Antonio Nunes de Souza*
Quando
viemos de família pobre, geralmente os nossos destinos são parecidíssimos.
Sempre pais separados, mãe se lascando nas cozinhas alheias, lavando roupas de
ganho, e outras atividades similares, para sustentar um ou mais filhos. No meu
caso nada foi diferente. Pois, eu além de sair vendendo bugigangas nas ruas
para ajudar em casa, a noite minha mãe obrigava-me a ir para uma escola pública,
para que eu fizesse pelo menos o segundo grau. E com uma luta tremenda e um
curso péssimo, pois os professores talvez com pena de nossos sacrifícios,
sempre nos davam notas para passarmos de ano, porém sem os saberes necessários,
coisa que apenas nos engana, não nos levando a lugar algum!
Com
dezessete anos, já uma moça com todas características de mulher, saí com meu
certificado e um modesto currículo, a procura de um emprego, já que vender
coisas na rua era incerto, às vezes até não tirava nem o dinheiro do
transporte. Me batia pra cacete como se diz hoje em dia, entrei em dezenas de
casas comerciais, contava minha ladainha, mostrava o currículo, mas,
infelizmente, nada conseguia. Isso fazendo muitos circuitos pelo comércio, por
vários dias. Até que um dia, cansada da minha caminhada diária, entrei num
super mercado para comprar um pacote de macarrão e uma calabresa, para fazer
meu pobre jantar. Ao circular pelas prateleiras, apareceu um homem com uma prancheta
na mão, tendo um crachá no peito escrito: Gerente. Aí, não perdi a chance de
logo encostar e soltar minha verborreia, solicitando uma vaga. Ele me ouviu
gentilmente, olhou-me de cima a baixo e, depois desse exame corporal,
convidou-me para ir até o escritório. Na maior expectativa, fui seguindo-o, até
que chegamos na sala, entramos, nos sentamos e começamos a conversar. Ele logo
disse que meu currículo nada significava, já que não constava nenhuma
experiência anterior, mas, para ele era importante pessoas sem os vícios comuns
que outras pessoas adquirem em outros empregos. E sendo assim, gostaria de
conhecer melhor a minha personalidade, pois, se eu passasse nesse teste, teria uma
oportunidade, inicialmente como repositora. Então perguntei que dia poderia
fazer o teste, e ele prontamente disse: Vamos fazer o seguinte. Como estou
muito ocupado com as arrumações e promoções natalinas, quando eu sair daqui,
posso lhe pegar e vamos fazer um lanche ou jantar, que durante esse tempo,
ficarei conhecendo suas habilidades, e verei o que posso fazer por você. Claro
que não sou idiota, e vi logo que o teste seria o tradicional do “sofá”, ou
também chamado de S. Francisco (é dando que se recebe). Eu não era virgem,
pois, meu próprio primo já tinha me comido várias vezes, além de alguns
namoradinhos, pois, hoje fode-se bem mais cedo que no passado. E como eu faria
dezoito anos no mês seguinte, e já estava no desespero, vendo que a merda era
mais que difícil do que eu imaginava, resolvi aceitar o desafio, também com a
esperança de que esse cara apenas fosse um homem de bem, e tudo não fosse
passar de uma conversas sobreo trabalho, e eu teria a chance de jantar bem,
coisa que há muito não fazia. Ele não pediu meu endereço, apenas falou que eu
as 20 horas, estivesse no portão cinco, que ele estaria lá nesse mesmo horário
me aguardando!
No
horário combinado, estava eu lá, toda arrumada, pois tinha falado o caso com
uma amiga espertíssima que é cabeleireira, e ela me disse: Deixe de dúvidas se
vai ou não. Faça o seguinte: “passe vaselina no cu e seja o que Deus quiser!”
Morremos de dar risada, mas, não fiz o que ela sugeriu!
Passados
uns dois minutos seu Mendonça chegou, e rapidamente partimos para o
estacionamento, onde pegamos o carro e saímos. Juro que estava com um medo
filho da puta, mas, não tenha receio de alguma coisa criminosa, pois sabia que
ele era gerente de um grande mercado, e logicamente, não era bandido. O fato é
que jantamos conversamos bastante, e no decorrer do papo ele olhando nos meus
olhos disse: Eu gostei de você e vamos fazer um trato que será bom para ambos.
Eu desejo “ficar” com você e você deseja um emprego. Então...nada mais justo
que entrarmos em acordo e, logicamente, todos dois estarão lucrando e felizes.
Que você acha dessa simples e objetiva ideia?
Como
não sou abestalhada, sei que “ficar” comigo, no caso era simplesmente me foder.
Fiquei calada e pensando o que deveria responder, pois, pensei que poderia ser
uma pegadinha para saber sobre meus comportamentos, ou seria mesmo seu desejo,
se bem que eu sou bonita e como dizem os homens, bem gostosa. Mas, antes que eu
dissesse algo, Seu Mendonça disse: Não precisa ser agora ou hoje, façamos o
seguinte: Você vai pra casa, pense e se aceitar, amanhã estarei no mesmo
horário no portão cinco, que é minha hora de saída. Caso concorde, esteja lá.
Combinado ou tem alguma dúvida?
Suspirei
de alívio, e respondi que ficaria como ele sugeriu e, dizendo isso, nos
levantamos para ir embora. Eu preferi tomar um ônibus e ir para casa,
dispensando sua carona. E no dia seguinte não saí, ficando em casa meditando e
ao mesmo tempo me preparando para o cadafalso empregatício. Mendonça era até
meio charmoso, tinha seus 40 a 50 anos, cabelos brancos nas têmporas, e uma
pele morena que parecia um indiano, mas, o sacana não tinha nada da bondade e
solidariedade de Gandhi. Sua cartilha era o Alcorão ou o Código de Hamurabi: “Olho
por olho, dente por dente!” E eu, sinceramente, já estava de saco cheio de me
bater, passar sufocos e necessidades, vi que estava na hora de mudar de tática,
com tanto que fosse proveitosa e benéfica para minhas condições!
As
20 horas eu já estava no ponto, sabendo o desfecho do resto da noite. Mendonça
chegou, me cumprimentou e disse: Vamos logo Renata, que tenho que voltar as 22
horas que é a hora que vai fechar e o outro gerente está doente e eu tenho que
substitui-lo. Fiquei alegre, pois, passaria a noite fora!
O
que aconteceu não precisa dizer, pois, fodemos loucamente, ele era bom de cama,
e eu jovem e fogosa, doida pelo emprego, botei ele pra gozar de todas maneiras
possíveis e impossíveis, que pelos seus tremores, eu mereceria um emprego de
diretora!
Terminamos,
ambos alegres e satisfeitos, e no caminha da vinda do motel, combinamos que eu
deveria me apresentar na manhã seguinte no departamento de recursos humanos,
que já teria instruções ao meu respeito e admissão aprovada!
Termino
dizendo as tolas mulheres, que vagina abre todas as portas do mundo. O dia que
minhas amigas deixarem de ser tolas, verão que o mundo nos pertence, pois,
basta nós abrirmos as pernas, que todos se ajoelham em nossas frentes, e dão
até o último tostão. Antes diziam: Quem tem boca vai a Roma, porém hoje, quem
tem vagina dá a volta ao mundo”!
Ia
me esquecendo de dizer, que depois de muitas fodas dentro da empresa, hoje com
quatro anos de trabalho, sou supervisora de toda ala feminina do supermercado!
Sempre na hora do banho, eu dou dois tapinhas na boceta e
digo: “Você está no comando querida”!
*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros
fundadores da Academia Grapiúna de Letras!
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