Antonio Nunes de Souza*
Sou um profissional na área de fotografia há
mais de vinte anos, embora tenha apenas quarenta, já que comecei jovem nessa
atividade. E com o tempo, me especializei em álbuns de casamentos e formaturas,
deixando de lado outros ramos, uma vez que essa vertente é lucrativa e tem o
ano todo. Tenho uma pequena empresa bem montada, onde nós mesmo fazemos, além
das fotos, os álbuns com a formatação que os clientes exigem e determinam!
Pelo meu desempenho e tempo de serviço,
consegui ter uma ótima clientela, pois, o boca a boca nesse serviço tem uma
resposta excelente, valendo muito mais que uma propaganda cara em jornais,
rádios ou revistas. E mesmo todos hoje fotografam e filmam com seus celulares,
a maioria sempre deseja ter uma lembrança mais palpável, através de um
fotografo profissional.
E há dois anos, fui contratado para fazer a
cobertura total do casamente de uma moça, da altíssima sociedade, filha de um
industrial rico e bastante conhecido. Fui ao escritório da empresa, acertei
todos os detalhes financeiros com o pai da noiva, ficando para tomar as
instruções pertinentes à celebração, com sua filha a Srta. Adriana, que
telefonei para ela e marcamos, para as 15 horas, eu fosse em sua casa para
conversarmos!
Estava vibrando, pois, segundo pedido do pai,
desejava ele 4 álbuns, sendo um para os noivos, outro os pais e outros 2 para
os avós maternos e paternos, e isso significava uma grana preta. E,
logicamente, na hora marcada, estava eu em frente a uma tremenda mansão no
bairro chique de Copacabana, num condomínio fechado chamado Ferradas. Toquei a
campainha, e logo alguém perguntou quem era, eu disse ser Thadeu Bonatto o
fotografo. O portão abriu, entrei, e veio em minha direção uma senhora, que
atravessando o jardim, me colocou sentado em uma belíssima sala, avisando que
em minutos a Srta. Adriana desceria para atender-me. Fiquei abobalhado com os
móveis e decoração, vendo como é a vida de quem tem muita grana, e com uns
minutos aparece-me a noiva Adriana, uma mulher linda, alta, esbelta, cabelos
louros, olhos azuis, pele alva como uma porcelana chinesa, e um corpo bem
delineado como se fosse uma escultura grega. Nos apresentamos com um aperto de
mãos, notei que sua mão era macia e lisa como bunda de neném. Ela sentou-se ao
meu lado e passou a dizer o que realmente queria, pois, não seria somente as
fotos da chegada na igreja, altar e comemoração festiva. Queria tirar umas
fotos em lugares pitorescos do Rio de Janeiro, como Pão de Açúcar. Corcovado,
Pedra da Gávea, Jardim Botânico, Copacabana e outros lugares mais, que ela iria
dias antes comigo em seu carro, acompanhada do motorista e sua secretária. Vi
que seria uma maratona, e falei que teria que refazer o orçamento dado ao seu
pai, e ela, prontamente, disse que eu colocasse o adendo que achar necessário,
que ela aprovaria. Dito isso e outros detalhes, marcamos para dois dias após,
eu ir as 8 horas encontra-la em sua casa, para nossa aventura fotográfica.
Voltei feliz pelo acréscimo da grana e, mais ainda, por ter conhecido Adriana
linda e maravilhosa, e de uma educação impressionante e invejável!
As 8 em ponto, estava eu tocando a campainha
e, como na vez anterior, me identificando e sendo recebido pela mesma pessoa.
Adriana já estava toda eufórica com sua secretária que segurava a cauda do
vestido, ele me deu um sorriso de bom dia, que quase eu tirava uma foto para
guardar como lembrança. Deixei meu carro lá e fomos todos numa luxuosa Van. O
fato é que nessas fotos, sempre tirávamos várias em cada lugar, eu sem a
ajeitando nas posições mais artísticas e elegantes, não foi possível fazer em
apenas um dia e, com alegria e já desfrutando de certa intimidade!
O fato é que, como se fosse coisa de novela,
Adriana escorregou no Jardim Botânico, caiu, eu corri e a carreguei, e
sinceramente, senti que ela me apertou e colocou a cabeça em meu ombro, colando
seu rosto ao meu, e eu numa atitude meio louca, dei um beijo em sua face, e
ela, levantando a cabeça, eu imaginando uma brinca e perder meu contrato, ela
beijou a minha completamente babada boca. O motorista e a secretária olhavam
estarrecidos, mas, como patroa é patroa, ambos ficaram calados, fazendo
inclusive que nada estavam vendo, pois, os beijos foram sequenciados!
Voltamos, ela teve uma forte luxação no pé,
que teve que usar uma bota de gesso, que, logicamente, teria que adiar o
casamento, pelo menos mais um mês. E, como ela queria ver as provas, pediu que
eu fosse em sua casa para levar a proporção que fossem ficando reveladas,
ampliadas e prontas. E isso eu fiquei fazendo, nossa intimidade foi aumentando,
começamos a namorar as escondidas, Adriana, sem dizer a razão, resolveu acabar
com o casamento, foi um puto escândalo. Mas contornado entre as famílias
envolvidas!
Depois de algum tempo, Adriana resolveu me
apresentar ao seu pai, que felizmente não se lembrou de mim, vindo a saber quem
eu era, quando fui pedir a mão de Adriana em casamento, tendo como companhia os
meus pais, que são médicos!
Hoje somos casados, fiz um deslumbrante álbum
como lembrança, não só do casamento, como da minha antiga profissão, já que
hoje sou um dos diretores da empresa de meus sogro!
Eu sempre segui o adágio que diz: “Onde se
ganha o pão, não se come a carne!” Mas, tem vezes que, inesperadamente,
acontece!
*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um
dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!
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