quarta-feira, 8 de novembro de 2023

AS TECNOLOGIAS E MODERNIDADES! (Clique no título e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Volta e meia estou envolvido com as novas descobertas científicas e os modismos que a mídia trata com um destaque que chega as raias do terror, criando pânicos e assombrações psíquicas nas mentes humanas, levantando problemas e conjecturas, com fatos que sempre foram encarados dentro da normalidade e, no passado, mesmo nos deixando putos da vida, empurrávamos com a barriga e descontávamos com as mesmas moedas, sem que tivéssemos de recorrer a médico ou analista!

No momento, o que está na “berlinda” é o tal do BULLYING!

Curiosamente, ou talvez por isso, vivi por mais de 2 décadas numa cidade do recôncavo (Santo Amaro) e, quase sem exceção, todos nós tínhamos apelidos, e éramos sacaneados nas aulas, recreios, festas, esportes, etc., e ninguém ficava ou ficou traumatizado, deixou de estudar, tentou suicídio ou morreu de desgostos e complexos. Encarávamos os nossos defeitos e aparências com naturalidade, reconhecendo que havia sentido as merdas dos apelidos que nos rotulavam. Era algo tão normal que, sinceramente, tive amigos e colegas que até hoje não sei os seus nomes verdadeiros, pois, somente nos tratávamos pelos cognomes, até quando íamos chamá-los gritando nas portas das casas, e a familia recebiam numa boa!

Só na minha rua a variedade era enorme: Baleia, Bola sete, Cabeça de Martelo, Bunda de balaio, Caveira amorosa, Cocô de pinto, Cabeça de cupim, Manteiga, Quatro olhos, Boca de Têta, Catarrento, Criado com vó, Barriga de bosta, Piniquinho, Tolete, etc.,e se eu tivesse de relacionar os apelidos dos meus amigos, colegas de colégio, infância e juventude, teria que preencher dezenas de cadernos. E olhe que não estou citando os pejorativos e imorais, que não eram poucos. Posso dizer, com fé de ofício, que essa maravilhosa turma tornou-se vitoriosa, quase todos com formação universitária, excelentes profissionais, constituíram famílias alegres e felizes, encontro-me anualmente com a grande maioria deles, continuamos nos tratando pelos apelidos, e nos abraçamos com manifestações carinhosas das lembranças agradáveis de nossas vidas!

Só como adendo, cito ainda que tomávamos muitos bolos de palmatórias nas sabatinas, cascudos dos professores e alguns outros castigos severos, etc., e ninguém morreu nem ficou depressivo. Fazia-nos era estudar mais para não se ferrar, pois, quem não tinha notas boas, não ia à missa aos domingo e não lustrava os sapatos, não tinha direito de ir assistir os filmes da matinné. E era uma tragédia, já que não tínhamos TV, computador, nem celular naquela época!

Hoje, com essas modernidades, e as famílias não dando educação aos filhos, uma vez que os pais saem pela manhã para seus trabalhos, voltando à noite cansados, nem acompanham os fatos que acontecem na vida deles. Mas, se alguém faz uma queixa, por mínima que seja, os pais vão logo procurar os direitos humanos, conselhos de classe, alegando que os filhos não comem, não bebem, não dormem, e exigem indenizações e expulsão imediata do professor queixoso!

É bom ressaltar, que me baseio em experiência profissional e de vida, além de pesquisa científica na Secretaria de Educação do Estado da Bahia, onde fui Assessor Especial por 3 anos. Tenho até a ousadia de dizer que, seguramente, isso não passa de uma grande frescura do mundo moderno!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!

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