quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Não são somente santos!

Antonio Nunes de Souza*

Não é uma novidade você já ter lido várias de minhas crônicas e artigos, ressaltando, com veemência, a profissão de professor, elogiando ao máximo suas dedicações, coragens, força de vontade para seus desempenhos e, infelizmente, sendo remunerados menos que o merecido, com as alegações governamentais absurdas de que não tem condições de pagar melhor. Desculpa super descabida, pois, uma das profissões mais importante no nosso país e do mundo, é sem a menor dúvida, a de mestre! Portando, deve ser orçada com fatia gorda e benéfica de recursos, para que funcione a contento!
Porém, desta feita, volto ao assunto para fazer algumas ressalvas, que podem ser consideradas absurdas e imperdoáveis, com relação aos comportamentos de uma fatia grande de professores, que, até desrespeitando as leis e abusando das facilidades encontradas, procedem de maneiras erradas e condenáveis!
Para que não me alongue muito, vou me ater apenas a alguns fatos tristes e vergonhosos que tive oportunidade de presenciar e comprovar. Não se trata de ”me disseram ou ouvir dizer”, pois, quando trabalhava na Secretaria da Educação do Estado, tinha acesso a essas pesquisas e informações, detalhadamente. Portanto, o que vou citar tem procedência e respeitabilidade!
Encontrei centenas de professores que, com atestados médicos graciosos, não frequentavam as aulas nos colégios públicos e, vergonhosamente, recebiam seus salários normais, contudo estavam sadias e ensinando em colégios particulares, ganhando duplamente!
Na mesma época, foi feito, a meu pedido, um levantamento do auxílio transporte e, novamente, comprovamos que, várias centenas de professores, para dobrar ou triplicar seus auxílios transportes, providenciavam uma mudança de endereço fictícia e bem distante dos colégios (casas de parentes ou amigos). Consequentemente, ludibriando o governo!
Como também, professores que se cadastraram para ensinar no curso “TOPA”, com a benevolência de diretores de colégios e Ongs, colocavam pessoas para dar as aulas, as vezes até sem qualificações, com o compromisso de dividir os salários nos finais dos meses!
Esses procedimentos, infelizmente, não sei se ainda ocorrem, mas, até quando me desliguei, eles continuavam sendo procedidos, acobertados por políticos inescrupulosos que tinham interesse de ganhar votos nas eleições. Muitas vezes, o próprio secretário ou o governo, não tinha forças para acabar com esses maus hábitos de surrupiar e peculato, pois, as parcerias partidárias não eram favoráveis!
Continuo louvando a classe, gritando e reivindicando melhoras, mais respeito, mais solidariedades, porém, vale a pena dizer que, entre os Santos, existem muitos diabinhos!
Existem outros atos e fatos, com as mesmas gravidades ou maiores e menores, mas, não quero me alongar, falando de algo que muito me entristece, principalmente, quando vejo nas passeatas das eventuais greves, muitos desses mestres que, sorrateiramente, enganam subtraindo o dinheiro do povo!

*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com

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