Antonio Nunes de Souza*
Cansados
da viagem de dois dias num ônibus desconfortável, que na época chama-se marinete,
hospedaram-se no Hotel Cristal. E depois de um bom banho, jantaram e deitaram
para descansar, e sendo noite, dormiram até a manhã seguinte, levantando as seis
horas, em função de alimentar as crianças!
Nadinho
eufórico, estava louco para dar uma volta na cidade, rever velhos amigos, e
olhar as possibilidades de negócios, para investir suas suadas economias.
Porém, coincidentemente, na sala do café no hotel, ele foi apresentado ao Sr.
Walter, dono do parque de diversões que estava armado na cidade! Começaram a
conversar, e como daqui a dois meses começaria a festa da mocidade, grande
evento anual com 30 dias de duração, ele, inteligentemente, já conhecendo o
grande movimento da festa, propôs a Sr. Walter alugar alguns dos aparelhos por
uns meses, já que o parque seria desarmado na próxima semana, viajando para
outras cidades. Walter o convidou para ir até o parque e lá foram escolhidos,
barquinhos, sombrinha infantil, carrinhos de pedalar e mais quatro barracas que
serviriam para tiro ao alvo, rodas para acertar nas garrafas de bebidas e
cigarros, jogos de dados, jaburu (roleta de bichos), etc., em seguida acertaram
preço, Nadinho bastante tenso, sem ter certeza de bons resultados, mas, com seu
espírito empreendedor e aventureiro, pagou pra ver e fechou o negócio!
Voltou
pra casa, contou a mulher, que achou uma loucura fazer um negócio com coisas
que ele nunca tinha mexido na vida, mas, aceitou, pois confiava no marido e ele
fazia o que queria não ouvindo ninguém. Nisso Nadinho mandou chamar dois
cunhados, Rui e Mituca, Além do pai e o sogro para ajuda-lo nessa empreitada,
que já cabia maiores responsabilidades, e tinha levado quase todas economias
com o pagamento de 50% imediatamente, e o restante depois da festa da mocidade,
que teria que dar lucro, para ele ganhar e ainda pagar sua dívida!
O
pessoal foi chegando, e hospedados no hotel, Nadinho providenciou a licença na
prefeitura para seu modesto parque, comprou tintas e a turma se encarregou de
dar uma boa pintura nos brinquedos, e fazer uma grande placa com o nome “PARQUE
DEMOCRÁTICO”. E assim, chegando a festa o movimento estourava das duas da tarde
até as 22 horas, pois, nesse horário eram desligadas as luzes da cidade que
eram através de motores. Isso deixava Nadinho puto da vida, pois, perdia muitos
fregueses, ficando apenas a turma da jogatina, que ficava nas barracas com
iluminação de lampiões e candeeiros de carbureto. A coisa ia tão bem, que com
uma semana e meia Nadinho já estava com seu dinheiro de volta, ainda um lucro
grande, com expectativa de ganhar muitíssimo mais. Tudo era alegria e satisfação,
ver que sua coragem e ímpeto do parque estava dando certo!
O
fato é que, no final da festa, quando Walter veio para receber o restante do
aluguel, Nadinho fez proposta para comprar os aparelhos, mais uma roda gigante
e uma sombrinha a motor para adultos, desde que Walter lhe desse um prazo. E
como ele foi correto no aluguel, Walter lhe deu o crédito e mais uma vez
fecharam negócio. Muito entusiasmado e corajoso, como já contava com uma equipe
e precisaria de mais outros para os novos equipamentos e outras barracas de
jogos, que na verdade eram o filé mignon do negócio, propôs arrendar o Hotel
Cristal, que foi o seu primeiro empreendimento hoteleiro, antes do segundo que
foi o Hotel Brasil!
Vamos
deixar a continuação para amanhã ou mais tarde, dependendo do tempo que terei
para escrever, pois, toda história está vivíssima em minha mente!
*Escritor,
Historiador, Cronista e Poeta!
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