quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

QUERIDA ANDREZA (II)

 Antonio Nunes de Souza*

Passados dois meses que minha traidora mulher Andreza tinha morrido, tendo eu tudo sobre controle e levando minha nova vida, acidentalmente fazendo uma manobra no meu carro, bati de raspão em uma árvore e, por azar, arranhou e machucou a lateral!

Chateado, já era fim de tarde, providenciei o laudo pericial, para na manhã seguinte ir a seguradora, ver os meus direitos de cobertura. E fui o que fiz logo cedo. Entrei procurei o gerente e relatei o meu caso minuciosamente, pois, o laudo não constava certas minucias!

Preenchi a papelada que me foi dada e, conversando, o gerente lembrou-se de mim e perguntou pela minha bonita mulher. Foi aí que lhe contei a tragédia do atropelamento (sem tocar na traição) e sua morte imediata. Ele fez uma cara de espanto, lamentou e, com sua memória experiente de securitário, lembrou que, no dia que comprei o carro, fiz o seguro e, ao mesmo tempo, fiz um seguro de acidentes pessoais no valor de R$ 100.000,00 para cada um, sendo beneficiário, aquele que tivesse a felicidade de estar vivo!

Lógico que levei o maior susto e me lembrei na hora desse (benza Deus) fato! Ele olhou em seu computador, confirmou a sua lembrança, e falou que eu levasse lá a apólice, juntamente com um laudo médico do IML, provando a morte acidental, para que fosse feito o devido pagamento. Juro por Deus que, naquele momento, nunca me senti tão feliz na vida ser um grande corno!

Deixei o problema do carro resolvido, sabendo de como seria a franquia e, Deus me perdoe, voltei para casa todo sorridente, para procurar a tal da apólice que me daria um grande presente. Imagine que nem me lembrei desse seguro!

Passados dois meses, em função das burocracias, estava eu com minha nova namoradinha comendo uma pizza, quando meu celular tocou, vi que era da seguradora, avisando-me que o dinheiro já estava a minha disposição, que poderia passar na manhã seguinte, assinar a recepção e determinar em que banco deveria ser depositado. Dei um grande sorriso internamente e, olhando para  Diana, falei: Amanhã amor eu vou a seguradora resolver um negócio, e quero que você vá comigo, pois vou aproveitar e fazer um seguro de vida para nós no valor de R$ 200.000,00 para cada um em caso de morte, acidental ou natural. Seremos os próprios beneficiários, um do outro!

-Que bom amor, nunca sabemos o que pode acontecer na vida e, para isso, vale a pena ser previdente. Obrigado querido! No meu pensamento imaginei, quem sabe se não pode acontecer outra vez e eu me dar bem?

Pelo sim, pelo não, nada custa tomar certas precauções, que poderão ser benéficas no decorrer do tempo.

Tudo isso que aconteceu, somente fez aumentar a minha fé divina e confirmar o adágio popular: “DEUS ESCREVE CERTO ATRAVÉS DE LINHAS TORTAS”!

*Escritor- Membro da Academia Grapiúna de Letras-AGRAL-antoniodaagral26@hotmail.com

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