sábado, 23 de abril de 2016

Homem, esse animal desconhecido!

Homem, esse animal desconhecido!
                                                                                                           *Antonio Nunes de Souza

Acredito que as gerações continuarão morrendo tentando explicar através de estudos e teses o comportamento do homem, sua conturbada mente e o “por quê” das atitudes. O mais famoso dos estudiosos foi Freud que, pela sapiência e competência científica, tornou-se um símbolo mundial através da expressão de domínio público: Freud explica!
Entretanto, ele morreu deixando um legado bastante rico até hoje seguido, estudado, combatido, controvertido que, no fundo, não explica o inexplicável.
Imagine vocês, que até eu, um leigo animal considerado racional (?), tenho a ousadia de entrar numa seara tão complexa, para dar opiniões numa questão onde milhares de estudiosos queimaram suas pestanas para elucidar e não conseguiram, quando muito, deixaram suas conclusões para aumentar as controvérsias existentes. 
Como disse, por fazer parte desse mundo louco dos humanos, acho-me no direito de expor também meus pareceres, baseando-me não em estudos literários e científicos ou nos mestres e ícones na matéria, e sim pela convivência por mais de meio século com esses seres estranhos que gostariam de serem normais e, por uma imposição da sociedade, reprimem suas atitudes, modificam seus comportamentos, seguem normas e, conseqüentemente, se frustram. E, lamentavelmente, vivem as raias da loucura quando não alcançam suas plenitudes.
Inegavelmente (quanta presunção a minha), com a evolução da civilização, o homem por considerar-se um ser racional (gostaria de saber se os animais em geral pensam o mesmo), começou a manifestar espírito de liderança em alguns mais expertos e sagazes, que começaram a ditar regras comportamentais, simplesmente por lhes serem convenientes e benéficas. Essas atitudes iniciais talvez tenham sido as primeiras repressões na mente humana, ferindo o princípio da liberdade de agir, tendo como conseqüência à frustração de não poder fazer livremente o que lhe daria satisfação e prazer. Como somos ordeiros por natureza (somente violentos por contingências), passamos a acatar regras, leis, ameaças, preconceitos, desníveis sociais, econômicos e outras ações também bastantes significativas, deixando nossas mentes atordoadas, atingindo duramente o cérebro, colocando em desordem nosso raciocínio, provocando o sentimento de revolta, ódio, transgressão, rebeldia, desgosto e tristeza.
Aí, infelizmente, os mais explosivos e inteligentes, por não se conformarem com esse sistema brutal e totalmente desumano de gerir suas vidas, explodem com palavras, gritos, escritos, artes, coerências, incoerências, anarquismos, revoltas, etc., passando a serem considerados marginais da sociedade, comunistas, subversivos e, por fim, loucos e insanos.
Nos mais fracos, muitas vezes até inteligentes também, desabam um processo depressivo assustador, fazendo afastarem-se das coisas e pessoas, criando um mundo somente deles, onde convivem com seus próprios pensamentos, provavelmente condenando com seus silêncios a morbidez com que a humanidade é tratada por uma minoria dominadora. Para esses a denominação é mais grosseira ainda, pois são taxados de loucos mansos. Não sabendo todos que, dentro daquele silêncio, se esconde à sabedoria e o sentimento de ver os homens destruídos pelos próprios homens.
Essa é uma explicação simplista da minha opinião sobre a mente humana. Adoraria desenvolver mais essa minha leiga e descomprometida idéia, mesmo baseando-me simplesmente na prática. Mas, será que valeria a pena ser taxado de louco ou idiota?
Creio que não!  Prefiro sorrateiramente continuar dizendo algumas coisas tolas para eles sorrirem, e morrerem depois pensando que me enganaram.

*Escritor – Membro da Academia Grapiúna de Letras de Itabuna – antoniodaagral26@hotmail.com                                                 

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