sábado, 2 de dezembro de 2023

POBRE SIM. IDIOTA NUNCA! (Clique no título e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Quando viemos de família pobre, geralmente os nossos destinos são parecidíssimos. Sempre pais separados, mãe se lascando nas cozinhas alheias, lavando roupas de ganho, e outras atividades similares, para sustentar um ou mais filhos. No meu caso nada foi diferente. Pois, eu além de sair vendendo bugigangas nas ruas para ajudar em casa, a noite minha mãe obrigava-me a ir para uma escola pública, para que eu fizesse pelo menos o segundo grau. E com uma luta tremenda e um curso péssimo, pois os professores talvez com pena de nossos sacrifícios, sempre nos davam notas para passarmos de ano, porém sem os saberes necessários, coisa que apenas nos engana, não nos levando a lugar algum!

Com dezessete anos, já uma moça com todas características de mulher, saí com meu certificado e um modesto currículo, a procura de um emprego, já que vender coisas na rua era incerto, às vezes até não tirava nem o dinheiro do transporte. Me batia pra cacete como se diz hoje em dia, entrei em dezenas de casas comerciais, contava minha ladainha, mostrava o currículo, mas, infelizmente, nada conseguia. Isso fazendo muitos circuitos pelo comércio, por vários dias. Até que um dia, cansada da minha caminhada diária, entrei num super mercado para comprar um pacote de macarrão e uma calabresa, para fazer meu pobre jantar. Ao circular pelas prateleiras, apareceu um homem com uma prancheta na mão, tendo um crachá no peito escrito: Gerente. Aí, não perdi a chance de logo encostar e soltar minha verborreia, solicitando uma vaga. Ele me ouviu gentilmente, olhou-me de cima a baixo e, depois desse exame corporal, convidou-me para ir até o escritório. Na maior expectativa, fui seguindo-o, até que chegamos na sala, entramos, nos sentamos e começamos a conversar. Ele logo disse que meu currículo nada significava, já que não constava nenhuma experiência anterior, mas, para ele era importante pessoas sem os vícios comuns que outras pessoas adquirem em outros empregos. E sendo assim, gostaria de conhecer melhor a minha personalidade, pois, se eu passasse nesse teste, teria uma oportunidade, inicialmente como repositora. Então perguntei que dia poderia fazer o teste, e ele prontamente disse: Vamos fazer o seguinte. Como estou muito ocupado com as arrumações e promoções natalinas, quando eu sair daqui, posso lhe pegar e vamos fazer um lanche ou jantar, que durante esse tempo, ficarei conhecendo suas habilidades, e verei o que posso fazer por você. Claro que não sou idiota, e vi logo que o teste seria o tradicional do “sofá”, ou também chamado de S. Francisco (é dando que se recebe). Eu não era virgem, pois, meu próprio primo já tinha me comido várias vezes, além de alguns namoradinhos, pois, hoje fode-se bem mais cedo que no passado. E como eu faria dezoito anos no mês seguinte, e já estava no desespero, vendo que a merda era mais que difícil do que eu imaginava, resolvi aceitar o desafio, também com a esperança de que esse cara apenas fosse um homem de bem, e tudo não fosse passar de uma conversas sobreo trabalho, e eu teria a chance de jantar bem, coisa que há muito não fazia. Ele não pediu meu endereço, apenas falou que eu as 20 horas, estivesse no portão cinco, que ele estaria lá nesse mesmo horário me aguardando!

No horário combinado, estava eu lá, toda arrumada, pois tinha falado o caso com uma amiga espertíssima que é cabeleireira, e ela me disse: Deixe de dúvidas se vai ou não. Faça o seguinte: “passe vaselina no cu e seja o que Deus quiser!” Morremos de dar risada, mas, não fiz o que ela sugeriu!

Passados uns dois minutos seu Mendonça chegou, e rapidamente partimos para o estacionamento, onde pegamos o carro e saímos. Juro que estava com um medo filho da puta, mas, não tenha receio de alguma coisa criminosa, pois sabia que ele era gerente de um grande mercado, e logicamente, não era bandido. O fato é que jantamos conversamos bastante, e no decorrer do papo ele olhando nos meus olhos disse: Eu gostei de você e vamos fazer um trato que será bom para ambos. Eu desejo “ficar” com você e você deseja um emprego. Então...nada mais justo que entrarmos em acordo e, logicamente, todos dois estarão lucrando e felizes. Que você acha dessa simples e objetiva ideia?

Como não sou abestalhada, sei que “ficar” comigo, no caso era simplesmente me foder. Fiquei calada e pensando o que deveria responder, pois, pensei que poderia ser uma pegadinha para saber sobre meus comportamentos, ou seria mesmo seu desejo, se bem que eu sou bonita e como dizem os homens, bem gostosa. Mas, antes que eu dissesse algo, Seu Mendonça disse: Não precisa ser agora ou hoje, façamos o seguinte: Você vai pra casa, pense e se aceitar, amanhã estarei no mesmo horário no portão cinco, que é minha hora de saída. Caso concorde, esteja lá. Combinado ou tem alguma dúvida?

Suspirei de alívio, e respondi que ficaria como ele sugeriu e, dizendo isso, nos levantamos para ir embora. Eu preferi tomar um ônibus e ir para casa, dispensando sua carona. E no dia seguinte não saí, ficando em casa meditando e ao mesmo tempo me preparando para o cadafalso empregatício. Mendonça era até meio charmoso, tinha seus 40 a 50 anos, cabelos brancos nas têmporas, e uma pele morena que parecia um indiano, mas, o sacana não tinha nada da bondade e solidariedade de Gandhi. Sua cartilha era o Alcorão ou o Código de Hamurabi: “Olho por olho, dente por dente!” E eu, sinceramente, já estava de saco cheio de me bater, passar sufocos e necessidades, vi que estava na hora de mudar de tática, com tanto que fosse proveitosa e benéfica para minhas condições!

As 20 horas eu já estava no ponto, sabendo o desfecho do resto da noite. Mendonça chegou, me cumprimentou e disse: Vamos logo Renata, que tenho que voltar as 22 horas que é a hora que vai fechar e o outro gerente está doente e eu tenho que substitui-lo. Fiquei alegre, pois, passaria a noite fora!

O que aconteceu não precisa dizer, pois, fodemos loucamente, ele era bom de cama, e eu jovem e fogosa, doida pelo emprego, botei ele pra gozar de todas maneiras possíveis e impossíveis, que pelos seus tremores, eu mereceria um emprego de diretora!

Terminamos, ambos alegres e satisfeitos, e no caminha da vinda do motel, combinamos que eu deveria me apresentar na manhã seguinte no departamento de recursos humanos, que já teria instruções ao meu respeito e admissão aprovada!

Termino dizendo as tolas mulheres, que vagina abre todas as portas do mundo. O dia que minhas amigas deixarem de ser tolas, verão que o mundo nos pertence, pois, basta nós abrirmos as pernas, que todos se ajoelham em nossas frentes, e dão até o último tostão. Antes diziam: Quem tem boca vai a Roma, porém hoje, quem tem vagina dá a volta ao mundo”!

Ia me esquecendo de dizer, que depois de muitas fodas dentro da empresa, hoje com quatro anos de trabalho, sou supervisora de toda ala feminina do supermercado!

Sempre na hora do banho, eu dou dois tapinhas na boceta e digo: “Você está no comando querida”!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!

 

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