Antonio Nunes de Souza*
Chega
uma hora em nossa vida, que tomamos coragem e decidimos confessar determinados
fatos ocorridos conosco, que, literalmente, fizeram eu sofrer e depois dar uma
guinada de trezentos e sessenta grau, fazendo com que eu visse a pura
realidade, como funciona esse injusto mundo, comandado, veementemente, pelo
poder e o vil metal, ou seja, o dinheiro!
Eu
me chamo Stefanny Silva Santos, nome dado por minha pobretona mãe, que achou bonito
em um filme. Meu pai nunca soube quem era, pois, nem minha mãe sabia, em função
de transar sempre com diferentes. Em crianças sempre acordava e encontrava um
diferente e ela dizia que era meu tio. Acho que ninguém teve tantos tios na
vida quanto eu!
Mesmo
com essa vida mundana, ela me levava para a igreja católica, que terminou eu me
habituando ir, pois era perto de casa, ia sozinha e era para mim mais uma
distração, que na verdade uma devoção, muitas gente, senta levanta, rezas,
sinos tocando, incensos, etc., que representavam momentos de alegria
diferenciada nas minhas poucas distrações, Aí fui crescendo, me desenvolvendo,
porém, não deixava de ir quase que diariamente as missas, até que vi que as
minhas orações a nada estava me levando, já com quinze anos, notei que a missa
era uma repetição chata, que apenas representava repetitivamente a vida de
Cristo, apenas com algumas pregações, que no fundo eram iguais e com as mesmas
intensões. Na minha pobreza e as necessidades básicas, pois minha mãe pouco
ganhava com sua vida desregrada, um dia resolvi deixar essa crença, procurando
outra que fosse mais eficiente em termos de respostas as minhas reais
necessidades. E, sem que ninguém interferisse, dirigi-me a uma igreja
evangélica, conhecida pelo seu tamanho e poderes milagrosos com os seus fiéis.
Prontamente passei a frequentar assiduamente, deram-me uma Bíblia, o pastou me
abraçou e todos deram aleluia pela chegada de mais uma irmã. Esse festejo
inicial me deixou entusiasmada. Como no passado na católica, passei a ver que,
curiosamente, a enormidade dos fieis eram desempregados, pobres, pretos,
doentes e idosos. Excetuando alguns parentes dos pastor e um ou outro gato
pingado, que deveriam ser idiotas inocentes como eu!
Novamente,
fui percebendo que nós cantávamos, orávamos, gritávamos aleluia, dávamos
dízimos espremidos do que conseguíamos fazendo bicos, e quando olhava novamente
para os lados via as mesmas pessoas, mais debilitadas, desesperadas, com fomes
e com menos doentes, pois muitos haviam morridos. Vi claramente, que mais uma
vez estava bancando a imbecil, acreditando que essas religiões são as nossas
salvações. Chegávamos nas igrejas pobres e saímos miseráveis, chegávamos com
fome e saíamos com os estômagos roncando, somente levando a promessa que todos nós
iriamos para o céu. Mesmo idiota, percebi que elas melhoram e muito, as vidas
dos seus pastores, padres e bispos. E, mais que depressa, saí dessa vida
religiosa farsante, que domina, absurdamente, grande parte do mundo, que procura
uma bengala mágica, para sustentar suas dúvidas e inseguranças!
Estando
com dezenove anos, mesmo com uma vida alimentar fraca e morando mal, tinha um
corpo bonito e um rosto razoável, além de ser uma mulata, que sempre provoca
certa apreciação. Olhando-me por esse ângulo, achei que iria resolver a melhoria
de minha vida de uma outra forma mais lógica, eficiente e real, em vez de ficar
esperando as coisas caírem do céu!
Passei
a me arrumar melhor, mesmo com minhas roupas pobres e simples, circular mais
pelas ruas, vendendo algumas bugigangas, como água, panos de pratos,
salgadinhos, etc., que dava apenas uma merda, mas, ajudava para ir levando. Até
que encontrei um cara que me paquerou, oferecendo mundos e fundos, e eu, mais
uma vez idiota, acreditei e fui morar com essa figura, que parecia ser uma
maravilha. Porém, com o tempo fui vendo o vacilo que deu. E quando quis cair
fora, ele passou a me ameaçar, bater e me maltratar sem o mínimo respeito.
Aguentei essa penúria por três anos, até que me livrei, voltando a minha vida
anterior de vendedora ambulando para defender o pirão, as vezes almoçando e
bebendo água no jantar, ou café preto com pão sem manteiga ou com margarina!
Mediante
essa situação triste, resolvi dar a minha gloriosa volta por cima, aceitando
todo tipo de ajudas, mesmo que seja em troca de uma transa, mas, sem precisar
gritar aleluia, tinha todos os dias o que comer, vestir, me divertir e me
tornar uma pessoa feliz. Moro em uma casinha simples, mas tenho minha
geladeira, televisão, fogão, ventilador, cama gostosa e como almoço e jantar. E
para ter tudo isso, o que faço não me tira nenhum pedaço, vejo milhões fazerem,
basta que saibam escolher as pessoas certas. Estou estudando bastante, vou
entrar para faculdade e, daqui a quatro anos ou cinco, estarei formada,
independente, e aí, poderei fazer somente o que desejar, pelo resto da vida!
Só
em me lembrar quanto imbecil eu fui, os anos que perdi ouvindo e seguindo essa
sociedade hipócrita, que tudo é pecado, e todos fazem as escondidas. Estou
fazendo esse depoimento, no sentido de abrir os olhos de outras babacas, que
vem há anos gritando aleluias, cantando e batendo palmas, além de dar seu
dinheirinho com dízimos, e não percebem que continuam na merda, e o pouco que
melhoraram, foi porque batalharam ou algum amigo a ajudou. Tenham coragem e
saiam dessas crenças, que são verdadeiras doenças, somente privando sua vida
das coisas maravilhosas que o mundo oferece, pois, depois da morte, tudo é uma
incógnita. Eles afirmam a existência, para poder continuar sugando a humanidade!
Seja
corajosa, valente e guerreira, que com certeza o tal milagre vai acontecer,
mas, graças sua maneira de agir, sem seguir dogmas ultrapassado e obsoletos.
Adianto até para vocês, que muitas das minhas colegas de cursinho, procedem
exatamente igual a mim, e são bastante alegres e felizes!
Chega
de perder tempo minhas amigas, Foder nunca matou ninguém. Agora: fome, doenças,
falta de moradia, desconforto, etc., tem matado muita gente. E tem um detalhe:
Se existe céu e lá quem fode não entra, com certeza deve estar totalmente vazio!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros Fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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