Antonio
Nunes de Souza*
Tem
coisas que acontecem em nossas vidas que, por mais que queiramos ter, ou dar
umas explicações, nos faltam palavras em nosso dicionário mental que, com
certeza e veracidade, possamos relatar para outras pessoas.
Esse
caso acontecido comigo há alguns anos atrás, quando desfrutava de meus trinta
anos, acabado de voltar de Dalas, onde convivi dez anos com meus pais (minha
mãe é brasileira e meu pai americano), voltando ao Brasil, pois sempre sentia
saudades e, inegavelmente, aqui é o maior país do mundo para se viver!
Além
de trabalhos avulsos para ganhar alguns dólares, estudava, fervorosamente,
terminei o curso hight scool, tendo adquirido bons conhecimentos, como também,
dominando a língua inglesa como poucos.
Ao
chegar fui logo a procura de emprego e, por sorte e casualidade, encontrei em
uma indústria de equipamentos marítimos, uma vaga como uma espécie de faz tudo,
mas, com detalhes de importância, pois, por ser bilíngue, exímio motorista, boa
aparência e jovialidade, Dr. Arthur Carneiro de Albuquerque Jr., resolveu que
eu seria uma espécie de acompanhante, pois lidávamos muito com estrangeiros e,
minha perícia na linguagem, ajudava, substancialmente, os contatos.
Já
se passavam quatro meses de trabalho, porém eu, curiosamente, não tinha tido
nenhum contato com seus familiares, e nem conhecia a sua esposa!
Até
que aconteceu, pois fui busca-lo em casa, coisa que não era dos meus afazeres
e, quando cheguei, fui recebido por D. Maria das Graças Carneiro de Albuquerque
que, gentilmente, mandou que eu entrasse e aguardasse o seu marido.
Juro
por todos os anjos e querubins que nunca vi em minha vida uma mulher tão
tentadora, mesmo nos filmes ou televisão. Ela mesmo não sendo de beleza
absurda, seu conjunto de olhos, rosto, cabelo, sorriso, andar e tudo que você
possa imaginar, ela era uma corrente de tentações, que, facilmente, fez fervilhar
o meu sangue e, por que não dizer, um desejo ardente de tê-la em meus braços!
Olhe que, nas minhas andanças nos Estados Unidos, conheci mulheres de todas as
partes do mundo, mas, jamais aconteceu eu ver uma como essa que, em minutos,
deixou-me enlouquecido! Tudo que você possa imaginar de uma mulher
deslumbrante, ela tinha e em excesso.
Fiquei,
literalmente, hipnotizado com a presença dela, respirei bastante, me refiz da
boca aberta que fiquei, lembrando-me que tratava-se da mulher do patrão e que
eu tinha que ser comedido e respeitador. E foi a regra que segui durante alguns
meses adiante.
Certa
noite, haveria uma festa de aniversário de um amigo do casal e, Dr. Arthur
solicitou que eu fosse busca-lo em casa para leva-lo ao clube onde seria
realizada a festa. Lógico que me prontifiquei, preparei meu melhor terno para
apresentar-me bem e, ousadamente, muito feliz, pois iria ver novamente aquela
mulher sedutora que, em segundos me levou a loucura!
Fiquei entre os convidados, já que eu era um
funcionário diferenciado e benquisto, tomei alguns goles de champanhe,
sofisticados salgados, quando uma hora depois me avisaram que Dr. Arthur estava
me chamando. Rapidamente fui até a sua mesa e ele me falou que D. Maria das
Graças estava sentindo-se bem e que gostaria de voltar pra casa. Que poderia
leva-la e, se não desejasse voltar, ir para casa que ele iria de carona com alguém.
Falei que ficaria, mas, caso ele precisasse, bastava ligar!
Saímos,
pedi ao porteiro manobrista para pegar o nosso carro e, assim que chegou, abri
a porta de trás, mas, ela disse que preferia ir na frete com o banco reclinado
para trás. Posso parecer um exagerado, louco descabido, ou não sei o que,
porém, mesmo não se sentindo bem, ela jamais faria alguém não se sentir bem em
sus braços. Nunca tinha visto ou sentido um desejo feminino tão assustador e
impregnado de tesão.
Segui
pelo caminho, dirigindo lentamente, para melhor acomodá-la e, ao chegar em sua
casa, no silencio da noite e da própria casa vazia, ela estava, como se
cochilando fosse, com os olhos completamente fechados.
-D.
Maria das Graças chegamos!
E
ela pediu-me que a ajudasse a chegar dentro de casa, coisa que fiz com o maior
prazer. Peguei-a pela cintura, ela me abraçou o pescoço e chegando a porta do
quarto, sem que jamais esperasse, ela me deu um beijo na boca, daqueles nada
técnicos da tv, encostando mais ainda o seu corpo ao meu, como se estivesse
dizendo o que desejava naquele momento!
Não
vou me restringir a detalhes, mas, pode ter certeza que fizemos todas formas do
Kama sutra e mais algumas variações, enquanto ela era de uma desenvoltura
assustadora, eu era de uma virilidade dos meus 30 anos.
Terminamos
tudo, com pouquíssimas palavras e muitíssimos carinhos, segui para casa, ainda
abobalhado, imaginando até que tudo foi um sonho e que nada havia acontecido.
Mas, meu cansaço físico me deixava ver que que tudo foi real e maravilhoso!
No
dia seguinte, voltando para o trabalho, assim que cheguei, fui chamado ao
departamento de recursos humanos, setor pessoal e, lamentavelmente, as minhas
contas e cálculos de demissão estavam prontos, com a alegação de que estavam
contendo algumas despesas e, que meu trabalho, mesmo eficiente, seria dispensado!
Não
entendendo nada, quis falar com Dr. Arthur, mas ele tinha viajado para o
exterior logo cedo.
Sem
alternativas, fiquei sem saber a verdade que fez acontecer a minha demissão.
Passados
uns dois meses, começaria a temporada de verão, então resolvi ir para Porto
Seguro a convite de uma empresa de turismo, para que fosse gerenciar uma
Pousada quatro estrelas. Fiquei e estou nesse emprego há cinco anos e dando-me
bem com a sistemática da cidade, suas nuances, tradições, hábitos e costumes!
Ontem,
estando eu tirando o almoço do recepcionista da portaria, de repente, entra um
casal que me deixou de cabelo em pé: Dr. Arthur e D. Maria das Graças!
Tomei
um susto, fui cumprimenta-los, ele me abraçou e disse não entender o que
ocorreu na sua ausência naquele dia, e se eu tivesse voltado lá tudo seria
resolvido da melhor forma. Já ela, disfarçadamente, me deu um sorriso matreiro,
deixando a mostra que foi tudo uma obra dela, com receio de que eu falasse o
ocorrido com alguém da fábrica.
Pude,
lamentavelmente, perceber que, além de ser uma mulher loucamente fascinante,
era também uma grande filha da puta!
Passaram
o fim de semana, nos despedimos e saída, da mesma maneira que chegou, voltou a
dar seu matreiro sorriso, confirmando sua diabólica façanha!
*Escritor-Membro
da Academia Grapiúna de
Letras-aGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com-antoniomanteiga.blogspot.com
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