quinta-feira, 14 de abril de 2016

Um presente do passado

Antonio Nunes de Souza*

Olhei para ele fixamente, dei-lhe um beijo e um forte abraço, enquanto dos meus olhos, jorravam lágrimas quentes e continuas. Seu abraço, também cheio de amor e carinho, completado por muitos beijos em minha vasta e grisalha cabeça, que todos que estavam em nossa volta, se emocionaram molhando suas pálpebras entre sorrisos!
Esse meu emocionante encontro com esse homem, ainda abraçados, veio em minha mente uma história jamais esquecida, mas, a distância e o tempo, haviam me deixado por fora de certos resultados e um desfecho completamente inesperado:
Morador e filho de Curitiba, pais italianos, com dezessete anos entrei para faculdade de engenharia para fazer o curso que me agradava e seria o bom trabalhar com algo que me daria prazer. E, já no último ano, conheci uma moça que acabara de passar no vestibular, cabendo ao nosso grupo de veteranos, dar o tradicional trote nos calouros! Fizemos as brincadeiras, os pequenos castigos, pagamentos de prendas, etc., e, nessa confusão bati os olhos em Sheila, mesmo não sendo uma mulher de aparência maravilhosa ou deslumbrante, fez bater meu coração mais acelerado, me encheu de tentações, desejos e vontades, pele e química como dizem os jovens hoje em dia! Curiosamente, ela através dos seus óculos, deixou transparecer a mesma sensação sentida por mim. Aquela coisa que até hoje se diz: “amor a primeira vista”.
Pois é, aconteceu exatamente assim, começamos a namorar, um namoro sério para a época, mas, com uns dois meses, já não tínhamos as repressões do início e passamos a curtir uma liberdade mais avançadas, até que numa oportunidade não programada, nós estávamos em sua casa no fim da tarde e, seus pais, inesperadamente, tiveram de fazer uma viagem em uma cidade do interior e só voltariam dois dias depois. Foi a gota d’agua que faltava. Sentados no sofá começamos a trocar nossos gostosos beijos habituais, as excitações foram aumentando, começamos a nos desnudar em princípio um tanto tímidos, porém o desejo sexual já era tanto e sempre contido que, naquele momento passou a desabrochar com toda volúpia possível. Nós, naquele momento, éramos uma montanha de tesão, loucos para chegar aos finalmentes! Nesse momento, Sheila já completamente nua, rolou para o tapete da sala, colocou-se de quatro e, mais com os olhos que com a boca me disse: venha e faça de mim o que você quiser, pois, tenha certeza que será o que mais desejo.” Juro que quase gozei naquele momento, mesmo sem nenhuma penetração.
Desci para o tapete obedecendo os meus e os desejos dela e, sem nenhuma cerimônia e também pouco carinho, peguei-a pela cintura, mirei aquela xoxota linda, parecendo dois pãezinhos de queijo bem molhadinhos no meio e, freneticamente, comecei a enfiar o meu membro, rompendo seu hímen e unindo nossos corpos como se fôssemos irmãos siameses! Beijando seu pescoço, com as mãos acariciando seus seios, ela tremia de prazer e orgasmos múltiplos e dizia, sem nenhum pudor: não deixe sair não meu amor! Ela falava com um voz tão sutil e poderosa, que minha tesão somente aumentava e nossa transa parecia que jamais acabaria, pois, mesmo depois dessa posição incontrolável, realizamos tudo que nos era permitido naquela hora, naquele momento. Sexo oral, vaginal, anal e outras variações loucas que, somente nas nossas especiais oportunidades, temos a alegria de fazer!
Descansamos, tomamos um banho reparador, comemos alguma coisa e nos despedimos com um beijo gostoso e uma troca de olhares cheios de felicidades e cumplicidades!
Por ironia do destino o pai de Sheila por ser um conceituado Pastor Evangélico, foi designado para ir se apresentar em uma cidade da África, ocupando-se da responsabilidade de uma grande paróquia. Como é habitual, o Conselho Evangélico já estava enviando as passagens e marcando o dia exato da sua apresentação, que seria cinco dias após, como também chegaria seu substituto com a família pra ocupar a casa que ele residia, pertencente a instituição religiosa! Com o sufoco das arrumações da viagem, não tivemos nem oportunidade de repetir nossa relação sexual que, de tão maravilhosa, nos pareceu ter sido uma dádiva divina!
Fui leva-la no aeroporto, fizemos mil promessas e senti uma dor no coração quando ela, já dentro da sala de embarque jogou-me um beijo cheio de meiguice e paixão. Como não existia ainda a facilidade da internet, celular e outras modernidades, nossos contatos não foram mais realizados, mesmo eu tendo mandado algumas cartas, sem obter nenhuma resposta. O tempo foi passando, as atividades profissionais tomando conta da minha mente, aos pouco fui esquecendo de Sheila, imaginando que ela, com a mudança radical de sua vida, havia encontrado alguém mais interessante que a minha modesta pessoa, no desenrolar da sua idade! Normal acontecer isso.
Porém, essa semana, recebi uma longa carta do Pastor Paulo Vansolline, contando-me que sua mãe, Sheila, sofrendo as maiores represálias dos seus pais, jamais confessou quem era o pai da criança que ela esperava, inclusive me isentando, ficando caracterizado que ela havia engravidado no território africano. Seu filho estudou, fez todos os cursos inerentes a profissão pastoral, que era seu desejo, talvez influenciado pelo avô e, somente na sua morte ainda jovem, causada por contágio de viroses comumente encontradas na África, chamou ao quarto e já balbuciando suas últimas palavras, confessor a sua real história e disse, quem era o seu pai e fornecendo detalhes para ele encontrar. Paulo, por sua vez, não titubeou e logo tomou as providências necessárias para vir ao Brasil, conhecer a pessoa que ele, mesmo sem saber quem era, tinha no coração a vontade e desejo de encontrar frente a frente!
E, naquele momento, estava se realizando minha grande surpresa e alegria que, certamente, tinha a mesma intensidade na mente e coração do meu querido Paulo, Pastor Paulo Vansolline!
Pra mim que casei e não tive filhos, já viúvo, recebo de Deus esse grande “presente do passado!”

Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras – AGRAL – antoniodaagral26@hotmail.com

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