Antonio Nunes de Souza*
Acredito
piamente, que todo homem já teve na vida, uma paixão assustadora e
incontrolável. Quer seja na infância, Juventude, puberdade, ou quando adulto,
que é a mais forte e dominante, pois, as anteriores geralmente são passageiras,
e com um tempo são completamente esquecidas!
Porém,
a da fase adulta é, literalmente, foda. Pois, desnorteia completamente o indivíduo,
ele perde a moral, o senso de ridículo e, principalmente o amor próprio,
ficando numa merda completa. E foi exatamente o que aconteceu comigo, quando
conheci Maria de Lourdes, moça linda, vindo de uma cidadezinha perto de Feira
de Santana, para estudar em minha cidade. E isso aconteceu logo que a vi na
janela do pensionato, com seu sorriso angelical e seu lindo olhar sedutor,
demonstrando a pureza das moças interioranas!
Daí
pra frente, minha rotina era ir para frente do ginásio, ver a hora que ela saía
toda garbosa, e eu sempre procurando receber pelo menos uma olhada ou um
sorriso, mas, ela era seríssima e nem me dava bolas. No fim da tarde, tomava
meu banho, colocava uma roupa vistosa e, tranquilamente ia dar meu passeio na
rua direita, para passar em frente ao seu pensionato, sendo que as vezes ficava
puto, pois, ela não estava na janela. Mas, sem pestanejar, eu dava uma volta no
quarteirão e torna a passar, até que conseguia vê-la. Porém, Lourdinha como era
chamada pelas amigas, nem ligava minha passagem ou presença. Aquilo me deixava
aniquilado, coração partido e desencantado, pelo desprezo dado pela minha
amada!
A
verdade é que esse desprezo que ela me dava, foi me magoando por dentro, me
deixando desiludido, já que não tinha tido nem uma oportunidade de falar com
ela, desabafando meu grande amor, que tornou-se em uma violenta e grande
paixão!
Vendo
que ela nada fazia, no sentido de um pequeno flerte ou bola, como se dizia na
época, comecei a ficar revoltado, com raiva e ódio, mas, apaixonado como
estava, tinha que pelo menos falar com ela, declarar meu grande amor, na
esperança de um bom resultado!
Aí,
um dia me armei de coragem, coloquei minhas melhores roupas, peguei um perfume
da minha irmã, me preparei todo e segui para a porta do ginásio, para que na
sua saída, encara-la e propor o meu amor e consentimento para namorar. Saí de
casa, remoendo o que iria dizer: Vou ser sincero e dizer que lhe amo. Mas, se
ela der risada eu vou ficar puto. Tudo indica que ela vai me dar o maior não e
é capaz de me chamar de ousado e virar a cara. Aí vai ser bem vergonhoso. E se
ela disser: Saia da minha frente seu idiota! Porra, eu vou enlouquecer se essa
mulher me disser isso. Nisso, com esses pensamentos, eu já estava nervoso, suado
e com raiva dela. E o resultado foi que, quando cheguei ela ia saindo, e eu,
furiosamente, virei para ela e disse: “você é metida a besta, pensa que é uma
rainha, e vai dizer que eu não presto, quem não presta é você. Nem que você
queira eu quero namorar com você, eu sabia que você ia me dar um não, não
ligando nada do que eu dizer, e eu não quero mais lhe ver. Depois de dizer
essas merdas todas, dei a volta, ela supre surpresa, pois nem me conhecia, não
deu uma palavra, corri para casa, fui para o quarto, onde chorei por mais de
uma hora!
Já
no outro dia, com vergonha de mim mesmo, fui para Salvador, e nunca mais soube
de Maria de Lourdes, minha grande paixão de Amélia Rodrigues!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e Um dos Membros Fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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