domingo, 11 de junho de 2023

CONTINUAÇÃO DE NADINHO EM SAMPA! (CLIQUE E LEIA)

 

Antonio Nunes de Souza*

Com seu trabalho de camelô e o sucesso que estava fazendo, veio-lhe a ideia de ampliar as atividades e, prontamente, comprou uma barraca, bolando o seguinte número artístico: Mandou fazer uma caixa com 1 metro quadrado, em cima uma espécie de ringue de box cercado de tela com 80 centímetros de altura, sendo que o piso da caixa era de chapa de metal e em baixo escondidos, cinco candeeiros a querosene, que ficavam acesos durante as apresentações, que consistia no seguinte: Os candeeiros acesos esquentavam a chapa, ai ele colocava um peru dentro do cercado, e o pobre coitado ficava pulando pelas queimaduras nos pés, e ele tocando pandeiro. Aí ele anunciava na porta da barraca que custava 1 mil reis (equivalente hoje a mais ou menos 2 reais) para ver o fantástico peru dançante. E o povo curioso fazia fila para entrar, dando-lhe uma renda diária excelente, que fez com que abandonasse as vendas de camelô. Com esse número, circulou por várias cidades, até que foi descoberto e quase passava por maus bocados. Mas, como bom falante, saiu-se bem!

Mas, vocês pensam que Nadinho tomou jeito? Nada disso! Botou a cabeça para funcionar e aproveitando a barraca resolveu ser: Professor Lebronowisk grande sábio conhecedor do futuro. Ficando ele dentro da barraca, sentado na posição de Buda, com um turbante com uma pedra azul, e uma mezinha com uma bola de vidro, como se fosse de cristal. Na porta um assistente ficava anunciando e cobrando as entradas. Esperto, Nadinho avisava logo aos clientes, que via e sentia as vibrações do passado, mas, nada falava, apenas ele se limitava a dizer o futuro. Lógico que dizer o futuro e só inventar, pois o cliente vai ter que esperar acontecer para comprovar a veracidade. Ele era hábil e esperto, numa época que o povo ainda era puro, e acreditava até em saci Pererê. Mais uma vez foi desmascarado, e teve de acabar com a profissão de vidente. Porém, com essas suas atividades, conseguiu amealhar uma boa grana, resolvendo ir para Santos, comprou um carrinho desses de pipoca em tamanho maior, e sua esposa que era uma exímia cozinheira, passou a fazer feijoada baiana e sarapatel, e ele ia para as imediações do porto, onde o movimento era de 24 horas e, tranquilamente, vendia suas iguarias, que dava um lucro de 100%, sendo um trabalho mais suave e sem enganações. Porém, mesmo se dando bem, com seu espírito aventureiro, deixou o ramo de alimentação, saiu de Santos e mudou-se para Campinas com a mulher e filho, já com 3 anos!

Hospedou-se numa modesta pensão, mas, com certo conforto, e ficou matutando o que passaria a fazer que, minuciosamente, contarei nas próximas crônicas!

*Escritor, Historiador, Cronista e Poeta!

 

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