Antonio Nunes de Souza*
Quando
nos referimos aos desejos, geralmente estamos falando sobre os sonhos, planos e
projetos de vida, que cada pessoa tem, ou imagina em sua mente, obviamente, com
pretensões de realizar, principalmente dentro da maior brevidade possível, uma
vez que, no período da juventude e puberdade, todos nós já queremos ser homens
ou mulheres, ter uma independência de locomoção, viajar, algumas vezes até de
casar, em função de umas paixões loucas, muito comuns nessa fase de idade!
Essas
sensações nas classes mais privilegiadas, sempre são encaradas com mais
facilidades, já que as condições financeiras são melhores, as preparações
escolares mais efetivas, os apoios de amigos influentes são importantes, assim
como não é necessário pressas e agonias, já que cedo ou tarde tudo será
resolvido da melhor forma, sem os desesperos costumais!
Mas,
infelizmente, nas classes pobres, as coisas funcionam totalmente diferente.
Porém, assim acontece, muito mais graças aos próprios pobres, que por culpa da comunidade
em que vivem, ou até a falta de interveniência política. Parece estranho e
absurdo o que eu disse, mas, procurarei ser mais explícito, inclusive
exemplificando ilustrativamente!
As
pessoas de origens pobres, normalmente olham tudo como se fosse impossível para
eles conseguirem as coisas, realizar seus sonhos, projetos e planos e,
literalmente, pensam pequeno e contentam-se com o mínimo dos mínimos. Seus
deslumbrantes sonhos é ter um emprego ou trabalho (avulso ou fixo) que lhe dê
condições de comer, pagar as despesas básicas e pronto. Essa situação péssima,
para ele é, muitas vezes o ápice da sua realização. Quando muito, desejam ter
uma bicicleta, afim de ir para o trabalho, sem precisar gastar com ônibus. E
com esse simples veículo, ele já se acha superior aos vizinhos, por ter
transporte próprio, mesmo sendo uma de segunda mão!
Quanto
ao estudo, aqueles privilegiados que tiveram oportunidade e aproveitaram, melhores se qualificam. Numa
entrevista de emprego, pergunta-se: Você
está estudando? Ele ou ela responde estufando o peito: Já terminei. Aí você
pergunta: Como assim? E respondem: fiz o secundário, como se para eles esse
início do início estudantil, seja o término escolar. Até nessa área eles pensam
pobremente, como se eles somente tivessem direito a pedaços, de tudo que o
mundo oferece. Muitos, para complementar seu instinto nato de pobreza, arranja
um pobretão ou pobretona e forma uma família, onde nascerá mais um sofredor
dessa rotina triste e lamentável. Tem um detalhe importante, pois, para esses
casais, para selar seus pobres sonhos, se inscrevem para receber um apartamento
do programa “minha casa, minha vida”, que será a gloria da realização familiar E
dessa forma, nascem pobres, vivem pobres e morrem pobres!
Felizmente
tem uma fatia, até significativa, que pensa diferente, que é formada de
empreendedores, guerreiros, lutadores, principalmente do gênero feminino, que batalha
com unhas e dentes, se sacrificam, fazem mil malabarismos, dentro e fora dos
padrões, e conseguem crescer e se desenvolver, fugindo totalmente dos
pensamentos retrógrados da sua raiz, passando a serem conhecidos como
vencedores, não porque Deus ajudou ou teve sorte na vida, pois, o fator
principal foi sua persistência, coragem e disposição para conseguir, tudo
aquilo que o mundo pode oferecer, para aqueles que não são acomodados. Seria
tão bom que todos se mirassem nessas pessoas maravilhosas, que dão exemplos de
discernimento e coragem, chegando em muitos casos, a depois de certa idade
voltar a estudar, formar-se, melhorando seus níveis intelectuais, servindo de exemplos
para os seus filhos!
Sempre
digo e repito, que o impossível é aquilo que você não lutou para conseguir.
Tolamente, imagina-se incompetente para vencer os obstáculos que tem pela
frente, veneram o pessimismo, levam anos esperando que as soluções caiam do
céu, não se apercebendo que muito tempo já decorreu nessa esperança, e elas
continuam na mesma ou pior situação. Que as vezes que melhorou um pouco, foi
graças ter encontrado um trabalho, que lhe deu alguma sustentação, mesmo
temporariamente. Essa cegueira não é dos olhos, é simplesmente mental!
Finalizo
dizendo, que as realizações para as pessoas pobres são muito mais difíceis. Porém,
se você não for acomodado, com certeza encontrará uma maneira de conseguir o
que deseja!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!
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