Antonio Nunes de Souza*
Por
mais que a gente seja esperto e sagaz, sempre tem um dia que a “casa cai”, e
nos fodemos solenemente, com sofrimentos e sequelas inesquecíveis. E,
exatamente, isso aconteceu comigo, numa das minhas investidas amorosas, coisa
que sempre me dei muito bem!
Meu
nome é Alberto, tenho vinte e seis anos, e sempre trabalhei em vários tipos de
empregos, aos troncos e barrancos terminei o secundário, e já com essa merda de
diploma que não vale porra nenhuma, fui a um grande magazine, ver se conseguia
uma vaga de vendedor, que me daria uma boa grana, já que seria o salário e
comissões. Como tenha uma ótima aparência e bem falante, certamente atrairia muitas
clientes, que geralmente sempre procuram para atende-las os vendedores mais
bonitos. A mesma coisa dos homens quando entram nas lojas, sempre avançam nas
mais gatas e gostosas. Eu, mesmo pobre, as meninas da minha comunidade sempre se
abriam para transar comigo numa boa!
O
fato é que consegui a vaga, deram-me um bom treinamento, pela grande
diversidade do estoque variadíssimos de mercadorias e, com cinco dias, fui
escalado para trabalhar no setor de eletro domésticos. Durante a manhã fiz
alguns poucos atendimentos, mas, sem vender zorra nenhuma, já que fui avisado
que a movimentação é sempre na parte da tarde. E era verdade, pois, assim que
voltei do almoço, a loja estava cheia de clientes. Fui para meu setor, e logo
apareceu uma mulher belíssima, que aproximando-se disse com uma voz bastante
sedutora: Eu estou desejando um aparelho de som bem de ponta, com controle de
voz, e todos recursos modernos do momento. Será que aqui na loja tem?
Eu
com meu espirito ousado de conquistador, mesmo vendo a aliança em sua mão,
respondi: Se não tiver, para uma mulher tão linda como você, eu irei buscar no
espaço sideral, montado na cauda de um cometa!
Ela
fez uma cara de espanto, mas, ao mesmo tempo riu, e me perguntou: Você trabalha
aqui há muito tempo?
-Para
ser sincero, hoje está sendo o meu primeiro dia frente a clientela. E dei a
sorte de encontrar uma cliente bonita que, com certeza, vai fazer uma compra. E
pode levar o aparelho que vou mostrar, e caso tenha alguma dificuldade de usar
todos os seus recursos, pode chamar-me que irei com prazer, lhe dar as
instruções necessárias!
E
isso faz parte do seu trabalho? Não seria mais lógico um técnico em
atendimento?
-Na
verdade seria, porém, como minha primeira cliente, e com seu charme, farei isso
depois do expediente, sem cobrar nenhuma hora extra!
Ela
voltou a sorrir, mas, sempre de uma maneira estranha, porém, como continuava
dando andamento a compra, achei que a coisa iria rolar de alguma forma!
Fui
pegar um puto equipamento de última geração, daqueles que você pede a música e
o que aparece é o cantor no meio da sala, cantando ao vivo, ainda lhe abraça e
dá autógrafo. Quando liguei ela ficou pasma e vibrando de alegria. E eu,
entusiasmado com a alegria dela, falei com uma cara bem sacana: Ouviremos
muitas músicas maravilhosas!
-Com
certeza. Pode mandar embalar que vou
chamar meu marido para passar o cartão!
-Tudo
bem, Estarei aguardando!
Eu
fiquei completamente eufórico, não só pela venda, como a possibilidade de
transar com aquela cliente maravilhosa. E imaginei logo que iria me dar bem nos
balcões e nas camas!
Aí
mermão, quando eu menos esperava, me aparece a mulher com o diretor do magazine
e, olhando para mim, disse: Esse funcionário que você contratou é um
conquistador barato, tentou me cantar, disse várias insinuações, mesmo sem saber
com quem estava tratando!
Eu
fiquei sem ação, o homem olhou pra mim com tanta raiva, que cheguei a sentir na
cara o murro que ele desejava me dar. Mas, apenas falou: Seu canalha, saia
imediatamente da minha loja, nunca mais entre aqui nem como cliente, e pode
aguardar em casa, que o departamento de RH mandará seus documentos e algum
valor que você por ventura tenha a receber!
Eu
de cabeça baixa, pálido, não tive ação nem de pedir desculpas e, sem nem olhar
para cara da desgraçada, saí mais que depressa, totalmente envergonhado e
desnorteado. E na porta me encontrei com um cara que fez teste comigo, que me
perguntou: Está gostando do trabalho?
E
eu respondi: Eu até estava, mas, parece que não agradei ao diretor. E dizendo
isso fui embora para casa, e nunca mais me esqueci desse fato, que me fez
aprender, que “onde ganhamos o pão, não devemos comer a carne!”
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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