Antonio Nunes de Souza*
Curiosamente,
ou comumente, no decorrer de nossas vidas sempre nos deparamos com pessoas que,
mesmo não sendo especiais, pelos seus procedimentos enganadores, sempre nos
deixamos iludir, acreditando estar sendo até gratificados por conhecer tais
figuras!
Juvenal,
rapaz simpático, bonachão, bem humorado, inteligente e bem falante, foi uma
dessas criaturas que tivemos a oportunidade de conviver durante alguns anos.
Pela sua personalidade e maneira esperta com conversas, relativamente,
convincentes, se tornou uma personagem bem recebido em todos os ambientes,
eventos, reuniões, etc. Era, podemos assim dizer, uma criatura indispensável e,
com sua eloquência, facilmente levava o grupo para onde lhe era conveniente.
Quase um pequeno “guru” ou, um sabe tudo de qualquer assunto!
No
secundário já fazia parte do Grêmio Estudantil, liderava as campanhas, opinava
e determinava os projetos a serem apresentados e, em algumas ocasiões, levava a
classe a fazer greves reivindicatórias, sempre com resultados favoráveis pelos
acordos sigilosos que, eventualmente, fazia com as pessoas envolvidas. Assim,
foi tornando-se um conhecido e reconhecido líder, lastreado em seus trabalhos e
as artimanhas que operava por debaixo dos panos e na surdina, obtendo lucros e
prestígio pessoal
Já
na faculdade, pelo peso do seu conceito como secundarista bem atuante, logo foi
convocado para ser Presidente do Conselho Universitário Estudantil, com todos
os poderes de arregimentar a faculdade em peso quando se fazia necessário.
Todos já tinham a consciência de que, o grande Juvenal, seria um expoente de
destaque na política nacional. E não deu outra!
Assim
que formou-se em direito, filiou-se a um partido forte, sem dificuldades,
elegeu-se deputado estadual e, mesmo fazendo uma legislação cheia de
enganações, foi eleito na próxima eleição como deputado federal, frequentando
as rodas mais importantes da política nacional, pois, tranquilamente, já
procedia e tinha a postura de um verdadeiro político: enganador, simpático, bem
falante, espertíssimo e as outras características não boas da maioria dos
políticos brasileiros!
Na
semana passada, olhando nos jornais e vendo e ouvindo nas TVs, vi Juvenalzinho
(como eu o tratava), algemado, preso no camburão da Polícia Federal, pois,
infelizmente para o pobre e felizmente para nós, foi denunciado numa série de
falcatruas, peculatos, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha!
Entretanto,
vergonhosamente, Juvenal acionou uma montanha de advogados, depoimentos e
testemunhas e, absurdamente, foi solto para responder em liberdade, premiado
com a simplória “prisão domiciliar”, que, pelo que estamos vendo em outros
casos, daqui alguns dias tudo cairá no esquecimento, pois, os ataques dos
mosquitos, estão servindo de desvio de atenções, transformando esses “tolos”
casos de roubalheiras em crimes de terceira classe, não precisando de muita
rigidez nas condenações!
Daqui
a alguns anos teremos que lidar com os filhos e netos de Juvenal, pois, já está
caracterizado oficialmente, e já temos comprovações, que deveremos voltar para
o velho regime de “capitanias hereditárias”!
É
uma pena que nossa Itabuna está cheia de JUVENAIS, que se proliferam nas águas
sujas da política! Mas, seu voto, pode ser um excelente inseticida!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGARL – antoniodaagral26@hotmail.com
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