Antonio Nunes de Souza*
-Irmão é uma satisfação ouvirmos seu testemunho espontâneo, para que sirva de exemplo e, ao mesmo tempo, mostre toda obra divina ocorrida em sua vida!
-Meu amado Pastor e todos os irmãos que estão aqui no templo, também aqueles que estão ouvindo e vendo através da TV e rádio, boa noite e prestem atenção nessa minha história, onde tive a oportunidade de conhecer e vivenciar milhares de coisas, malignas e benignas na vida de um ser humano!
-Foi num dia de verão, daqueles bastante quentes que, com o calor insuportável, o suor escorria pelas costas indo até o quadril, e também fazia aquelas rodas molhadas em volta das axilas. Eu, com 1,65 mts e com 90 quilos era um gordinho praticamente dentro da obesidade, trabalhava de “faz tudo” em uma modesta empresa, pouco ganhava e, logicamente, vestia-me mal, não sobrava nem para as ações de higiene. Basta dizer que, por não usar pasta de dentes, até em minha dentadura postiça apareceu dentes careados. Meu sapato era forrado internamente com um papelão grosso, pois havia um furo na sola, que além de entrar água quando chovia, ainda me queimei algumas vezes pisando em pontas de cigarro. Era o protótipo do “pobre de Cristo”!
-Entrei na casa lotérica para efetuar alguns pagamentos da empresa (água, energia, etc.) e como sobraram cinco reais, resolvi arriscar a sorte na mega Sena e voltar a pé, pois, esse era o dinheiro do transporte. Voltei caminhando mais rápido em função da distância, cheguei já no fim da tarde e pelo meu estado, muito suado e, certamente, meio fedido, meu chefe mandou que eu fosse para casa meia hora antes do normal. Cheguei, tomei um banho, tomei um café preto com um pão francês do dia anterior e fui dormir, já que nem televisão eu tinha!
-No dia seguinte, saí para fazer depósitos e pagamentos e, passando na porta da casa lotérica, vi uma faixa grande dizendo que o ganhador tinha jogado ali. Abri minha pastinha, peguei meu bilhete, e fui já tremendo conferir cheio de esperança, imaginando que poderia ser eu o premiado. A medida que ia conferindo a emoção aumentava: 05 – 19 – 27 – 42 – 43 - 48. Conferi umas cinco vezes e vi que eu era um dos ganhadores e receberia quase sete milhões de reais. Bastante nervoso, nada comentei, fiz os pagamentos e voltei para a empresa, porém, nada falei, apenas pedi uma licença do resto dia para acertar assuntos particulares. Licença concedida, fui direto para a caixa econômica, entrei, fui direto para a gerencia, mostrei meu cartão pedindo segredo total e ele, depois de checar, assentiu que eu era um dos ganhadores (foram dois). Colocaram-me em uma sala especial, trouxeram água, cafezinho e veio logo uma moça linda para abrir minha conta, já que eu não tinha em banco nenhum, nem tão pouco cartões de créditos. Abri a conta, depositei 6 milhões e meio na poupança, e trezentos e sessenta e sete mil e quarenta e três centavos na conta corrente, para que eu pudesse comprar logo todas as coisas que sempre desejei ter!
-Dia seguinte pedi demissão, nada dizendo para ninguém, uma vez que, embora me tratando bem, notava certo desprezo e preconceito no comportamento geral, em razão da minha feiúra e pobreza. Isso aconteceu em S. Paulo e eu me mudei logo para o Rio, lugar que tinha loucura para conhecer e desfrutar da sua maravilhosa cidade. Comprei um apartamento numa área meio suburbana, fui fazer tratamentos de saúde, (dentário e um checape geral), academia, fisioterapeuta a disposição, alimentação balanceada, etc. e, dentro de seis meses eu estava um gato nos meus trinta e dois anos, pronto para enfrentar as delicias cariocas. Comecei a frequentar barzinhos e danceterias, casas de pagodes, conhecer amigos e muitas mulheres, levá-los para sua casa para banhos de piscina, dançar funk e pagodes, bebidas e comidas sempre pedidas nos restaurantes caros, imaginando que a grana jamais acabaria. Comprei uma lancha que quase levou todo dinheiro e, sua manutenção, marinheiro, garagem na marina e outras despesas mais, fulminava tranquilamente minha fortuna, mas, cegamente, nada eu via, embevecido pelos prazeres que desfrutava! Meus novos amigos somente se preocupavam com as programações, sempre “pongados” em minhas costas, e eu, idiotamente, nada percebia até que a coisa estourou!
-Acordei uma manhã com duas notícias trágicas: A primeira foi do marinheiro da lancha que disse ter ocorrido um vendaval quando ele fazia uma manobra testando o motor e, por ironia do destino, a ventania jogou a lancha contra as pedras destruindo-a completamente, culminando em um incêndio e, como as parcelas do seguro estavam atrasadas, será uma perda total e irreparável. A segunda foi do gerente do banco que me chamava atenção que minha conta estava descoberta em mais de cem mil cruzeiros e ele precisava desse depósito para cobrir os cartões, cheques especiais e algumas outras contas que o banco normalmente fazia! Fiquei assustado, fui ver os meus desorganizados controles aí é que fui perceber que, apenas com dois anos eu tinha derretido todo aquele dinheiro, fazendo farras, festas, mulheres e viagens!
-Como resultado, tive de vender a casa para cobrir uma grande parte dos débitos, sobrando-me apenas a ridícula quantia de dezessete mil cruzeiros, que voltei para S. Paulo, para procurar um emprego. Mas, aqui me deram uma idéia para com esse dinheiro, comprasse um carro de cachorro quente que seria um bom negócio e me daria uma modéstia independência, e possibilidade de crescer! Nem pestanejei, fui direto na loja, e comprei por quinze mil, ficando o restante para comprar os mantimentos (a loja dava um curso grátis de como fazer os hot dogs). Mas, o meu destino já estava traçado e, com um mês de vendas, indo às coisas muito bem, fui atropelado por um caminhão, que nem parou para dar socorro e meu carrinho foi destruído, e tive algumas escoriações! Ninguém viu a placa do caminhão, e foi em vão minha queixa na polícia. Sem nem pegar os ferros retorcidos do carrinho, segui meu caminho sofrendo com aquela situação que eu mesmo criara, depois de Deus me ter dado uma oportunidade única. Pensei como fui um idiota, tolo e dispensei os conselhos de pessoas mais experientes que teriam me ajudado, preferindo umas amizades que só queriam curtir e se aproveitar da minha vaidade idiota!
-Foi aí que passando na porta dessa igreja, olhei a beleza interna do templo, vi centenas de pessoas cantando e orando, então resolvi entrar, não só para descansar, como também para aliviar minha conturbada mente. E, como um milagre emocionante, senti em meu corpo que algo estava entrando em minha alma e meu ser, deixando-me leve, feliz e protegido, como se alguém estivesse me perdoando e, ao mesmo tempo, dando-me sua proteção divina, fazendo-me voltar a ter fé e refazer todos os meus péssimos comportamentos, sendo cego para os presentes que Deus me deu. Aliviado, depois do culto, procurei o pastor, contei toda minha história e, como uma ovelha arrependida, passei a frequentar diariamente os cultos, ajudar nos eventos da igreja, tendo Jesus Cristo como meu salvador!
-O que posso dizer para meus queridos irmãos é que, depois de dois anos, estou trabalhando com um bom emprego, já consegui dar entrada em um pequeno apartamento, tenho um modesto carrinho e, melhor que tudo isso, tenho muita paz de espírito, tranquilidade e sou bastante feliz em nome do Senhor! Tive que viver uma vida atribulada, conhecer outro mundo que não era o meu, para, humildemente, encontrar o caminho da religiosidade!
-Com esse testemunho, quero passar para meus queridos irmãos, que jamais abandonem o Senhor, pois, seu filho Jesus Cristo não o deixará, e estará sempre ao seu lado lhe protegendo. Amém Aleluia!
Logo ouviu-se milhares de aleluias, gritos de louvações em nome de Jesus, como é normal nos programados e habituais milagres!
*Escritor – Historiador – Membro da Academia Grapiúna de Letras - AGRAL
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