Antonio Nunes de Souza*
Lógico,
claro e evidente, que não creio em saci Pererê, mula sem cabeça e,
principalmente, Papai Noel. Minhas condições de adulto, instrução escolar e
literária, me dão essa condição de não acreditar em coisas abstratas. Mas, como
bom brasileiro, que tem no sangue o espírito de brincalhão e gozador, me veio à
cabeça fazer um bilhete para Papai Noel, pedindo um presente maravilho, que me
fizesse bastante feliz, sendo algo ao gosto dele, e colocasse na varanda do meu
apartamento. Óbvio, que tratava-se apenas de um deboche de quem não tem nada
para fazer, que é o meu caso, na condição de aposentado!
Depois
de ir jantar com familiares, assistir a tal missa do galo, voltei para casa,
nem me lembrando da tal brincadeira, fui para o quarto dormir tranquilamente,
com a barriga cheia de peru, chester e outras delícias mais!
Depois
do sono dos Deuses, acordei e levantei para tomar um delicioso banho
refrescante, para enfrentar o calor dia, e em seguida, ao chegar na cozinha para
ver na geladeira o que comer no café matinal, ouvi umas batidas na varanda,
acompanhadas de alguns gritos baixinhos de socorro. Tomei um susto e fiquei preocupado,
imaginando que fosse algum ladrão, pois, moro no primeiro andar e,
tranquilamente, pode ser escalado com facilidade. Como não tenho revólver,
peguei uma faca grande na cozinha, e cheio de medo, puxei a cortina e logo
deparei com uma enorme caixa, enrolada com papel de presente, com um laço de
fita vermelha enorme e bonito. Aí, me lembrei do meu bobo bilhete, e logo veio à
minha assustada e surpresa mente: Será que estou louco, senil ou Papai Noel
existe mesmo?
Como
a coisa misteriosa continuava se debatendo, eu me cagando de medo, resolvi
puxar o laço de fita, e com a faça em riste e tremendo, comecei a abrir a
caixa, que de repente ficou silenciosa! Aí me veio uma coragem, que não sei
onde arranjei, meti as mãos na tampa e, num gesto rápido, destampei a enorme
embalagem. Meu susto foi inenarrável e inacreditável, pois, saiu uma mulher
lindíssima e maravilhosamente escultural, vestindo uma roupa totalmente
transparente, onde podia-se ver seu deslumbrante corpo, somente usando no rosto
um véu que lhe cobria parte de rosto, não deixando eu ver de quem se tratava.
Foi quando ela deu um largo sorriso, e tirando o véu, falou: Você me reconhece?
Rapaz,
puta merda! Tomei um susto retado, como diz o baiano, pois, de cara, reconheci
que era minha querida e adorada Isabela, mulher poderosa e bela como seu nome,
que ilumina as redes com sua beleza ímpar. Nos abraçamos, sorrimos, eu nem mais
pensava na inexistência de Papai Noel, já que ele acabava de provar sua veracidade,
que talvez seja até obra da demoníaca “Inteligência Artificial”, que anda
fazendo misérias pelo mundo a fora, mas, essa sua gentileza eu estava adorando,
reconhecendo que o velhinho me conhece bem, e sabe das coisas que agradam a
cada um dos seus admiradores!
Claro
que peguei minha adorada prenda, já abraçadinho e alegre, sentindo seu gostoso
perfume, misturado com seu cheiro peculiar e sedutor, nos dirigindo para a copa,
a fim de tomarmos um gostoso café, e depois, será o que Deus quiser. Ela
sorria, brincava e dizia que já me conhecia da Net, tanto ela como a prima May
gostavam de mim, e como eu era uma pessoa legal, ela atendeu o pedido do
velhinho, para que passasse uma semana comigo, fazendo tudo de possível e
impossível que fosse para me agradar. Logo veio na minha mente pecaminoso,
tantas sacanagens, que o escritor do Kama Sutra, ficaria de boca aberta, se
pudesse presenciar nossos magistrais desempenhos!
Terminado
o café, já agoniado e cheio de desejos, peguei meu querido presente pela mão e,
sem medo de ser feliz, a levei para meu quarto. Como não havia nenhuma timidez
nem pudismo, ela tirou o seu vestido transparente, que era a única peça que lhe
cobria muito vagamente, deitou-se, eu como ainda estava de pijama, me denudei
mais que depressa, deitando-me ao seu lado. Aí, quando eu ia lhe dar um gostoso
beijo na sua sedutora boca, meu celular tocou, e eu acordei com o maior susto.
Olhei para o lado da cama e não vi porra nenhuma. Atendi o telefone e era meu
irmão, me chamando para ir a praia em Ilhéus. Só pude dizer o seguinte: Seu
sacana, você não poderia ter me ligado com mais meia hora pelo menos?
Ele
sem entender nada, apenas disse: Cara, nós não combinamos que seria as 09 horas? E já são 09.10. Se apronte logo!
-Tudo
bem, pode vir que estarei a sua espera!
Coloquei
a sunga, vesti a bermuda, comi apenas uma maçã e, apenas por desencargo de
consciência, fui até a varanda, olhei e não tinha porra nenhuma, apenas o meu bilhete
feito à mão todo molhado, pela chuva da madrugada!
Bem
que o povo diz, que quando velho viramos crianças. Pois, voltamos até a
acreditar em Papai Noel!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras
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