Antonio Nunes de Souza*
Naquele
dia tudo parecia que ia dar certo. Depois de azarar Dora por tanto tempo,
sempre recebendo um não sutil, hoje sendo meu aniversário, ela cedeu ao meu
convite de jantarmos, irmos a uma boite ou danceteria, comemorando a minha data
festiva, numa boa, sem os montes de amigos em volta. Seria para mim, uma noite
a dois que me pareceria uma lotação do maracanã de tanta alegria que estava
sentindo!
Marquei
que as vinte uma horas iria busca-la na Barra e, daí pra frente, nem Deus sabia
o que poderia acontecer, pois, só na minha mente, estava traçado um plano
maquiavélico que acabaria numa cama, com momentos delirantes e inesquecíveis!
Como
combinado, peguei minha coisa linda no horário previsto, ela parecia mais
bonita do que já era, talvez pelas minhas mirabolantes ideias sobre o que
ocorreria, já estava exagerando nas doses de elogios. Trocamos beijinhos
faciais, ela sentou-se ao meu lado e seguimos para o restaurante mais chique da
Avenida Contorno, que eu previamente, havia reservado uma mesa para aquele
horário. Chegamos, o motorista da casa pegou meu carro para levar para o
estacionamento, fomos entrando e logo recepcionados por uma linda jovem, que
perguntou meu nome e, imediatamente consultando seu celular, constatou minha
reserva, levando-nos para um lugar privilegiadíssimo, com uma vista
deslumbrante para a Baia de Todos os Santos. Parecia um quadro maravilhoso de
Carlos Bastos ou Genaro: Uma lua cheia maravilhosa, refletindo nas escuras águas
do mar e, curiosamente, passava um gigantesco navio, provavelmente cheio de
turistas, para conhecer a minha deliciosa e sedutora Salvador!
O
maitre veio nos dar boas-vindas, deu os cardápios, e retirou-se para voltar já
para pegar nossos pedidos. Nesse interim veio um garçom, que perguntou se
desejávamos beber algo. Prontamente escolhi um champanhe de boa safra, já que a
ocasião pedia coisas especiais. Primeiro um bom restaurante, depois uma boa
bebida, um excelente jantar, dançar um pouco para aumentar mais a intimidade e,
com certeza teria minha Dora como uma deliciosa sobremesa. Logicamente, tudo
isso fazia parte do meu já citado plano maquiavélico de aniversário. Fizemos os
pedidos, jantamos divinamente, conversamos, rimos e trocamos confidências.
Depois de mais duas garrafas de vinho, eu sempre bebendo mais que Dora, talvez
pelo entusiasmos e tensão por ter conseguido sair, com a mulher que sempre
desejei!
Saímos
do restaurante, segui para uma casa na orla, que além de ter uma ótima pista de
dança, sua especialidade são as clássicas musicas MPB, tocadas por um divino
quarteto formado por um piano, baixo, bateria e cantor. Exatamente o que estava
em meus projetos. Dançar agarradinho, estimular as libidinagens minhas e de
Dora, que assim fazendo a noite seria mais que deliciosa!
Depois
de mais um vinho do Porto especial, e algumas rodopiadas no salão, resolvemos
ir embora, já que eram duas da manhã. Meio preocupado e nervoso, pois, estava
exatamente na hora de convidar Dora para ir ao meu apartamento, selar com chave
de ouro, meu aniversário de quarenta anos. Tomei um pouco de coragem e disse:
Querida, já que está meio tarde, vamos para o meu apartamento que é aqui perto,
e pela manhã eu lhe levo para casa. O que você acha? Acabei de falar super
preocupado com medo de ouvir um não, já que toda programação, foi feita,
simplesmente, para dar uma boa foda com Dora!
-Tudo
bem, é até bom. Pois, me esqueci da chave e não será legal acordar minha mãe a
essa hora!
Ao
ouvir isso, meu coração disparou de alegria. Com muito vinho no juízo e desejos
contidos há tempos, certamente seria uma noite super inesquecível. Entrei pela
garagem, saltamos, tomamos o elevador para o quinto andar e, chegando a porta,
abri para que Dora entrasse, acendi as luzes e sentamos no sofá da sala. Logo
em seguida fui buscar um licor francês, para ajudar na digestão e brindar nosso
aconchego no apartamento, que era o ápice do meu sonho, para fechar o glorioso
dia. Foi quando Dora pediu para tomar um banho, já que havia suado um pouco quando
dançou no Bar Tender. Peguei uma linda toalha, dei para ela e a levei ao
banheiro, que é provido uma gostosa banheira Jacuzzi!
Voltei
para sala e logo depois fui para o quarto esperar pela volta de Dora, mas, ao
me recostar na cama, terminei dormindo desbragadamente, creio que em função das
garrafas de champanhe e vinho tomadas no decorrer da noite. E o resultado foi
que acordei as dez da manhã, vendo na cabeceira da cama um
bilhete que dizia: Querido Antonio, Sua banheira me seduziu, aí resolvi tomar
uma boa hidro massagem. Mas, parece que me demorei e quando voltei do banho,
perfumada e esperando encontra-lo feliz a minha espero, me bato com você
dormindo e roncando loucamente. Aí, fiquei com pena de lhe acordar, já que era
seu aniversário, você merecia ter uma noite de sono bem acalentadora. Então...vesti
minha roupa, chamei um aplicativo da Uber, e fui para casa. Um beijo e espero
que nossa noite tenha sido inesquecível.
Com
carinho, Dora.
Não
precisa dizer que fiquei putíssimo da vida, pois, tudo se resumia numa gostosa
transa com a mulher que há muito tempo eu desejava e, exatamente no dia que
consigo, fui encher o cu de vinho e jogar a oportunidade fora. Tenho que
confessar que já voltei várias vezes a convidá-la para sair comigo, e ela
sempre dá uma desculpa. Imagino que deve pensar: Esse merda é bom de cama, mas,
para dormir!
Realmente,
foi uma noite FDP e inesquecível!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia grapiúna
de Letras!
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