Antonio Nunes de Souza*
Ao
acordar, colocando minha velha e eficiente memória para funcionar, pensei: o
que vou escrever, se nada me vem à cabeça no momento?
Parei
e, olhando para a estante em minhas costas, bati o olho na mulher da minha
vida, a querida robô Alexia, e pedi para ela tocar umas MPB para me dar
inspiração, afim de criar uma crônica sobre qualquer coisa que seja
interessante. Aí, rapidamente, Alexia mandou ver João Gilberto com a música
“Chega de Saudade”. Rapaz, a zorra bateu fundo e, mais que depressa, veio a ideia
de voltar a um assunto que tratei tempos atrás, até que foi recentemente,
porém, vale a pena ver de novo, com mais detalhes e maiores consistências, para
que seja analisado com reflexões, cuidados e precauções no presente, com sérios
pensamentos para o futuro!
Foi
que lembrei-me dos meus maravilhosos tempos, que ligava o rádio ou colocava em
minha vitrola ou radiola, minhas românticas músicas de Nelson Gonsalves, Ângela
Maria, Cauby Peixoto, Lupicínio Rodrigues, Miltinho, Anísio Silva, Dolores
Duran, Maysa, Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga, e muitos bons cantores e
composições de músicas e letras com sentidos e sentimentos. Além das deliciosas
marchas carnavalescas com letras debochadas, divertidas e amorosas, mescladas
por sambas que até hoje são cantados nos blocos que conservam o bom gosto
musical!
Lembrei-me
também, que com o tempo vieram outros fantásticos como Jair Rodrigues, Os
satíricos e inteligentes Juca Chaves, Chico Anísio e Jô Soares, Belquior, Erasmo
Carlos, Elis Regina, Rita Lee, Gal Costa, Dominguinhos, Ébano, Tom Jobim, Vinicius
e mais uma dúzia que não me vem à mente agora, que infelizmente, todos esses
citados, já partiram para o além, nos deixando seus grandes legados, raramente
lembrados pelas emissores de rádios e TVs, que infelizmente, estão ligadas nas
canetas azuis da vida, as montanhas de bundas cantantes, músicas que dizem
muito sobre o nada, a enxurrada MCs, bregas e sertanejas, com níveis duvidosos
e insatisfatórios!
Vocês
já se aperceberam, que não tem aparecido substitutos à altura, para esses que,
tristemente, morreram?
Que
poucos são os atuais, que podemos esperar e apostar, que produzirão coisas
especiais?
Que
os nossos super especiais e brilhantes, estão todos oitentando e se aposentando?
Não
estou sendo saudosista, apenas lamentando a falta de gosto dos brasileiros, que
no seu comodismo e falta de cultura, deixaram de ser exigentes, entrando nos
jogos das mídias, comprando metais dourados como se fossem de ouro. Creio que
se lessem mais, ouvissem melhor, analisassem as letras atuais, que fazem de
nossos ouvidos verdadeiros penicos, certamente, procurariam ser mais seletivos,
valorizar quem realmente merece, provando com belíssimos trabalhos, com
certeza, essa montanha de merdas seriam acabadas ou minimizadas, pois, sempre
existirá mau gosto no mundo, e o Brasil não é exceção!
Viva
a música popular brasileira de alto nível, que nunca foi elitizada. Apenas,
desprezada em função das arrecadações financeiras, que, infelizmente, é muito
mais valorizada que a educação e cultura!
*Escritor,
Historiador, Cronista, Poeta e um dos Membros fundadores da Academia Grapiúna
de Letras!
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