segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

MINHA EXPERIÊNCIA COMO VENDEDOR! (Clique no título e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Por mais que a gente seja esperto e sagaz, sempre tem um dia que a “casa cai”, e nos fodemos solenemente, com sofrimentos e sequelas inesquecíveis. E, exatamente, isso aconteceu comigo, numa das minhas investidas amorosas, coisa que sempre me dei muito bem!

Meu nome é Alberto, tenho vinte e seis anos, e sempre trabalhei em vários tipos de empregos, aos troncos e barrancos terminei o secundário, e já com essa merda de diploma que não vale porra nenhuma, fui a um grande magazine, ver se conseguia uma vaga de vendedor, que me daria uma boa grana, já que seria o salário e comissões. Como tenha uma ótima aparência e bem falante, certamente atrairia muitas clientes, que geralmente sempre procuram para atende-las os vendedores mais bonitos. A mesma coisa dos homens quando entram nas lojas, sempre avançam nas mais gatas e gostosas. Eu, mesmo pobre, as meninas da minha comunidade sempre se abriam para transar comigo numa boa!

O fato é que consegui a vaga, deram-me um bom treinamento, pela grande diversidade do estoque variadíssimos de mercadorias e, com cinco dias, fui escalado para trabalhar no setor de eletro domésticos. Durante a manhã fiz alguns poucos atendimentos, mas, sem vender zorra nenhuma, já que fui avisado que a movimentação é sempre na parte da tarde. E era verdade, pois, assim que voltei do almoço, a loja estava cheia de clientes. Fui para meu setor, e logo apareceu uma mulher belíssima, que aproximando-se disse com uma voz bastante sedutora: Eu estou desejando um aparelho de som bem de ponta, com controle de voz, e todos recursos modernos do momento.  Será que aqui na loja tem?

Eu com meu espirito ousado de conquistador, mesmo vendo a aliança em sua mão, respondi: Se não tiver, para uma mulher tão linda como você, eu irei buscar no espaço sideral, montado na cauda de um cometa!

Ela fez uma cara de espanto, mas, ao mesmo tempo riu, e me perguntou: Você trabalha aqui há muito tempo?

-Para ser sincero, hoje está sendo o meu primeiro dia frente a clientela. E dei a sorte de encontrar uma cliente bonita que, com certeza, vai fazer uma compra. E pode levar o aparelho que vou mostrar, e caso tenha alguma dificuldade de usar todos os seus recursos, pode chamar-me que irei com prazer, lhe dar as instruções necessárias!

E isso faz parte do seu trabalho? Não seria mais lógico um técnico em atendimento?

-Na verdade seria, porém, como minha primeira cliente, e com seu charme, farei isso depois do expediente, sem cobrar nenhuma hora extra!

Ela voltou a sorrir, mas, sempre de uma maneira estranha, porém, como continuava dando andamento a compra, achei que a coisa iria rolar de alguma forma!

Fui pegar um puto equipamento de última geração, daqueles que você pede a música e o que aparece é o cantor no meio da sala, cantando ao vivo, ainda lhe abraça e dá autógrafo. Quando liguei ela ficou pasma e vibrando de alegria. E eu, entusiasmado com a alegria dela, falei com uma cara bem sacana: Ouviremos muitas músicas maravilhosas!

-Com certeza.  Pode mandar embalar que vou chamar meu marido para passar o cartão!

-Tudo bem, Estarei aguardando!

Eu fiquei completamente eufórico, não só pela venda, como a possibilidade de transar com aquela cliente maravilhosa. E imaginei logo que iria me dar bem nos balcões e nas camas!

Aí mermão, quando eu menos esperava, me aparece a mulher com o diretor do magazine e, olhando para mim, disse: Esse funcionário que você contratou é um conquistador barato, tentou me cantar, disse várias insinuações, mesmo sem saber com quem estava tratando!

Eu fiquei sem ação, o homem olhou pra mim com tanta raiva, que cheguei a sentir na cara o murro que ele desejava me dar. Mas, apenas falou: Seu canalha, saia imediatamente da minha loja, nunca mais entre aqui nem como cliente, e pode aguardar em casa, que o departamento de RH mandará seus documentos e algum valor que você por ventura tenha a receber!

Eu de cabeça baixa, pálido, não tive ação nem de pedir desculpas e, sem nem olhar para cara da desgraçada, saí mais que depressa, totalmente envergonhado e desnorteado. E na porta me encontrei com um cara que fez teste comigo, que me perguntou: Está gostando do trabalho?

E eu respondi: Eu até estava, mas, parece que não agradei ao diretor. E dizendo isso fui embora para casa, e nunca mais me esqueci desse fato, que me fez aprender, que “onde ganhamos o pão, não devemos comer a carne!”

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!  

 

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