MINHA EXPERIÊNCIA COMO INFLUENCER! (Clique no título e leia)

 

Antonio Nunes de Souza*

Como todas aventuras na área feminina, sempre começa quando a mulher é bonita, charmosa, algum carisma, boa desenvoltura e bem falante. E eu, com dezessete anos, por uma dádiva, tinha tudo isso de sobra, que causava inveja a todas colegas do colégio, e uma tesão enorme nos colegas e professores!

E foi aí que fui procurada por um homem, dizendo-se lançador de novos valores, e que tinha tido informações das minhas habilidades, além de ser uma mulher com uma aparência capaz de chamar a atenção do público tranquilamente. Lógico que em princípio, fiquei meio desconfiada, mas, ao mesmo tempo embevecida, sentindo meu ego ir lá para as cabeceiras. Falei com minha mãe, já que meu pai era falecido, ela por ser uma pessoa simples e comum, nada disse, a não ser que eu tivesse cuidado com quem estava me metendo. Esperta, procurei informações do tal empresário Valter Moraes, soube que era gente boa, que depois de aposentado, resolveu entrar nessa área de promoções nas redes. E depois dessa pesquisa, pedi para ele me apresentar um projeto do que ele desejava fazer comigo, quais os deveres que eu teria que praticar, e os benefícios que teria de receber!

Ele pediu-me quatro de prazo e, na data prevista, trouxe-me um “catatau” de páginas e um contrato já elaborado. Levei para casa, pois, ainda estava frequentando o colégio, li umas quatro vezes bem calmamente, e pelo que entendi, fiquei apaixonada com a ideia, principalmente com a possibilidade de alguns milhões em tempo recorde, através dos idiotas “enviadores de PIXs”!

Dia seguinte telefonei para o sr. Valter Moraes, combinamos almoçar num restaurante, onde nos encontraríamos ao meio dia. Cheguei, ele já estava, sentei-me com a papelada na mão, falamos a respeito durante o almoço, eu concordei com todos os parágrafos, inclusive o de viajar para qualquer parte que fosse necessário. O como no mês seguinte eu faria dezoito anos, não teria problemas da menor idade. O que não atentei, depois do contrato assinado, já com a data de 26 dias adiante, pois, já teria 18 anos e direito a assinar com validade sem necessidade de autorização materna, é que tinha uma cláusula que, obrigatoriamente, eu teria que obedecer todas determinações do meu empresário, no caso Valter Moraes, que pensei, naturalmente, que seriam sobre o trabalho. Mas, já nesse primeiro encontro, as coisas começaram a acontecer!

Logo que saímos do restaurante, ambos sorridentes pelas perspectivas de bons resultados e lucros, Valter falou que as 20 horas iria me buscar para jantarmos e continuar nossa conversa, e eu ir me familiarizando com minha nova e maravilhosa vida!

Muito pontual, Valter chegou, eu entrei no carro e seguimos para o jantar. Porém, estranhamente, ele seguiu pela orla e, sem nem me perguntar nada, entrou num motel. Tomei um puto susto, não que nunca tivesse ido, mas, nada dessa forma sem que não estivesse namorando, como das outras vezes. Vendo-me assustada, eu virou-se e disse: esse é o seu primeiro teste, pois, com certeza, acontecerá outras vezes com pessoas importantes ou cantores e astros de TV, e você deve estar preparada mentalmente, para segurar essas barras, pois, são elas que alavancarão sua carreira. Ouvi calada, mas, com uma puta vontade de desistir, porém, quando me lembrei da grana e a fama, mudei logo de ideia!

Não precisa dizer que nosso jantar foi Valter pedir um boquete como entrada, minha xoxota como prato principal e meu cu como sobremesa. Não foi de tudo ruim, mas, não deixei de ficar putíssima, por ele me pegar de surpresa!

Daí pra frente, ele passou a me levar em rádios, donos de sites famosos, procurando abertura nos programas de tv, sendo que na maioria das vezes eu tinha que sair à noite com os caras, ou mesmo transar nos sofás dos escritórios. Um sacrifício da porra, mas, com meu site já pronto e começando a ser conhecido nas redes, Valter conseguiu umas intervistas de alguns cantores do segundo escalão, artistas globais poucos conhecidos, mas, mesmo com essas figuras semi apagadas, já começaram a pingar uns trocados bons, que me deixaram alegres e dando para segurar a desdita de para suspender meu status, ter que baixar minha calcinha. Comecei a ver e tomar consciência, que pra vencer na vida, deve-se seguir o lema “é dando que se recebe”!

Com dois anos nessa vida, eu já era conhecida influencer com o nome colocado por Valter, de Rebeca Davis, já morava em Copacabana, tinha carro com motorista, e Valter continuava sendo meu produtor e empresário, e eventual amante em algumas noites. Tudo corria bem, ganhei algumas granas altíssimas, e guarda roupas todos renovados em países da Europa, sempre pintavam festas e eventos, mas, em praticamente todos, eu tinha de ficar com alguém, que geralmente eram artistas que nada pagavam, porém, quando eram eventos de empresários a grana corria solta e até presentes de joias caras!

Já com uma condição financeira equilibrada, falei com Valter que passaria a ser bem seletiva, pois, já com quatro anos nessa vida, me sentia desgastada, mesmo fazendo minhas fisioterapias e ginásticas, além de uma boa dieta alimentar. Ele concordou e, imediatamente, passei a proceder dentro do que desejava, pois, não mais precisava tanto desses encontros, já que contava com mais de um milhão de seguidores, que diariamente pingavam em minha querida conta bancária, sendo que Valter tinha 30% de participação contratual!

Fui aí que numa viagem sozinha de férias a Cancum, conheci Fernando Caldas, homem alto, bonito bem vestido, com uma corrente de ouro bem grossa no pescoço e um enorme medalhão com pedrinhas cravejadas, que pelo brilho deveriam ser diamantes. Achei ridícula essa parte, mas, imaginei que era moda local, porém, logo em seguida, fui saber que era brasileiro e um pagodeiro que estava em excursão pelo México. Ele veio até minha mesa, pediu licença para sentar, educadamente dei, já que sozinha, seria interessante ter um patrício para comentar as belezas das praias do lugar. O fato é que conversa vai, conversa vem, terminamos dormindo no mesmo quarto do hotel, porém, antes da sonolência, praticamos aquele delicioso esporte que tem o nome de “foder”, usando de todas variações e posições, cada uma mais excitante e gostosa, sempre deixando o gosto de “quero mais!”

Como nem tudo dura e perdura, terminei voltando com Fernando para o Rio, e resolvemos ficar juntos temporariamente, para ver se dava certo. Mas, com três dias, me bate a polícia federal no apartamento, prende , que estava sendo seguido já há algum tempo, por envolvimento em tráfico de entorpecentes e armas, eu fui de bolo na prisão, gastei toda minha grana com advogados, consegui provar minha inocência depois de um ano e sete meses de cadeia. E quando saí em plena merda, procurei Valter, que tinha me abandonado para não ser envolvido, e ele, cinicamente, disse que eu me virasse sozinha, pois, ele estava fora de qualquer coisa comigo, em função de estar desgastada na praça e redes. Puta da vida, voltei para casa, minha mãe doente e debilitada pelo que tinha acontecido comigo, comecei a procurar emprego, e hoje sou caixa de um supermercado, ganhando uma merreca, namorando com um motorista de aplicativo, sem ter nenhuma saudade da minha louca vida de influencer. Não passou de uma ilusão, que muitas moças caem nesse e se fodem solenemente!

*Escritor, Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna de Letras!