Antonio Nunes de Souza*
Seria
eu um idiota se achasse que o dinheiro não é importante em nossa vida. Pois,
inegavelmente, esse vil metal é o maior impecílio de nossas vidas e,
paradoxalmente, também é o maior facilitador de todos os nossos maravilhosos
desejos. Um fato estranho, porém, literalmente, verdadeiro!
Agora
imagine o drama cruel e absurdo, ter que viver nas mãos de algo que depende-se
para tudo e, infelizmente, é uma das coisas mais difíceis de se conseguir,
principalmente pela ganância coletiva em tê-lo, faz com que cada ser humano
queira engolir o outro, simplesmente para amealhar mais esse produto que,
indubitavelmente, assim como provoca alegrias e satisfações, dissemina o ódio,
raiva, violência, crimes, guerras e muitas outras barbaridades. Mais uma vez,
bem surreal!
Nota-se
claramente, que com a ganância coletiva da humanidade, o dinheiro tornou-se a
coisa mais importante do mundo, proporcionando tudo de bom e ruim que acontece
na face da terra. Aliás, podemos dizer que seguramente, em todos os nossos
passos, planos, projetos e sonhos, sua presença é imprescindível e totalmente indispensável.
Novamente insólito!
Mas,
vocês pensam que a culpa é dele? Se assim pensam estão todos enganados, pois,
culpados mesmos são as pessoas que, infelizmente, usam de todas as artimanhas
possíveis para adquiri-lo, quer seja através de trabalho, ludibriações,
mentiras e até roubos e assaltos, sempre no sentido de alimentar suas
ganâncias, melhorar seus status sociais, principalmente se igualar aos mais
privilegiados, que foram sagazes nas conquistas financeiras ou digníssimos
herdeiros!
Sinceramente,
não sei se elogio o ganancioso, o acomodado ou o indiferente. Para mim o
ganancioso é capaz de atropelas todos, no sentido de conseguir seus intentos,
usando amizades, tráficos de influências, tapeações e até algumas mentiras
convencionais, que fazem parte dessas operações. Os sacos dos gananciosos são
totalmente furados e nunca enchem, pois, sempre está invejando um outro que tem
mais que ele. O acomodado, como o nome diz, se ele consegue ganhar o que lhe dá
uma razoável sustentação, passa a se sentir realizado, feliz e contente, por
estar vivendo relativamente bem, sem precisar matar um leão por dia. Finalmente
chegamos ao indiferente, que como não acredita muito em futuro, trabalha, ganha
até mais que o suficiente e, tranquilamente, gasta tudo no dia seguinte (às
vezes até no mesmo dia), sempre confiando em suas habilidades e trabalho para
ganhar novamente, para atender seus desejos e necessidades. O indiferente é tão
diferente e inusitado, que se ele ganha no dia 100 reais, ele saí do trabalho e
se passar num restaurante e der vontade de comer camarão ou bacalhau, cujos
pratos são desse valor, ele senta, come, paga e vai para casa limpo, sem estar
preocupado com o café da manhã. Para ele amanhã é outro dia, e ele nem sabe se
estará vivo. Digo isso com segurança, porque sou exatamente assim, e já vou
fazer 82 anos, sou feliz, nunca passei fome, jamais fui escravo de dinheiro,
não tracei meta de ser rico e, talvez por isso, viajei por mais de uma dezena
de países, conheço meu Brasil quase todo e uma centena de cidades da Bahia. Hoje
não tenho onde cair morto, mas, a merreca que recebo da aposentadoria, me dá
uma vida boa e invejável até por muitos dos gananciosos!
Esse
é retrato simplório do glorioso dinheiro, seus amealhadores, admiradores e necessitados,
que se curvam perante seu alto poder de soberania. Acredito que se você souber
administrar sua vida, observar que essa veneração financeira não leva a nada, e
trata-se apenas de um poder ilusório, com certeza será muito mais feliz, tendo
uma vida libertada da brutal ganância!
Meu
avô que era um grande filósofo popular, sempre me dizia: “Quem não rouba ou não
herda, morre na merda!” Eu ria muito e hoje vejo que ele exagerava um pouco nas
conjecturas!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros Fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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