a diretoria da Fábrica entraria em contato com a minha empresa, e
solicitaria a licença para minha viagem!
Fiquei
totalmente eletrizada, pois, não tem paulista que não deseje conhecer Porto Seguro
e suas nuances maravilhosas, elogiadas no mundo inteiro. Tomaram meus dados. E voltei
para fazer minha moqueca, liguei para meus pais que moram no interior contando
a novidade e, quando minhas amigas chegaram, contei detalhadamente o que
aconteceu, e elas ficaram felizes e com uma pontada de inveja da minha
inesperada coincidência de ir exatamente naquele mercado!
Comemos,
tomamos umas cervejinhas, jogamos canastra, conversamos muito, mas, tudo em
torno do prêmio e da viagem!
Três
dias depois, aparece um senhor na empresa a minha procura, que também tinha
agendado um encontro com meu diretor, para formalizar meu pedido de dispensa.
Fomos chamados a sala do diretor, e ele nos recebeu gentilmente e, mais que
depressa, deu o seu assentimento. Agradecemos e, a partir daquela hora, eu já
estava à disposição da minha patrocinadora, que avisou que eu não estaria
sozinha, pois o concurso foi no Rio e em São Paulo, e no Rio um homem havia
ganho a mesma coisa que eu. Viajaríamos no mesmo avião e ficaríamos no mesmo
hotel, obviamente, em apartamentos separados!
Achei
legal, pois, assim não me sentiria sozinha, e teria alguém para comentar as
coisas prazerosas da viagem!
No
dia do embarque, no aeroporto, fiquei conhecendo Valter Morais, bancário, solteiro,
aparentando uns trinta e cinco anos, dentro da minha faixa. Nada tinha de
maravilhoso, mas, um homem bonito, estatura média, cabelos grisalhando nas
têmperas, que lhe davam um certo charme. Quanto a mim, sou uma mulher super
normal, com um corpo bem delineado, um rosto comum, apenas tenho uma bundinha
empinada, que sempre uso para provocações, quando desejo me exibir um pouco!
Guiados
pela representante da empresa patrocinadora, nos dirigimos ao portão de
embarque, ambos sorridentes e sem acreditar no que estava acontecendo!
Em
Porto já estava um carro com motorista nos aguardando, nos levando para o hotel
mais chique da cidade, onde já estavam dois apartamentos vizinhos, reservados
para nós. Ele tirava tudo de letra, mas, quanto a mim, estava completamente
abobalhada e, as vezes, sem saber como proceder. Então ele me dava as dicas,
orientando-me e me passando uma melhor desenvoltura. E eu que não sou idiota,
aproveitava para melhorar meus hábitos e educação. Como eram quinze horas,
arrumamos nossas roupas, e resolvemos ir para a piscina tomar um gostoso banho,
devido ao calor que fazia!
Sempre
sorridente, Valter brincava e ria de ver que eu estava escabreada, por estar de
biquíni sumário com um homem que malmente acabara de conhecer. Na piscina ele
pediu que eu passasse bronzeador nas suas costas, e ao mesmo tempo fez questão
de fazer o mesmo comigo e, depois de conversas para nos conhecermos melhor, já
estávamos mais descontraídos, já caindo na água de mãos dadas, mergulhos meios
salientes, onde roçávamos nossos corpos e, não deu outra: Valter me deu um
beijo no rosto, e eu, prontamente, retribui, já mais descontraída e me
divertindo. A partir dessa hora, passamos a proceder como se fossemos namorados em lua de
mel!
Chegamos
no quarto, já sem os pudores iniciais, fomos tomar banho juntos, e na hidro banheira
não deu outra que não fosse uma boa e gostosa transa, como se fosse uma coisa
enfeitiçada da cidade misteriosa de Porto Seguro. Na verdade estávamos ambos
maravilhados com o prêmio, e de termos nos conhecidos! Daí pra frente foi passeios, dança de
lambada, axé, caipiróscas, capetas, vinhos, whisky, etc., sempre terminando na
cama, com muito sexo e carinho, além das fantasias que Valter criava com risos
e deboches sensuais e sexuais!
Os
dias foram adoráveis, curtimos ao máximo até as últimas horas, compramos
lembrancinhas para amigos, e já voltamos com um namoro sedimentado e feliz, que
terminei pedindo transferência a minha empresa para a filial do Rio, e com dois
meses fui morar com meu querido Valter, e hoje, oito anos depois, estamos
arrumando no carro nossos dois filhos e as bagagens, para ir passar nossas
férias em Porto e Trancoso, recordando o deloicioso prêmio do azeite de dendê Oxalá!
Muitas
coisas boas da vida, sempre acontecem inesperadamente. Seja inteligente e saiba
aproveitar!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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