Antonio Nunes de Souza*
A zorra estava super animada, todos dançando, bebendo, se esfregando, beijando, enquanto o DJ mandava ver nas músicas mais efervescentes do momento, com o sensual ritmo do Funk que, queira ou não queira, você se excita demais com as roçagens de bundas e os requebrados imitando uma relação sexual!
Eu e minhas amigas, já habituadas as noitadas de sexta e sábado, sempre éramos bem cortejadas, escolhidas e, com certeza, sempre terminávamos a noite transando no banco de trás de um carro, ou num motel. Nunca em apartamentos, pois, por nossos parceiros serem conhecidos superficialmente na danceteria, tínhamos receio de ir para seus cafofos. Mas, nosso fodaço, tinha que ter no final da noite, ou seja, ao amanhecer!
As meninas trabalhavam como vendedoras em lojas e eu era caixa em um grande supermercado. A grana era uma merreca, porém, dava para andarmos bem arrumadas, uma vez que, nas festanças, sempre os caras pagavam as porras todas, pensando sempre que seriam recompensados com uma boa foda. Uma troca justa, e que dava prazer a ambas as partes!
Até que um dia, a parada estava comendo solta, casa lotada até o teto, salão abarrotado de gente, música na maior loucura e, sem que se esperasse, começou uma puta briga, uma porradaria violenta, voando cadeiras, mesas, garrafas e, no meio da meia luz, alguém sacou um revólver e começou a atirar doidamente no meio da confusão!
Resultado: Minhas amigas Clarice e Débora foram baleadas mortalmente, e eu recebi um tiro na coluna vertebral, que me deixou imobilizada da cintura para baixo o resto da vida!
Isso me aconteceu tem seis anos, e eu fico super tensa quando vejo nas TVs, os enormes paredões nas, casas de conveniências dos postos, comunidades e praças, os jovens se agarrando feito loucos e animais no cio, bebendo e tomando drogas de todas espécies, tudo organizado por traficantes, todos sujeitos a sofrer o que eu e minhas amigas sofremos. E nós éramos adultas com vinte e cinco anos, mas, hoje vejo, absurdamente, meninas de 13, 14, 15 anos, completamente loucas e devassas nas baladas dos Funks, fazendo até strip tease em cima dos carros, ou mesmo transando, e a galera muito doida aplaudindo!
Sinceramente, fico muito triste em ver que consideram todo esse absurdo, como progresso e modernidade. Pra mim é regresso e libertinagem!
Estou pagando caro a minha falta de bom senso, e as facilidades e desleixos dos meus pais nas orientações, me deixando de lado e a vontade, somente se preocupando com seus trabalhos durante o dia e novelas durante a noite!
*Escritor – Historiador – Membro da Academia Grapiúna de Letras - AGRAL
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