quarta-feira, 29 de março de 2017

Fatalidades e felicidades!

Antonio Nunes de Souza*

Perambulei pelas ruas a noite toda, pulando de bar em bar, sempre tomando mais uma cerveja que é minha bebida predileta, porém, pelas minhas razões, estava exagerando na quantidade, sem a preocupação de me embebedar, mesmo estando dirigindo!

Estava, literalmente, puto da vida, pois, as 18 horas, fui chamado na administração e, sem nem um aviso de consideração, fui despedido de um emprego de sete anos, sem faltar e ser considerado muito bom na função. A alegação poderia até ser justa, pois minha empresa estava passando por uma crise braba, em virtude da situação podre do Brasil depois desse brutal e ridículo golpe, dado pelos maiores e desonestos políticos do país! Porém, devo reconhecer que me pagaram todos meus direitos, inclusive aviso prévio e ainda uma boa gratificação pelos meus bons serviços durante o período. Mas, o foda mesmo era eu saber que acordaria desempregado e teria que ficar mendigando pelas empresas, com a pasta cheia de currículos!
Chegando as 3:30 hs da madruga, já meio grogue, passei pela Pituba e vendo uma garota de programa parada na esquina, encostei o carro e a convidei pra ir para o meu apartamento. Ela, com a desenvoltura peculiar das putas, falou logo: Para passar a noite é mais caro e quero adiantado!
Eu, a essa altura não estava ligando merda nenhuma, o que queria mesmo era tentar transar para selar a noite, fodendo, já que estava fodido profissionalmente! Estava tão liberal para qualquer coisa, que peguei minha carteira e dei para ela tirar a remuneração do seu trabalho. Estava cagando com o que pudesse acontecer, pior do que o que tinha acontecido. Ela, profissionalmente, tirou trezentos reais em minha vista, disse que era o sem michê normal e que não se aproveitaria da minha situação, já que estava reconhecendo em mim um homem do bem! Mesmo estando meio bêbado, pensei: uma puta decente e de qualidade!

Chegando ao apartamento, ela sugeriu que eu tomasse um bom banho quente para despertar e, como ela se molhou ao ajudar-me, terminou tirando seu vestido e entrando no box para me ensaboar e também se refrescar da noite quente que fazia lá fora. Quando reparei ela nua, vi que era uma mulher bonita e que fazia jus muito bem aos 250 reais que ela cobrara. Recobrando meus sentidos, senti uma tesão até exagerada e, sem pestanejar, começamos a transar em pé, depois de quatro pés e, em seguida trançados no chão do box, chegando até fazer um 69 meio complicado, mas, todo mundo gozando com o chuveiro aberto e esperdiçando a valorosa água. Nesse momento, sinceramente, esqueci completamente toda merda que tinha acontecido, voltando minha mente apenas para uma boa noite de putaria sem limites!

Foi uma noite tão gostosa e louca que, minha parceira (Larissa é o seu nome), ficou comigo até meio dia, levantou, preparou um café com as coisas que eu tinha em casa e, pelo visto, estava também satisfeita como eu. Ficamos conversando, passei a narrar a razão do meu comportamento na noite anterior e ela, sorrindo bastante, começou a contar as coincidências nossas, pois, ela era formada em Recursos Humanos e fora despedida da mesma forma. E ela saiu puta da vida e fez a mesma coisa que eu. O primeiro bar que entrou, escolheu um bofe de boa aparência confiável e foi transar para esquecer a merda ocorrida. Aí, como nada conseguiu depois, começou sua vida de GP, inclusive faturando mais que no seu trabalho. Rimos bastante, depois de algum tempo fui leva-la em casa e, por incrível que pareça, já combinamos nos encontrar em sua casa a noite, terminando começando a namorar. Ela com 28 anos e eu com 36. Já adultos, experientes, boas formações (sou adm. de empresas), e aí resolvemos alugar uma sala e criar uma empresa especializada em empregos. E foi o que fizemos, com minha polpuda remuneração de indenização e gratificação, FGTS e algumas outras economias, compramos móveis e, sem medo de não ser feliz, partimos para nossa aventura por conta própria!

Agora, sete anos depois, estamos os dois num cruzeiro marítimo, curtindo show de Roberto Carlos, juntamente com nosso filhinho Luiz Felipe, singrando os mares bastante felizes, graças a uma desgraça acontecida!

É aí que os religiosos dizem: “Deus escreve certo por linhas tortas!”

*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com


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