Antonio Nunes de Souza*
Bem
dizem que mãe advinha e sabe das coisas. Mas, a minha parece que além de saber,
é expert em premonição das mais acertadas, pois, reclamou, brigou e quase
exigiu, que eu não fosse sair num bloco, pois além de ser perigoso por causa de
brigas e empurrões, os homens bebendo e cheirando lança perfume, loló ou queimando
um baseado, terminam seduzindo as moças e acontecendo o que não deve!
Com
meus dezesseis anos, mas, com corpão de vinte ou mais, não estava mais afim de
me privar das festanças, por observações caretas da minha velha. E com minhas economias,
comprei um Abadá do Bloco Eva (que é o meu nome) em doze parcelas, e ontem,
contrariando a vontade materna, as 20 horas já estava na Praça Castro Alves
pulando, cantando e dançando, os caras divertidos passavam dançando em filas
dentro do bloco, me pegavam pela cintura, dando enormes beijos babados em minha
boca, que a princípio me deu nojo, mas, com a continuação, fui achando
divertido, legal e até excitante. Uns quando beijavam largavam em minha mão uma
latinha de cerveja, que eu aproveitava e bebia para refrescar, e ao mesmo tempo
me animar mais!
A
zorra estava maravilhosa, em alguns instantes um cara colava comigo, abraçava,
se esfregava gostosamente, tanto pela frente, como por trás, depois sumia no
meio do bloco que era impossível encontra-lo novamente. Mas, nesse clima
gostoso eu estava adorando demais. Depois de umas duas horas de músicas, danças
e cantorias, o bloco saiu andando com destino ao Farol da Barra, mas, eu nem
parecia estar cansada. Ao contrário, estava a todo vapor para o que desse e
viesse, durante o cortejo de abertura oficial do carnaval. Seguindo a Avenida
Sete, nas imediações do mercado das flores, me apareceu um homem gatíssimo, me
agarrou pela cintura, eu logo o abracei e, daí pra frente, ficamos juntos aos
beijos, carícias das mais erotizadas, mãos naquilo e aquilo nas mãos, e mesmo
no meio da multidão, ele eventualmente mamava disfarçadamente meus seios, que
me deixava louca de tesão, deixando minha xota molhadinha, como se estivesse
chorando de desejo. Quando começamos essa sacanagem, fiquei assustada com a
moral, porém, ao olhar para os lados, vi que tudo aquilo era normalíssimo,
pois, todos assim procediam, acompanhando os ritmos e as músicas tocadas!
Quando
terminamos de descer a Ladeira da Barra, chegando no Porto, o Bloco deu uma
parada, e nesse instante Marcos virou pra mim e propôs: Vamos até a praia tomar
um banho para refresca e a gente aguentar até o final? Nem dei resposta, apenas
o puxei pelo braço, andamos, déssemos a sacada e, sem parar, corremos para água
dando um delicioso mergulho. E daí em diante, mesmo dentro d’agua batendo na
cintura, Marquinhos, baixou meu short, tirou seu enorme pau pra fora e, colocando-me
com as pernas trançadas em sua cintura, introduziu seu gostoso cacete salgadinho
dentro de mim, que mesmo sentindo uma pequena dorzinha, comecei a mexer
deliciosamente no compasso das ondas, ao tempo de ouvia ao longe a banda tocando
seu hino, que é a canção “Menina Eva”, enquanto eu de menina virava mulher. A
cidade de Salvador abriu o Carnaval, e acabava de abrir as pernas!
Foi
maravilhoso todo percurso, já dia claro, cinco da manhã, Marcos se despediu
indo pra casa, eu peguei uma Van até o Campo Grande, indo a pé para o Garcia
onde moro, e ao chegar em casa, tomei um banho delicioso, fritei dois ovos e
tomei um café reforçado, quando minha mãe ao acordar, foi até a sala e me
perguntou: Como se foi Evinha?
Eu,
como não gosto de segredos, fui logo dizendo: Mainha eu me bate com um crush
massa real, e não deu outra, terminamos transando na praia do Porto!
-Sua
louca teimosa, você sabe por que seu nome é Eva? Foi por que eu, irresponsável,
não ouvi minha mãe, e com dezesseis anos, achei de sair nesse Bloco, e o
resultado foi você. E é por essa razão que nos seus documentos tem “pai
ignorado”. Se você engravidar vai se foder comigo, pois, não vou criar seu
filho de jeito nenhum!
Mas,
vocês sabem, que mãe é sempre mãe. Hoje
moramos eu, ela e meu filho
Evanildo, neto que ela adora. Nunca mais soube de Marcos. Me disseram que ele
tinha uma gráfica, mas, quando cheguei lá, ele já tinha vendido e sumiu sem
deixar rastro!
Ontem,
fez um ano esse caso. E com a abertura do carnaval, eu me lembrei desse fato,
que marcou a minha vida!
Nesses
carnavais de Salvador acontecem “estórias” incríveis, que deixam recordações
inusitadas!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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