sábado, 19 de março de 2022

MINHA IDA PARA SÃO PAULO!

 

Antonio Nunes de Souza*

Nordestino que se preza, depois que consegue com muito sacrifício, concluir o segundo grau, como na sua região emprego é difícil, trata logo de arranjar o dinheirinho da passagem, mais uma merreca para aguentar uns dias e, imediatamente, vai direto para São Paulo, que é considerado para os pobres o oásis encantado dos esquecidos da sorte!

E foi o que fez Genésio Bispo dos Santos, rapaz forte, alto, com dezoito anos e uma desenvoltura bem grande, que não se enquadrava nas características normais dos pobres nordestinos, que são tímidos, arredios e calados. Ficou hospedado num quartinho de um primo, que ofereceu essa morada por uma semana e, no dia seguinte saiu a procura de emprego. Entrou em dezenas de empresas, lojas, padarias, etc., até que cansado, entrou em um bar para beber uma água, e olhando o movimento da casa, perguntou ao gerente se estavam precisando de alguém, tendo um triste não como resposta. Porém, ao seu lado estava um homem que lhe perguntou: Você é de que cidade?

-Eu sou de Pernambuco, cidade de Arco Verde!

-O que você fazia lá como trabalho?

-Eu trabalhava na roça com meu pai e irmãos. Completei dezoito anos, terminei meu curso resolvi tentar a vida aqui!

-Eu estou precisando de um jardineiro para minha casa, se você quiser fazer um teste, e eu ver que você atende o que desejo, poderei lhe empregar!

-Aceito sim senhor e ficarei agradecido!

-Tome aqui o meu cartão, aí está meu endereço, amanhã as 8 horas você esteja lá para eu lhe mostrar o serviço e lhe apresentar a minha esposa, que é quem supervisionará seus serviços!

-Muito obrigado senhor. Estarei lá no horário e Deus lhe pague pela sua bondade!

Genésio quase que nem dormiu, pediu explicação ao primo de como chegar ao Morumbi, anotou tudo direitinho e seguiu para seu primeiro emprego na pauliceia. Chegou na bela mansão, tocou a campainha, se identificou, abriram o portão e ele foi ao encontro do Dr. Armando, que o levou ao grande jardim meio abandonado, gramado cheia de falhas, etc., então ele disse o que deveria ser feito, e o que fosse necessário ele falasse com sua esposa, que ele iria para a empresa e ela em instantes desceria para conhece-lo e atender nas coisas, inclusive as ferramentas que são necessárias para o desempenho do trabalho!

Com uns dez minutos, aparece a dona Marina, uma mulher muito bonita e, com certeza, muito mais jovem que seu marido. Falou que estavam sem jardineiro há um ano, e agora resolveram revigorar toda parte de jardinagem, que circunda a linda mansão. Sei que não tem pratica nesse serviço, mas, como me disse meu marido, você tem pratica de trabalho agrícola, e se adaptará rapidamente. Vou pegar o carro e vamos a rua comprar ferramentas, sementes e outras coisas necessários que o vendedor nos orientar, pois, não temos nada porque as ferramentas usadas eram do antigo jardineiro!

Seguiram, conversaram no trajeto, ele contou sua história, ela ficou sensibilizada e disse que ele fosse uma pessoa legal ela lhe ajudaria no possível. Compraram todo ferramental, sementes tapetes de gramas naturais, além de luvas, macacões e botas para ele. Saindo ambos alegres e felizes, sendo que ele estava preocupado em não dar conta do serviço!

Ela mostrou no fundo um pequeno apartamento com quarto, banheiro, sala e cozinha, disse que ali seria sua morada, porém as refeições ele faria na cozinha com os outros funcionários. Ele pediu para começar no outro dia, pois, iria até em casa, avisar ao primo e pegar a sua mala com suas coisas. Tudo combinado, voltou feliz, esperou e contou detalhado ao primo, agradeceu, deu seu endereço e o número do celular que dona Marina emprestou para poder se comunicar com ele sem precisar ficar gritando ou procurando, já que a mansão era enorme, ainda com uma piscina quase olímpica!

Chegou bem cedo, vestiu seu macacão, luvas, algumas ferramentas e seguiu para começar suas tarefas. O copeiro lhe deu algumas dicas, a cozinheira também, o motorista por estar aguardando o patrão, também deu uns palpites e, assim sendo, ele foi se adaptando, fazendo as coisas essenciais e com carinho que, no fim da tarde, que dona Marina desceu para dar uma olhado, ficou assustada com a melhora nos lugares que ele trabalhou, elogiando sua dedicação. Resultado foi que ele se dedicou tanto e se aprimorou em três meses, fazendo ressuscitar as roseiras, margaridas, gérberas, chuvas de pratas, angélicas, e o gramado estava um lindo tapete verde!

Passado um ano nesse emprego, Genésio foi visitar os pais em Pernambuco, levando presentes, pois, nada gastava do que ganhava, fazendo uma grande alegria para toda família!

Quando voltou, recomeçou seu trabalho e um dia estava com a roçadeira aparando a grama, quando ouviu na piscina alguém pedindo socorro. Correu para olhar, e viu que era dona Marina que subia e desci, e não pensou duas vezes. Pulou na água de roupa e tudo, agarrou a patroa pelos cabelos, ela se abraçou a ele agarrando-o pelo pescoço quase o afogando, mas ele nadou para a borda e a colocou deitada no deck. Foi correndo chamar o pessoal da casa, vieram todos, dona Marina já estava mais calma, apenas tossindo e colocando água pelo nariz, ajudaram a levantá-la, ela falou que não precisava chamar médico e que nem avisasse ao marido, para não preocupa-lo, que quando ele chegasse ela mesmo falaria!

Ele se refez das roupas molhadas, voltou ao trabalho, sendo olhado por todos como um herói, o salvador da madame. Dia seguinte já tranquila e sem nenhuma sequela, foi até o jardim e agradeceu com um forte abraço e um beijo no rosto, sua coragem e dedicação mediante ao acidente, pois, mesmo sabendo nadar muito bem, sentiu um desmaio inesperado que a fez afundar na água. Ela gentilmente, falou que devia sua vida para ele, e que estaria sempre as ordens para pagar essa dívida!

Ele meio escabreado, agradeceu a consideração da patroa e seguiu para seu trabalho, intimamente muito alegre por ter conquistado a confiança de dona Marina, obviamente, garantindo seu emprego, que lhe proporcionava uma vida de casa, cama, mesa e banho e um bom salário!

Aconteceu que um dia dona Marina, olhou e não o viu no jardim, pois, desejava que ele colhesse umas rosas, ligou para o celular e não atendeu, preocupada resolveu ir até seu apartamento no fundo para ver o que estava havendo e, ao chegar a porta estava encostada ela achando que algo estava ocorrendo de anormal, e na verdade estava. Genésio estava nu e se masturbando no banheiro. Ele tomou um bruto susto com a presença dela, e ela um susto maior com o tamanho e rigidez do membro dele, que mesmo com a surpreso continuou em riste, pronto para qualquer problema. Mas, em vez de problema dona Marina o abraçou beijando-o vorazmente, ao tempo em que segurava com firmeza no lindo cacete do jardineiro, que boquiaberto, nada fazia, apenas se entregava a ganância da mulher. Como não podia deixar de acontecer, a sacanagem rolou solta, Marina experiente, fazia tudo que sabia com aquela gostosa rola duríssima e a sua disposição!

Terminado o fodistério inesperado, ele totalmente atoleimado, e ela completamente feliz e saciada, falou para ele que seria o segredo deles, pois, fazia parte do seu pagamento, pela sua heroica salvação!

Resultado é que já se passaram sete anos com encontros furtivos, constantes, sensuais e sexuais, ninguém sabe, ou fazem que não. Ele entrou na faculdade, já estando perto[u1]  de terminar engenharia, mas, não abandonou o emprego de jardineiro, pois, além de salário e mordomias, ainda ganhava presentes, por ser o querido jardineiro que rega docemente a vagina da patroa. Mas, é bom dizer que nem todo nordestino que vai para Sampa, encontra essa moleza!

*Escritor – Historiador – Membro da Academia Grapiúna de Letras - AGRAL


 [u1]

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