Antonio Nunes de Souza*
Só nos resta lamentar quando presenciamos cenas absurdas e selvagens nos centros mais civilizados (?) do mundo, ocasiões em que os homens dão exibições e demonstrações tão animalescas e irracionais, que não encontramos nem palavras para adjetivá-las como merecem. Qualquer que sejam nossas explanações, tornam-se pobres para qualificar as atitudes brutais que, tristemente, são habituais e normais dentro de uma sociedade que se diz organizada, e culturalmente diferenciada!
Pouco tempo atrás, no México, por causa de um resultado de uma partida de futebol, o estádio foi invadido pelos torcedores, proporcionando uma guerra onde morreram quase cem pessoas, milhares de feridos, transmitidas umas imagens sórdidas e sangrentas pelas televisões, ampliando o pânico já existente em todas comunidades mundiais, que já vivem fragilizadas em termos de segurança. Vale dizer que esse não foi o primeiro acontecimento grotesco e selvagem, pois, os ingleses já foram campeões nessa prática, e nossas torcidas brasileiras também, sempre estão enveredando por esse lado desumano e sanguinário, imaginando ser a maneira orgulhosa de demonstrar o amor e dedicação aos seus clubes. Pobre de nós, termos que conviver com esses animais, e ficarmos proibidos de ir a um estádio ver a arte do esporte com tranquilidade, ou mesmo circular nas ruas!
Tivemos outra demonstração de insegurança e desprezo, quando a polícia entrou em greve, e as cidades ficaram a mercê dos marginais, o comércio teve que encerrar suas atividades, fechando portas e, mesmo assim, muitas casas comerciais foram saqueadas e arrombadas por vândalos baderneiros. Vimos o povo correndo em pânico pelas ruas, transportes paralisados e escassos. Aliado a tudo isso, uma grande preocupação com o que poderia estar acontecendo nas suas casas e seus familiares!
Por mais que sintamos esses fatos, diretamente em nossas peles, temos que reconhecer que estamos colhendo o que plantamos no passado. E, sem nenhuma dúvida, dias piores virão, pois, estupidamente, continuamos a demonstrar que não sabemos viver em comunidade, não somos suficientemente solidários, agimos egoisticamente, não aprendemos a conta de dividir, e nos preocupamos muito mais com o ter do que com o ser. E nos fechando dentro das nossas redomas de interesses próprios, passando a ampliar as insatisfações, necessidades, desprezos, raivas e falta de educação que, infelizmente, se transformam em ódio, revolta, para nos atacarem por vingança e represália, pela maneira desprezível que são olhados e tratados!
Com esse triste comportamento social, onde a falta de humanização dentro da sociedade é comum, tolamente as pessoas não enxergam que os resultados pioram casa vez mais, e nós passamos, lentamente, a categoria de excluídos e prisioneiros dos bandidos, que nós, grosseiramente, ajudamos a criar graças ao comportamento errado e egoísta!
Acreditamos que, caso não tenhamos a sensatez de mudar nosso comportamento, humanizando nossas atitudes, respeitando os direitos da igualdade, bem cedo chegaremos ao extremo de guerras civis generalizadas, onde as razões estarão do lado dos mais poderosos e fortes. Aliás, já estamos venda as facções de bandidos e milicianos se expandindo, principalmente esses últimos anos!
Inclusive, chegamos ao ponto de uma brutal falta de senso e equívoco, eleger um governo que semeia a prepotência, arrogância, violência, desrespeito a ciência, instituições e ao povo, além de obscuras e claras corrupções!
Será que é essa a herança que vamos deixar para nossos descendentes, entrando para a história como uma geração fria e egoísta?
*Escritor – Historiador – Membro da Academia Grapiúna de Letras - AGRAL
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