Antonio Nunes de Souza*
Como
baiano da gema, uma boa mistura de índio, preto e português, lógico que
professo todas religiões ao mesmo tempo, sem ser barata de sacristia, Pomba
gira de Terreiro, e muito menos careta evangélico. Minha religião é onde tem
músicas, cantorias, danças e muita sacanagens. Minha bíblia é uma latinha de
cerveja, que não abandono nunca nesses festejos, sempre dando meus louvores
para os santos, mas, não deixo de pegar minhas vagabas, terminando a noite,
realizando o milagroso orgasmo, que os santos e Orixás nunca deixam a gente na
mão!
Numa
boa, seguidor emérito das “porranças” baianas, me enfatiotei a caráter,
bermudão estiloso, camiseta, com o desenho de Iansã no peito, tênis Adidas
falsificado no Paraguai, um boné maneiro que o sol está foda, uma graninha no
bolso e, num buzu, parti pra verdade, ou seja, o ninho da festa, que fica localizado
no Rio Vermelho. Nota-se, claramente, que eu estava prontíssimo para bater de
frente com as turistas, pois, já estou enjoado de comer as nativas!
Pra
chegar já foi foda, pois, as ruas estavam fechadas, ônibus parando longe, gente
pra cacete, vendedores com isopor aos monte, fazendo com que a caminhada fosse
lenta. Porém, interessante porque você já vai olhando pelo caminha qual a caça
viável para pegar no começo, amansar no decorrer e, logicamente, abater no
final como manda o figurino!
Com
uma puta sorte, antes de chegar à casa de Iemanjá, encontrei com duas mulheres
e um homem, que olharam para mim e sorriram, não um sorriso de deboche, muito
mais de simpatia. Lógico que correspondi, me aproximei e vi que os branquelos
eram franceses, mas, o cara falava um pouco “portunhol” e deu para eu entender
mais ou menos os papos iniciais. Os apertos de mão, ele me disse que gostaria
que eu fosse como um guia durante a festa, que para mim seria uma boa, pois,
com certeza, minha festa seria 0800, e as porras mais por conta dos gringos!
Jean
e Juliet eram namorado e Marie que era muito bonita, com certeza, seria minha
Janaina ou Iansã durante o festejo! Como sou previdente e tinha dado a sorte de
encontrar esse povo, fiquei na minha, sem procurar outras bandas, achando que
Marie já estava boa demais!
Ao
chegar perto da casa da Rainha do Mar, haviam muitos camelôs vendendo
bugigangas para se presentear a Orixá, expliquei a lenda pra eles, e logo
compraram perfumes e espelhos, inclusive pra mim, e seguimos para fazer a
entrega nos balaios recolhedores que serão jogados no mar. Depois das entregas,
encostei numa barraca e sugeri uma rodada de “capeta” para animar, Jean
explicou para elas que somente disseram Oui d’accord! Entendi que deveria ser
igual a nossa expressão: Valeu, porra!
Aí
mermão, pintou na área Carlinhos Brawn e banda completa da Timbalada, que não
ficou ninguém que não se balançasse. Eu ensinando os passe do Ogunjá pra
putada, os bichos super desajeitados, mas, na esfregação eu vi que essa porra é
internacional, pois, as sacanagens são iguaizinhas. Daí pra frente o couro
comeu, entre carinhos e beijos, cervejas, churrasquinhos, queijo coalho,
acarajé e esfregação, chegamos ao fim do dia, os três com as bochechas que pareciam
morangos de tão vermelhas, mas, alegres, felizes e animados!
Cansados
pra caralho, eles me convidaram para ir até o hotel deles para relaxar. Pra eu
relaxar teria que ser com uma boa foda com Marie, que pela sua carinha sem vergonha,
também estava doida pra fazer o mesmo. O hall do hotel estava tão lotado que
subimos direto e ninguém viu que eu estava entrando. Jean e Juliet estavam em
um quarto e eu fui para o quarto de Marie, já pensando em comer uma francesa e
deixar meu pau poliglota ou bilíngue!
Banhos
tomados, na cama deitados, já viram o que acontecei. Marie, com toda
delicadeza, pegou meu pau botou na boca, e com uma técnica incrível, começou a
boquear parecendo uma flautista da orquestra sinfônica, que quando eu gozei,
tive a impressão de estar ouvindo a quinta sinfonia de Beethoven. Aí eu não
podia deixar por menos, pulei por cima, meti a boca na xoxota da malandra,
botei a língua na velocidade máxima do liquidificador Arno, que a francesa
tremia e chiava aos gritos, parecendo gatos fodendo nos telhados. E não paramos
por aí, pois o fudistério foi até as 21 horas, quando Jean e Juliet vieram nos
buscar para jantar!
Jantamos
numa boa, tomamos vinhos deliciosos, e em seguida, como estávamos todos fodidos
de casados, eu vim para casa e eles fora dormir. Mas, logicamente, marcamos
para o dia seguinte irmos à noite para o Pelourinho. Felizmente amanhã é sábado
e eu estarei de folga para mais uma vez comer carne francesa. e vou querer que
Marie peque meu cacete e toque o Bolero de Ravel!
Viva
Iemanjá! A Rainha do Mar, que me proporcionou um dia, como diz Caetano: “mais
que demais, com um bom fodaçaço”
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros criadores da Academia Grapiúna de
Letras!
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