Antonio
Nunes de Souza*
Essa
pergunta sempre Maria Alice fazia e, ao mesmo tempo, respondia baseando-se na
sua análise dos significados da palavra “pura”!
A
primeira era a pureza de dinheiro, tendo que se sacrificar para viver, sempre estar
pulando de empregos insatisfatórios e simples, numa labuta constante e carência
pessoal, logicamente ganhando salários aviltantes. A segunda era a pureza de
comportamento, tendo que seguir todas as regras ditadas pela sociedade, receber
elogios, parabéns, etc. e, ao mesmo tempo, sofrer por estar sendo “pura” nas
duas vertentes!
Então,
Licinha como era chamada, achou de dar o seu grito de independência nas duas
vertentes, no sentido único e exclusivo de ter uma vida mais animada, sem ter
que se restringir a ser uma suburbaninha classe baixa, que apenas conseguia
sobreviver!
Passou
a se vestir melhor, roupas mais provocantes, dar “mole” para homens abonados e
idosos, logicamente vendendo seu corpo, que não era de se jogar fora,
acompanhado de uma carinha de anjo que ela sabia fazer muito bem. No princípio
estranhou o comportamento, mas logo se adaptou, quando viu em sua bolsa
dinheiro para as despesas e ainda estar sobrando para outras necessidades. Essa
vitória, para ela, foi uma maravilha e, sinceramente, ficou puta da vida
porque, somente agora com 27 anos é que ela tinha aberto os olhos para essa
outra realidade. Mandando de vez as regras e estatutos sociais fossem para a
puta que pariu. Somente com essa segunda vertente comportamental, ela estava
derrubando os dois significados da palavra “pura”, passando a ser mais uma
mulher de programa, onde a pureza de comportamento era completamente
inexistente!
Mas,
como nem sempre as coisas correm como as pessoas desejam, ela se apaixonou, ou
viu boas vantagens em se ligar como amante de um traficante de drogas e, assim
como aumentou seu nível financeiro, aumentou também as possibilidades de
riscos. E não deu outra, pois numa noite de chuva, ao chegarem na porta do
edifício onde moravam, estava um cerco policial para prender o marginal. Ele,
por sua vez, sacou uma pistola e começou a atirar contra a patrulha, desejando
fugir. Mas, infelizmente, nada conseguiu, foi atingido na perna e no braço,
dominado e, nossa pobre Licinha, por “pura” ironia do destino, foi atingida na
cabeça, indo a óbito imediato.
Com
essa vida louca que vivemos, por mais que procuremos descobrir, ou como devemos
nos comportar, dúvidas sempre estarão atropelando os pensamentos dos mais
jovens, principalmente aqueles que gostam de caminhar nas estradas mais fáceis
e que parecem melhores!
Tenham
seus cuidados, pois, muitas coisas na vida não passam de “pura” ilusão!
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras- AGRAL – antoniodaagral262hotmail.com
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