Antonio Nunes de Souza*
Tenho
que sentir saudades do meu antigo Brasil, além de dar graças, por ter sabido
desfrutar o máximo possível, de todas oportunidades e momentos que a natureza
me proporcionava, Tínhamos políticos menos corruptos, que roubavam, mas, em
compensação, também faziam obras que beneficiavam a população!
Foi
um tempo que chovia onde devia nas épocas certas, fazia sol onde precisava, e
as enchentes eram raríssimas e moderadas, que serviam até de festas com as ruas
com águas nas canelas, que apenas serviam para lavar as partes baixas das
cidades. No outro dia estava tudo seco, restando apenas os divertidos
comentários sobre algum fato desagradável ocorrido, ou quase acontecido!
As
crianças brincavam de bola ou picula (esconde/esconde) nas ruas, praças e
jardins até as 21 ou 22 horas, quando eram recolhidos ou voltavam espontaneamente,
tomavam um banho e iam para suas camas. Eu já rapaz, minha casa ficava com a
porta encostada com uma cadeira atrás porque eu chegava mais tarde. Lembro-me
até de um amigo sacana, que passava mais cedo e batia o trinco da porta, e eu
tinha de bater e acordar alguém para abrir, e como consequência, tomava uma
bruta bronca por ser muito tarde. Depois de muitos anos foi que fiquei sabendo,
que o batedor de porta era Ivo Moreira!
Tenho
carro há dezenas de anos, desde vinte anos de idade, e sempre dormia estacionado
na rua, as vezes com as portas e vidros abertos, sem a mínima preocupação de
roubo. Lembro-me que tinha uma dupla de policiais, que eram chamados de “Cosme
e Damião”, que assustava qualquer vagabundo e só em vê-los nas ruas, nos dava
uma tranquilidade da zorra, sabíamos que estávamos bem protegidos. Hoje, quando
vejo um policial eu mudo de calçada e corro pra não receber uma bala perdida.
Quando se prendia um ladrão, com certeza era de galinha, e a cidade toda corria
pra ir olhar pra cara do moleque sem vergonha. Crime nem pensar, pois, quando
sabíamos de algum era pelo rádio e acontecia no Rio e São Paulo, ou então em
algum filme, por sinal eram proibidos para menores de dezoito anos. Atualmente
os crimes são nos jogos para crianças, e quanto mais bárbaros são mais preferidos
por elas!
Depóis
que o tempo passou, veio o maravilhoso(?) progresso, as coisas mudaram de tal
forma, que passamos a ter e sofrer consequências assustadoras. Passamos a ter
chuvas de granizo, neve, geleiras, quedas de barrancos, estradas bloqueadas,
cidades cobertas de água, tremores de terras, uma parte de terra afundando em
Alagoas, desmatamentos e incêndios florestais tenebrosos, brigas e matanças de
índios por terras, envenenamento de vários rios com exploração de ouro
inadequadamente, e sem as devidas licenças, e nossa preciosa segurança é,
literalmente, zero!
Não
posso deixar de citar as montanhas de faculdades, com seus cursos vergonhosos a
distância e presenciais, formando uma triste vertente de pessoas mal preparadas
para exercer as funções que foram diplomadas, por dinheiro e generosidade, pois
elas funcionam no velho sistema: “pagou/passou”!
Mesmo
sem querer, me tornei um saudosista, e lamento muito o que essa nova geração
vai ter que enfrentar, sendo comandada por robôs e Inteligência artificial.
Tomara que além desses tormentos todos, pelo menos tenham oxigénio para
respirar suficientemente, e se manterem vivos!
Creio
que já chegou o momento de uma nova arca de Noé, que desta feita tem que ser uma
nave ou plataforma espacial, para que possa pousar em outro planeta e começar tudo
outra vez, num novo paraíso, cujo o manda chuva seja bem melhor no comando!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapióna
de Letras!
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