Antonio Nunes de Souza*
Para
aqueles que como eu, nascidos em 1941 em plena segunda guerra mundial, todos
vivendo um verdadeiro pânico, morando em cidade do interior, sem televisão
internet, Zap, tendo somente (alguns privilegiados) uns rádios movidos a
válvulas, que davam mais descargas e ruídos que as próprias notícias sobre os
ataques aéreos. E além dessa tragédia, ainda a preocupação e tristeza de uma
fatia de famílias brasileiras, já que estava sendo recrutado o batalhão de
pracinhas, que foi lutar na Itália por solidariedade, onde venceram uma
batalha, mas, infelizmente, com a morte de mais de 60% dos valentes soldados
tupiniquins!
Vejam
vocês que ano e ocasião meus pais acharam de me fabricar. Porém, durante os
anos da maldita guerra, na minha inocência, achava uma festa aqueles corre,
corre nas ruas quando passava no ar um avião, algumas vezes o tal zepelim, com
sua forma estranha de charuto, que eu pequeno vibrava com alegria pelo seu
enorme tamanho!
Nessa
época nós éramos terceiro ou quarto mundo, talvez até quinto, eu não sei bem,
entretanto, com toda merda, seguramente éramos todos felizes. Não tínhamos no
nosso querido Brasil, deslizamentos de morros, chuvas torrenciais, enchentes
avassaladoras, tremores de terra, ventanias de 100 quilômetros, tufões, trombas
d’aguas, neves, geadas, chuvas de granizos, rios e mares poluídos, altas
temperaturas, secas deploráveis, dezenas de viroses, drogas, crimes,
sequestros, assaltos, e mais uma infinidade de problemas outros!
Será
que com essas tragédias todas, você tem coragem de dizer que estamos progredindo?
Se
você não é desse meu tempo, e nunca se preocupou em ler sobre o passado, com
certeza deve achar que essas podridões fazem parte de uma evolução do planeta e
dos homens. Pois, saiba que seu conceito de evolução está completamente fora da
realidade, uma vez que isso tudo representa, simplesmente, uma destruição em
massa da natureza que, fortemente e com razão, responde enraivada provocando
uma destruição sem precedentes, querendo abrir os olhos da humanidade, dizendo
por linhas tortas, que se não mudarem os comportamentos, terão como castigo as
perdas dos seus bens e suas próprias vidas. Observem que cada vez que os fatos
acontecem, são sempre com maiores intensidades e violências, contabilizando
maiores perdas e destruições!
Nós
do passado éramos felizes, e sabíamos sim, com toda certeza. Podíamos brincar
nos jardins, sair andado a noite pelas ruas, tomar banho nos rios, as praias
eram limpas e as águas puras e deliciosas, podíamos respirar ar puro e oxigenar
bem nossos pulmões, coisas que hoje, por culpa do tal progresso, ninguém tem mais
o privilégio de fazer!
Com
essas boas lembranças, eu parto a qualquer hora com uma brutal tristeza, por
não ter podido fazer nada para mudar essa amarga situação, que, infelizmente,
meus descendentes cruelmente herdarão!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros Fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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