domingo, 5 de março de 2017

O retorno de Jesus Cristo!

Antonio Nunes de Souza*

Esperei 2012 para retornar a terra, muito embora durante todos esses anos tivesse vontade de voltar repentinamente, para dar uma lição aos homens que aqui deixei, pois eles não entenderam absolutamente nada do que ensinei, principalmente a maior lição de vida que alguém poderia dar que foi morrer crucificado em benefício de toda humanidade.
Por que será que tudo que fiz não mudou o comportamento humano?
Será que meu Pai criou o homem com a sua semelhança e se esqueceu de ampliar a importante parte cerebral?
Não creio! Meu Pai não erraria tão primariamente! Talvez a falha tenha sido ter dado livre arbítrio a um ser em fase experimental. Ou então Ele confiou muito em mim, para que, com minhas palavras e meus exemplos, fizesse dos homens uma real semelhança divina. Mas, com apenas trinta e três anos de vida, foi curto para mim esse tempo de doutrinação. Talvez se eu tivesse ficado entre eles por mais uns quarenta anos, imagino que as coisas seriam diferentes. Pois, arregimentaria um maior número de apóstolos (pelo menos mil, em vez de doze), teria construído uma praça imensa (tipo a praça vermelha) para minhas pregações, ressuscitaria centenas de pessoas, em vez de somente Lázaro, em vez de multiplicar os pães, eu deveria ter instituído o programa Fome Zero, em vez do milagre do vinho numa simples festa, deveria ter aberto alambiques de aguardente de cana para angariar maior simpatia e adeptos (talvez até algumas cervejarias que já descessem redondas nas guelas pecadoras). E, por último, em vez de me deixar crucificar com apenas dois ladrões, o mais sensato seria, no mínimo, uma centena de cruzes ao meu redor e, como últimas palavras, teria dito: Pai, não os perdoe!  Pois eles sabiam o que estavam fazendo e sabem muito bem as blasfêmias que estão dizendo!
Mas não. Fui querer ser bonzinho e confiei nesse bando de pecadores sem escrúpulos e olhe o resultado!
Seguramente, quem me caguêtaria hoje não seria um Judas qualquer e nem seria por apenas trinta moedas. Provavelmente seria um deputado ou senador da república que, colocando uma escuta no meu celular ou uma micro câmera, saberia imediatamente das minhas intenções de mudar o pensamento do povo e me entregaria de bandeja a polícia federal. Olhe Pai, eles quando pegam a gente, metem o cacete, colocam no pau de arara, dão choque no saco (o Senhor não tem isso e nem imagina como dói), estupram e dão sumiço no corpo que, para se encontrar o cadáver, só com um bom milagre.
Coroa de espinho, carregar cruz, afogar em piscina e crucificar, isso aqui é trote de universidade que eles fazem como diversão no início das aulas.
Entretanto, estou vendo que tudo pode ser mudado. Lógico que será difícil, uma vez que hoje ninguém confia em ninguém e eu não posso nem dizer que sou Jesus, senão eles me colocam num hospício, ou então por descrença, me matam e cremam para que as possibilidades de uma nova ressurreição seja remota.
Pai, me leve de volta o mais breve possível, pois não gostaria de tentar esse milagre (tenho até medo), mesmo contando com sua ajuda, uma vez que o Satanás aqui joga solto e têm o maior prestígio com a população. Nem os milhares de evangélicos estão conseguindo dar vencimento aos pecados do dia-dia. O Papa anterior coitado, morreu sem falar nem andar. Creio até que foi de desgosto e desilusão. E o pior Pai, elegeram um novo que é alemão. Aquele povo que derretia os judeus pra fazer sabão lembra-se?
Criaram aqui a figura de “político” que é uma desgraça. Só pensam em encher os bolsos e massacrar a humanidade através de guerras, no intuito de maiores poderes e riquezas.
 No meu tempo o Senhor de todos era você Pai. Hoje é um tal de dólar, que por sinal já está perdendo o lugar para uma novidade chamada Euro.
Nas minhas reuniões festivas só se sentia o cheiro dos incensos e a alegria era espontânea. Agora, qualquer festinha ou nas casas noturnas, só se cheira cocaína e tomam até um tal exctasy, Pai! Dizem que dá um barato que sai muito caro. Graças a você Pai, estão abandonando o vício do cigarro, mas, em compensação, o uso da maconha está aumentando muito e ainda querem aprovar a legalização dizendo que é remédio. Vê se pode Senhor?
Assim sendo, vou Lhe mandar um bilhete através da pomba da paz:
Querido e sagrado Pai,
Como nos dias atuais não me é possível sair gravitando pelo espaço para voltar para o céu (pois eles me abateriam como fazem com os pássaros), peço-lhe o favor de mandar um disco voador bastante robusto para que eu volte urgente para o seu lado abençoado.
Do seu filho que tem medo de um novo fracasso,
                                                    Jesus Cristo “O de Nazaré”

*Escritor- Membro da Academia Grapiúna de Letras - AGRAL - antoniodaagral26@hotmail.com

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