Homem, esse animal desconhecido!
*Antonio Nunes de Souza
Acredito que as gerações continuarão morrendo
tentando explicar através de estudos e teses o comportamento do homem, sua
conturbada mente e o “por quê” das atitudes. O mais famoso dos estudiosos foi
Freud que, pela sapiência e competência científica, tornou-se um símbolo
mundial através da expressão de domínio público: Freud explica!
Entretanto,
ele morreu deixando um legado bastante rico até hoje seguido, estudado,
combatido, controvertido que, no fundo, não explica o inexplicável.
Imagine
vocês, que até eu, um leigo animal considerado racional (?), tenho a ousadia de
entrar numa seara tão complexa, para dar opiniões numa questão onde milhares de
estudiosos queimaram suas pestanas para elucidar e não conseguiram, quando
muito, deixaram suas conclusões para aumentar as controvérsias existentes.
Como
disse, por fazer parte desse mundo louco dos humanos, acho-me no direito de
expor também meus pareceres, baseando-me não em estudos literários e
científicos ou nos mestres e ícones na matéria, e sim pela convivência por mais
de meio século com esses seres estranhos que gostariam de serem normais e, por
uma imposição da sociedade, reprimem suas atitudes, modificam seus
comportamentos, seguem normas e, conseqüentemente, se frustram. E,
lamentavelmente, vivem as raias da loucura quando não alcançam suas plenitudes.
Inegavelmente
(quanta presunção a minha), com a evolução da civilização, o homem por
considerar-se um ser racional (gostaria de saber se os animais em geral pensam
o mesmo), começou a manifestar espírito de liderança em alguns mais expertos e
sagazes, que começaram a ditar regras comportamentais, simplesmente por lhes
serem convenientes e benéficas. Essas atitudes iniciais talvez tenham sido as
primeiras repressões na mente humana, ferindo o princípio da liberdade de agir,
tendo como conseqüência à frustração de não poder fazer livremente o que lhe
daria satisfação e prazer. Como somos ordeiros por natureza (somente violentos
por contingências), passamos a acatar regras, leis, ameaças, preconceitos,
desníveis sociais, econômicos e outras ações também bastantes significativas,
deixando nossas mentes atordoadas, atingindo duramente o cérebro, colocando em
desordem nosso raciocínio, provocando o sentimento de revolta, ódio,
transgressão, rebeldia, desgosto e tristeza.
Aí,
infelizmente, os mais explosivos e inteligentes, por não se conformarem com esse
sistema brutal e totalmente desumano de gerir suas vidas, explodem com
palavras, gritos, escritos, artes, coerências, incoerências, anarquismos,
revoltas, etc., passando a serem considerados marginais da sociedade,
comunistas, subversivos e, por fim, loucos e insanos.
Nos
mais fracos, muitas vezes até inteligentes também, desabam um processo
depressivo assustador, fazendo afastarem-se das coisas e pessoas, criando um
mundo somente deles, onde convivem com seus próprios pensamentos, provavelmente
condenando com seus silêncios a morbidez com que a humanidade é tratada por uma
minoria dominadora. Para esses a denominação é mais grosseira ainda, pois são
taxados de loucos mansos. Não sabendo todos que, dentro daquele silêncio, se
esconde à sabedoria e o sentimento de ver os homens destruídos pelos próprios
homens.
Essa
é uma explicação simplista da minha opinião sobre a mente humana. Adoraria
desenvolver mais essa minha leiga e descomprometida idéia, mesmo baseando-me
simplesmente na prática. Mas, será que valeria a pena ser taxado de louco ou
idiota?
Creio
que não! Prefiro sorrateiramente
continuar dizendo algumas coisas tolas para eles sorrirem, e morrerem depois
pensando que me enganaram.
*Escritor
– Membro da Academia Grapiúna de Letras de Itabuna – antoniodaagral26@hotmail.com
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